Quarta-feira, 21 de Maio de 2025

Dor nas costas pode esconder algo sério, revela neurocirurgião

Neurocirurgião explica causas, tratamento e quando a cirurgia é necessária em casos de hérnia de disco
2025-05-20 às 17:47
Edu Vaz/ D’Ponta News

O programa ‘Manhã Total’ da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM) recebeu nesta terça-feira (20) o neurocirurgião Luiz Henrique Cardoso Pereira, que trouxe esclarecimentos importantes sobre a hérnia de disco e as abordagens mais modernas para o tratamento da condição, inclusive sobre o momento certo de realizar cirurgia.

A hérnia de disco é provocada quando o material gelatinoso do disco intervertebral sai do lugar e pressiona os nervos ou a medula espinhal. Esse deslocamento pode causar dor, formigamento, fraqueza muscular e outros sintomas, dependendo da região da coluna afetada.

O especialista afirmou que a hérnia tem cura, especialmente com os recursos atuais. “Com certeza tem cura, ainda mais agora que temos tratamentos mais avançados”, disse. Segundo o médico, quando o líquido do disco sai do lugar, provoca uma reação inflamatória que o próprio organismo costuma absorver com o tempo. “Por isso, no início do tratamento da hérnia é de forma conservadora para dar tempo do paciente absorver aquela hérnia”, explicou. Ele destacou que, na maioria dos casos, a dor intensa inicial tende a reduzir, mas há situações em que a hérnia não é reabsorvida e, nesse caso, é necessário realizar cirurgia.

Diferenças entre dor ciática e dor por hérnia
Durante a entrevista, o médico também esclareceu dúvidas comuns sobre diferentes tipos de dor nas costas. “A dor no ciático é aquela dor que passa pela perna, joelho e pode ir até o pé. Vai depender do nível da vértebra que pegou, do nervo”, disse.

Já as dores localizadas na lombar, que se irradiam para os glúteos, geralmente estão relacionadas ao desgaste dos discos da coluna. “Temos a dor na hérnia que é de quando extravasa e a dor do disco quando ele achata”, completou.

Estudos indicam que até 80% das pessoas terão algum problema na coluna ao longo da vida, seja por desgaste, musculatura ou hérnia. Mas apenas um terço dos pacientes com hérnia realmente precisará de cirurgia, revela o médico.

Como saber se a cirurgia é indicada
O médico detalhou como é feita a avaliação para definir se o caso exige procedimento cirúrgico. “Se o paciente chegar apenas com dor, a gente faz primeiro uma analgesia com tratamento da parte muscular. Se ele melhorar, fazemos o tratamento conservador com fisioterapia e medicação.”

Mas se houver sinais mais graves, como perda de força muscular, a cirurgia se torna inevitável. “Se o paciente chegou com muita dor e com déficit motor, significa que já está tendo um quadro de fraqueza naquela perna. Aí é um caso grave. Se não operar, o déficit vai ficar com o paciente”, diz.

Atualmente, a cirurgia para hérnia de disco é feita por vídeo e com mínima incisão. “É uma cirurgia que hoje a gente faz por vídeo e fazemos uma incisão de 1 a 2 centímetros para tratar a hérnia. Antes se abria uma incisão de 10 centímetros e colocava parafuso, e hoje não é assim”, explicou. “É uma cirurgia que, se ele faz pela manhã, até o fim do dia já vai embora”, conta.

Cuidados com massagens e alongamentos
O neurocirurgião também alertou sobre riscos em procedimentos caseiros ou feitos sem orientação. “O massagista fazer a liberação miofascial não tem problema, o problema é forçar a coluna querendo estralar. Se a pessoa tiver uma hérnia cervical e fizer isso, o paciente pode ficar tetraplégico, é grave”, alerta.

Outro cuidado importante é com os movimentos inadequados durante crises de inflamação. “Quem tem hérnia e está inflamado, não deve dobrar o corpo para frente na tentativa de estralar. Isso aumenta o extravasamento dessa hérnia”, orientou. Para evitar complicações, o médico recomenda sempre procurar avaliação médica antes de iniciar qualquer tratamento.

Acompanhe na íntegra a entrevista: