Por Camila Souza
O programa Manhã Total da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM) desta terça-feira (22) recebeu o médico dermatologista Bruno Mendes, que falou sobre os cuidados com a pele, manchas, linhas de expressão, flacidez e prevenção do envelhecimento precoce.
A entrevista começou com o alerta de que, de forma geral, o principal fator que prejudica a pele é a exposição ao sol. O médico explica que essa exposição favorece o surgimento de manchas, envelhecimento precoce e câncer de pele. “Nossa pele está enferrujando com o tempo e alguns fatores ajudam a envelhecer de forma mais rápida”, afirma.
Além da radiação solar, Mendes destaca outros fatores que aceleram o envelhecimento, como tabagismo, consumo excessivo de álcool, má alimentação e noites mal dormidas. “Alimentos que têm alto índice glicêmico como massas, doces e carboidratos geram muitos radicais livres. Ou seja, sobra muita glicose, açúcar no sangue e isso pode aumentar a oxidação e levar ao envelhecimento precoce”, explica.
O médico também comenta que a genética influencia na saúde da pele. Ele destaca que a região Sul do país, onde há muitos descendentes de europeus, apresenta maior prevalência de certas doenças dermatológicas. Quando iniciou os atendimentos em Londrina logo após a sua formatura, percebeu que naquela região não há muitos casos de rosácea. “Lá não há muito porque é um pessoal da região de São Paulo”, observa.
Por outro lado, em Ponta Grossa e nos Campos Gerais, Mendes atende com frequência pacientes com rosácea. Ele associa a alta incidência ao clima frio da região e à origem de muitos moradores, como holandeses, poloneses, ucranianos e alemães.
O médico afirma que envelhecer é inevitável, mas é possível envelhecer com qualidade. Ele reforça a importância do protetor solar como item essencial. “Muitos estudos mostram que a exposição solar quebra a fibra colágena e a fibra elástica, ela tem esse poder pela radiação UVA e UVB. Com essas fibras quebradas aparece a flacidez, gera rugas e manchas. O protetor é o principal cuidado”, orienta.
Apesar dos danos, ele pontua que a exposição ao sol de forma eventual é benéfica e cita que momentos breves como sair de casa e ir até o carro, por exemplo, já ajuda. “O pouco que você saia no sol já é o suficiente para ativar a vitamina D”, diz. Ele recomenda aplicar protetor nas áreas mais expostas, como rosto, pescoço e dorso das mãos.
Outro ponto abordado é a exposição à luz de telas como as de celulares e computadores. O médico detalha os tipos de radiação: UVA, UVB, UVC, luz visível e infravermelha. Ele explica que UVA e UVB atingem a pele e aumentam os riscos de câncer e envelhecimento. A UVC, por sua vez, não ultrapassa a barreira de ozônio e não causa danos.
Já a luz visível, que inclui a luz de lâmpadas e a do sol, também merece atenção. “Ela pode gerar um pouco de radical livre e indiretamente pode de forma baixa, induzir o câncer de pele. Mas o que essa luz pode fazer de forma direta é a incidência de mancha e aqueles pacientes que têm tendência ao melasma, esse deve se prevenir contra a luz visível”, orienta. Ele recomenda o uso de protetores solares com cor, bases ou pós compactos, já que os protetores sem pigmento não bloqueiam esse tipo de luz.
Durante o verão, Mendes relata que os casos mais comuns são os de melasma e queimaduras. No inverno, crescem os atendimentos por dermatite atópica, especialmente em crianças. “Aparece lesões vermelhas que coçam bastante e é uma pele ressecada”, descreve.
O médico também destaca os efeitos negativos de banhos quentes. “Água por si só já tira a hidratação natural da pele. Já a água quente, banho mais longo e mais uso de sabonete resseca muito a pele no período de inverno e propicia essas dermatites”, alerta.
Ele recomenda banhos curtos com água morna e uso moderado de sabonete, focando em áreas como pescoço, axilas e genitais. Em casos de transpiração excessiva, o uso pode ser ampliado. “Não usar esponjas, buchas e usar sabonetes indicados para a pele”, orienta.
No inverno, o ressecamento labial é comum, causado pelo vento e pela falta de cuidados. “No inverno podemos hidratar com manteiga de cacau que já ajuda e está facilmente disponível. Se a pessoa fica muito exposta ao sol, usar hidratantes labiais que tenham proteção solar, eles não são caros e estão acessíveis”, recomenda.
O médico faz um alerta sobre os perigos da pele ressecada. “A nossa pele blinda o nosso organismo e se a pele está ressecada, aumenta risco de infecção fúngica, viral e bacteriana”, explica.
Para quem sofre com frieiras, ele sugere o uso de meias com separação entre os dedos. “Existem meias que têm espaços para comportar cada dedo, já foi comprovado cientificamente que elas ajudam a diminuir a incidência de infecção fúngica entre os dedos justamente porque os dedos ficam mais separados”, conclui.