Quarta-feira, 13 de Agosto de 2025

Cirurgião explica importância do preparo para cirurgia bariátrica

2025-08-12 às 17:23
Foto: Edu Vaz/ D’Ponta News

O programa Manhã Total da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM) entrevistou nesta terça-feira (12) o cirurgião bariátrico e digestivo Fabio Milleo. Na conversa, ele destacou que o maior desafio não está no período após a cirurgia, mas antes da realização do procedimento.

Segundo Milleo, o paciente precisa ter suporte prévio, incluindo acompanhamento psicológico. Ele orienta que a busca não seja apenas por um laudo, mas por autoconhecimento. Também recomenda atendimento com nutricionista para mudança da cultura alimentar e, em alguns casos, acompanhamento com endocrinologista e cardiologista.

O médico ressaltou que a preparação é fundamental, pois há limitações após a cirurgia devido a possíveis intercorrências. “Não pode sair do centro cirúrgico e começar a tomar coca-cola, por exemplo”, disse. Ele lembrou que anos atrás era comum encontrar no intestino do paciente, um dia antes da operação, alimentos como ovo frito ou quirera com suã de porco. “Encontrei várias vezes”, conta, acrescentando que hoje a situação mudou.

Ao ser questionado sobre casos em que recusou a operação, Milleo disse que já aconteceu. “Paciente que quer operar rápido e sem supervisão. Ou segue o protocolo ou eu não vou operar”, afirma. Para ele, é necessário respeitar o tempo do paciente e o trabalho dos outros profissionais envolvidos. O médico relatou que alguns pacientes reclamam do psicólogo que “está enrolando” e não quer liberar a cirurgia. Nesses casos, ele lembra que o momento ainda não é o adequado para o procedimento.

A entrevista também abordou a relação entre cirurgia bariátrica e diabetes. Milleo informou que, após a operação, 93% dos pacientes têm a doença controlada. “Eu sempre cito que prefiro operar um paciente diabético do que hipertenso. Porque o diabetes começa muito mais pelo intestino”, explica.

Ele acrescentou que a cirurgia também contribui para a redução de apneia e hipertensão, com suspensão do uso de medicamentos em 70% dos casos. “A cirurgia trata essas crônico-degenerativas. A obesidade não é uma doença, mas sim um pacote de outras doenças em torno de si”, disse, lembrando que tratar a obesidade é também tratar problemas associados.

Outro ponto abordado foi o consumo de bebidas alcoólicas. Milleo recomenda que o paciente reduza o hábito antes da cirurgia. “É necessário começar a mudar o comportamento. Por que após a cirurgia bariátrica, se tomava 5 cervejas e não ficava bêbado, com a bariátrica com meia cerveja pode ficar mais bêbado, pode acontecer”, explica.

Ele afirmou que a obesidade é reconhecida como doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Pessoa que está com a gordura em excesso, é uma doença reconhecida em qualquer parte do mundo pela Organização Mundial da Saúde”, disse.

O médico reforçou a importância da prática regular de exercícios físicos. “Não adianta hoje fazer 3 horas de exercícios e ficar um mês sem fazer nada”, afirma. Para ele, é melhor manter uma hora por dia de forma constante, aliando o hábito a uma alimentação equilibrada. “Tem que equilibrar também a alimentação, não dá pra ficar comendo de forma exagerada”, destaca.

Milleo recomenda que o paciente cuide da qualidade e da quantidade dos alimentos, estabeleça horários adequados para as refeições e mantenha hábitos que ajudem a preservar o peso.

Veja a entrevista completa: