No programa ‘Manhã Total’ desta quinta-feira (13), com exclusividade ao D’Ponta News, o Dr. Vinicius Grachinski, médico nutrólogo, explicou o que torna o emagrecimento um desafio para muitos, enquanto engordar pode ser mais fácil do que parece. Segundo o especialista, “É uma série de fatores que explicam isso, não só o fator evolutivo. Hoje precisamos nos locomover, gastar menos energia para conseguir um alimento. Temos alimentos muito mais calóricos disponíveis, então isso levou a quem tem predisposição a ganhar peso a ter um ganho de peso muito rapidamente. Ao mesmo tempo que quando você quer perder peso você precisa dizer não a várias oportunidades”, conta.
O Dr também enfatizou a importância de uma dieta equilibrada e um estilo de vida saudável. “Algo que eu trabalho com os meus pacientes é a ideia de você ter uma dieta saudável e um estilo de vida legal, é para que você possa nos momentos de lazer ir em uma pizzaria sem prejudicar a sua saúde e sem levar a culpa consigo”, pondera.
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OZEMPIC
Em relação aos tratamentos para emagrecimento, o médico comentou sobre o uso do medicamento Ozempic, que tem ganhado destaque na medicina. “O Ozempic foi realmente uma evolução na medicina. Porque antes dessa classe de medicamentos, o arsenal era muito limitado contra a obesidade. Existiam alguns medicamentos mas com efeitos colaterais muito sérios ou com eficácia muito baixa. Essa classe de medicamentos foi a primeira a se equiparar a uma cirurgia bariátrica”, explicou.
Vinicius também detalhou como o Ozempic funciona no corpo humano: “Quando a gente come, o alimento chega em uma parte do intestino delgado. Essa parte do intestino delgado libera um hormônio chamado GLP-1, esse hormônio vai em várias partes do corpo para ter alguma função. Vai aumentar a liberação de insulina, vai lá no centro da minha fome, vai ativar o centro da saciedade, esse hormônio avisa que o corpo tem nutriente, e que não precisa comer. Quando a gente produz, ele dura poucos minutos no nosso corpo, e horas depois você já quer comer de volta. O Ozempic é esse mesmo hormônio com uma outra formação de aminoácidos, que faz durar a sensação de saciedade por uma semana”, expõe.
Ainda sobre o Ozempic, o médico afirmou que o medicamento ajuda na regulação do apetite. “O Ozempic vai fazer você comer menos do que você gasta de energia. Se você vai emagrecer ou desnutrir, vai depender de outros fatores como a qualidade da alimentação e atividade física regular. É um medicamento sensacional, porque ele permite que o paciente que tem uma predisposição à obesidade, consiga fazer essas mudanças e ter um resultado”, pontua.
O Dr. também fez uma reflexão sobre os preconceitos relacionados à obesidade. “A obesidade é considerada uma doença desde 2013. A obesidade é uma desregulação do meu sistema que controla a fome e a saciedade. E geralmente as pessoas tendem a achar que a obesidade é uma fraqueza moral, é preguiça e gula. Quando na verdade, aquela pessoa sente fome, o corpo dela pede comida. Esse preconceito está enraizado”, afirma.
CIRURGIA BARIÁTRICA
Em relação às opções cirúrgicas, o Dr. Grachinski comentou sobre a cirurgia bariátrica, que tem perdido espaço para o tratamento com medicamentos como o mounjaro. “Hoje a bariátrica perde cada vez mais espaço pois agora há um novo medicamento, o mounjaro. Esse medicamento se equiparou com a eficácia da bariátrica. O percentual de perda de peso do mounjaro, é de 25% do peso corporal, similar ao que a bariátrica apresenta”, explicou.
O especialista também falou sobre a indicação de cirurgia bariátrica, destacando a complexidade do processo.“Tem um perfil de paciente que pode se beneficiar, que é aquela pessoa que tem a obesidade e o diabetes tipo 2 que está entrando na insulina, que o pâncreas está parando de produzir. Esse paciente quando faz a cirurgia bariátrica, nesse momento, é possível reverter o uso de insulina. Esse paciente para de precisar da insulina por mais dez anos, por exemplo. É quando a gente chama a cirurgia bariátrica de cirurgia metabólica. Mas essa indicação é extremamente complexa, porque é necessário entender a curva da doença do paciente, e tem que ver se o paciente tentou tratar a obesidade clinicamente por seis meses. Por que a indicação de bariátrica só é feita quando o paciente tentou um tratamento correto por seis meses sem resultado”, conclui.
JEJUM INTERMITENTE
O Dr. também se pronunciou sobre o jejum intermitente, dizendo que é uma ferramenta interessante, mas que deve ser bem indicada e acompanhada de perto. “O jejum intermitente é interessante em alguns casos, mas tem que ser muito bem indicado. Porque o seu corpo não está interessado se você quer perder peso ou usar uma roupa melhor, o seu corpo está interessado em sobreviver e ele tem mecanismos para isso. Muitas vezes que o paciente experimenta dietas restritivas, por muito tempo, a resposta do corpo a essa agressão, é reduzir o metabolismo, o quanto ele gasta”, conta.
NATURAL vs SAUDÁVEL
Por fim, Dr. Vinicius alertou sobre a confusão entre o que é natural, saudável e eficaz para emagrecer. “Há uma grande confusão entre o que é natural, o que é saudável e o que emagrece. Nem tudo que é saudável e natural, emagrece. Se você comer mel, é natural, mas se você comer muito mel, você vai engordar. Esses medicamentos da internet, eu tenho um cuidado muito grande com eles porque muitos deles têm um nome comercial muito legal, mas quando se olha para a composição, não é nada muito novo. Se tem muita propaganda em coisas que já são antigas. Existem alguns que ajudam a perder peso, mas têm efeitos colaterais graves, e a pessoa pode morrer por causa disso”, alerta.