Na última semana a Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito no Baixo-Alentejo em Portugal, preparou um almoço vínico para a imprensa e convidados na Casa de Talhas, para o lançamento das últimas safras.
A Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito (ACVCA) foi fundada em 1960, mas a sua cronologia vai muito além dos seus mais de 60 anos de existência. Foi criada para proteger a vinha, o vinho e o estilo de vida milenar desta sub-região de vinhos e aportar ainda mais renome e qualidade aos vinhos produzidos na região, como também se esforça intensamente para manter e proteger as castas e as técnicas de produção.
Entre as castas (uvas) autóctones se sobressai na localidade, a Antão Vaz. Esta uva é legitimada como a casta da Vidigueira e musa inspiradora da Adega, dá origem a um vinho branco excepcional cuja notoriedade lhe vale o título de «O Branco do Alentejo». Além dela outras castas contribuem para a especificidade dos vinhos da região como: Aragonez, Trincadeira, Alfrocheiro, Castelão, Moreto, Syrah e Alicante Bouschet (castas tintas), e Perrum, Roupeiro, Manteúdo e Arinto. Até hoje, é apenas na sub-região da Vidigueira que se podem encontrar vinhas velhas da casta Antão Vaz , uma casta autóctone mantida pelos produtores da região e produtora de um vinho único.
A região da Vidigueira, onde está localizada a ACVCA, situa-se no coração do Alentejo, ladeada a norte pela Serra do Mendro, a leste pelo Guadiana, a sul e a oeste pelas planícies. A Cooperativa conta com uma produção aproximada de 6 milhões de litros de vinho por ano e 8 milhões de quilos de uva por vindima, resultado da exploração de cerca de 1500 hectares de vinha dos seus cerca de 300 sócios, a ACVCA investe em tecnologia e aperfeiçoamento constante o que a torna hoje uma moderna e proeminente adega.
Durante o encontro os convidados foram recepcionados com o Vidigueira Vinho de Talha (branco), elaborado com uvas das castas brancas tradicionais: Antão Vaz, Roupeiro, Manteúdo, Diagalves, Larião e Perrum, algumas delas quase em extinção, na sequência, foram guiados pelo Presidente da Cooperativa, o Engenheiro Agrônomo José Miguel Almeida, pelas dependências da Adega onde foram explicados cada processo realizado pela empresa, na conclusão do tour, a recepção para o almoço foi na elegante Casa de Talhas, uma estrutura anexa preparada para receber convidados, com uma decoração encantadora e onde também se realiza workshops vínicos e provas. No total foram 12 rótulos degustados e harmonizados no almoço servido à francesa e pratos elaborados com produtos locais:
Entrada
Uvas, queijo de Serpa e pão da Vidigueira com água e mel picante.
Harmonização:
Vidigueira Antão Vaz 2021
Peixe
Polvo assado com purê de abóbora e espinafres salteados.
Harmonização:
Vidigueira Superior Branco 2020
Vidigueira Grande Escolha Branco 2020
Vidigueira Reserva Branco 2019
Carne
Borrego assado no forno com batatas.
Harmonização:
VDG Tannat
Vidigueira Reserva Tinto 2019
Sobremesa
Crumble de maçã e nozes com sorvete e crocante de caramelo salgado.
Harmonização:
Vidigueira Licoroso Branco 2019
Vasquinho Licoroso Tinto
Aguardente Vínica Velha
A ACVCA já possui um portfólio reconhecido com grandes produtos e a novidade que destaco no artigo de hoje, foi a apresentação do VDG Tannat. Para nós da América do Sul a Tannat é comum por ser a casta emblemática do Uruguai, porém, nessa região de Portugal não se trata de uma casta comum e recentemente foi iniciado o cultivo. Segundo o Presidente, a observação da Tannat tem sido realizada a algum tempo e, portanto, resolveram trazê-la para o micro-clima da Vidigueira devido às suas características, entre elas a carga de tanino elevada e uma acidez elevada natural. O objetivo é analisar como ela se comportará no terroir local que é totalmente diferente do Uruguai. Nessa região do Baixo Alentejo o clima é bastante quente no verão, com alguma pluviosidade e, para a equipe a primeira colheita teve um bom resultado, porém, as observações continuam “vamos analisar o comportamento em garrafa, sua evolução e vamos ver também como será o comportamento de vários anos climáticos nessa casta”, destacou o Presidente José Miguel de Almeida. O VDG Tannat servido durante o almoço com sua coloração violácea escura, apresentou aromas de frutas negras, especiarias, no paladar complexidade e notas de chocolate amargo, com leve toque defumado, além de taninos obviamente presentes e final persistente (estagiou durante 10 meses em barricas de carvalho francês).
No século XIX, Vidigueira, Vila de Frades, Cuba e Alvito faziam já parte da sétima região vinícola do país e a Adega Cooperativa Vidigueira, Cuba e Alvito contribui fortemente para manter as tradições, fortalecer a produção local e comercializar os rótulos produzidos com excelência para o mercado interno e também para exportação.