Entre 2015 e 2023, o câncer de ânus causou a morte de 6.814 pessoas no Brasil, conforme dados revelados pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) nesta segunda-feira (3/2). A doença, frequentemente associada à infecção por HPV, tem registrado um aumento constante na incidência, com um crescimento médio anual de 4%.
O HPV, amplamente conhecido pela relação com o câncer de colo de útero, também está envolvido em outros tipos de tumores, como os de garganta, pênis, vagina e ânus. O levantamento da SBCP ainda indicou que cerca de 38 mil internações por câncer anal ocorreram nos últimos dez anos. Embora represente apenas 2% dos casos de câncer colorretal, a doença tem se tornado uma preocupação crescente para especialistas.
Fatores como a diminuição do estigma em torno do sexo anal desprotegido e a maior longevidade de pessoas com HIV, que apresentam maior vulnerabilidade a infecções graves do HPV, são apontados como responsáveis por essa elevação.
Para combater a propagação do HPV, a vacinação em larga escala é destacada como a medida mais eficaz. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina gratuitamente para meninas e meninos de 9 a 14 anos, além de outros grupos prioritários. Embora o número de doses aplicadas no público masculino tenha aumentado 70% entre 2022 e 2023, ainda há uma diferença significativa na cobertura, com os meninos tendo uma taxa 24 pontos percentuais menor que as meninas.
O câncer de ânus pode ser assintomático nas fases iniciais, e seus sintomas, como sangramentos, dor, coceira e nódulos, são facilmente confundidos com problemas como hemorroidas. Isso dificulta o diagnóstico precoce, que é crucial para o sucesso do tratamento. Exames de rastreamento, como a pesquisa de sangue oculto nas fezes e a colonoscopia, são essenciais para detectar a doença mais cedo.
O tratamento do câncer anal varia conforme o estágio da doença e pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia. Em casos avançados, a combinação de quimioterapia e radioterapia antes da cirurgia aumenta as chances de controle do tumor.
Informações: Metrópoles