Quinta-feira, 13 de Março de 2025

Médico radioterapeuta esclarece dúvidas relacionadas ao tratamento oncológico no ‘Manhã Total’

Fatores como a obesidade e alimentação inadequada podem propiciar no desenvolvimento do câncer
2025-03-13 às 14:44
Edu Vaz/D’Ponta News

Nesta quinta-feira (13), o programa Manhã Total, do D’Ponta News, recebeu o médico radioterapeuta Gianlucca Correia Mansani, que esclareceu diversos aspectos sobre o tratamento oncológico e a importância da radioterapia na luta contra o câncer. Durante a entrevista, o médico abordou desde as funções de um radioterapeuta até os avanços nos tratamentos de câncer, passando por questões sobre a imunidade e fatores de risco para a doença.

Edu Vaz/ D’Ponta

Gianlucca explicou o papel fundamental do radioterapeuta dentro da equipe de oncologia. “O radioterapeuta é um médico que faz parte da equipe de oncologia para fazer os tratamentos que envolvem radioterapia, tratamentos com radiação”, afirmou. Segundo ele, a radioterapia é uma das principais modalidades de tratamento do câncer, ao lado da cirurgia e da quimioterapia. “No tratamento do câncer, temos três tipos de tratamentos. Os tratamentos cirúrgicos, sistêmicos, que envolvem quimioterapia e imunoterapia, e a radioterapia, essa é a tríade do tratamento oncológico”, explicou.

Ele também destacou que a radioterapia pode ser usada de diferentes maneiras, seja isoladamente para tumores simples, ou em combinação com outros tratamentos em casos mais avançados da doença. “Podemos usar a radioterapia como tratamento isolado para tumores simples que logo o problema está resolvido. Assim como eu posso usar a radioterapia naquele paciente que a doença está muito avançada e a radioterapia vai ser usada para tirar um sintoma, por exemplo”, disse.

QUIMIOTERAPIA E RADIOTERAPIA
Em relação à diferença entre a quimioterapia e a radioterapia, Gianlucca fez um esclarecimento importante: “A quimioterapia é um tratamento sistêmico, ou seja, é um remédio que vai ser injetado na veia, na maioria das vezes, ou ainda ele pode ser oral. Esse remédio vai circular na corrente sanguínea desse paciente atuando em todo o corpo. Ele vai matar as células tumorais do tumor original, mas também qualquer outra célula tumoral que esteja circulando pelo organismo daquele paciente”.

Já a radioterapia, de acordo com ele, é um tratamento localizado, agindo apenas no tumor ou lesão específica. “A radioterapia é usada para matar o tumor primário ou para matar uma lesão metastática, mas somente naquele foco. A radioterapia é um tratamento focal, ou seja, local, e que não vai atuar em todo o corpo”, conta.

IMUNIDADE
Outro ponto abordado foi a imunidade e o impacto do sistema imunológico no desenvolvimento do câncer. “A imunidade é um fator determinante. Pacientes que têm alteração no sistema imune têm chances maiores de desenvolver câncer”, afirmou.

Ele também explicou que todos nós formamos células cancerígenas constantemente, mas estas só se tornam um câncer se o sistema imunológico não for capaz de eliminá-las, ou se o estilo de vida ajudar nesse processo. “Todo dia no nosso corpo, nós formamos células cancerígenas. Mas as células só vão virar um câncer só se o nosso corpo não tiver imunidade suficiente para eliminar. Ou se ajudarmos no desenvolvimento com o estilo de vida que levamos”, explicou.

DICAS
Falando sobre como melhorar a imunidade, o médico destacou a importância de hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e atividade física regular. “Alimentação saudável é essencial. Evitar alimentos ultraprocessados, bebidas alcoólicas e cigarro. Além disso, é crucial fazer atividades físicas, pelo menos, 150 minutos por semana. Atividade de leve a moderada. É bom também consumir carne magra, evitar os excessos, como a carne vermelha por conta da gordura”, citou.

AUMENTO DO ÍNDICE DE CÂNCER NO BRASIL
O aumento dos casos de câncer também foi abordado por Gianlucca, que apontou alguns fatores para esse crescimento. “Temos visto um aumento do câncer. Em 2013, houve 50 mil casos de câncer de mama no Brasil. Esse ano, a expectativa é de que haja 70 mil casos de câncer de mama no Brasil”, comentou, atribuindo o aumento a uma combinação de fatores, como o envelhecimento da população e a obesidade. “Outro fator é a obesidade, quase metade da população é considerada obesa. A obesidade traz todo esse problema, falta exercício físico, alimentação incorreta, com muito açúcar. Outro fator é a exposição ambiental a poluentes no ar”, disse.

AVANÇOS
Por fim, Gianlucca comentou sobre os avanços no tratamento e na cura do câncer, afirmando que, embora a cura não seja garantida para todos os casos, as taxas de sobrevida têm melhorado significativamente. “A cura do câncer vem ano após ano melhorando as taxas de cura. O que tem aumentado também é a sobrevida dos pacientes. O que se tem visto são pacientes que têm uma doença que não é considerada curável mas que vivem de 15 a 20 anos com a doença. Muitas vezes eles fazem um tratamento que não afeta muito a qualidade de vida”, concluiu.

Acompanhe a entrevista completa: