Sexta-feira, 26 de Abril de 2024

Grupo da minissérie ‘La Casa de Comédia’ diz que a ideia agora é “ir além e deixar o trabalho mais profissional”

2020-02-22 às 11:49

Saiba como surgiu, o que pensa e quais são os planos do grupo Comédia de Ponta, nome por trás da minissérie ponta-grossense ‘La Casa de Comédia’, que já conta com mais de 60 mil visualizações na internet

Por Michelle de Geus | Foto: Divulgação

Assalto, tiroteio, sequestro e três bandidos atrapalhados. De forma resumida, esse é o roteiro da minissérie La Casa de Comédia, a primeira produção do gênero escrita e gravada em Ponta Grossa. Os responsáveis pelo trabalho são os humoristas Guilherme Augusto, Diego Sauka e Cleverton Pereira. Juntos, eles formam o trio Comédia de Ponta, que desde 2018 se apresenta em teatros, barzinhos e eventos privados.

“Desde criança, eu sempre gostei de fazer as pessoas rirem. Eu era o engraçadinho da turma”, lembra Guilherme. A vontade de se tornar comediante se manifestou em 2013, depois que ele assistiu a um show do humorista Jonathan Nemer. “Quando eu cheguei em casa, orei e pedi a Deus que me confirmasse se era isso que Ele queria para a minha vida. Depois de dois minutos, o pastor da minha igreja me mandou uma mensagem perguntando por que eu não começava a fazer stand-up comedy. Ali eu entendi que era para ser isso mesmo”, recorda.

Foi o próprio Guilherme quem deu o pontapé inicial para que Diego iniciasse a carreira como humorista. Os dois estudaram juntos e são amigos desde a infância. “O Gui me convidou para fazer uma participação de cinco minutos no show dele. O pessoal gostou bastante, e eu saí de lá depois de 15 minutos”, conta.

Em 2018, os dois iniciaram o projeto ‘Convite à Comédia’, junto com outros humoristas – entre eles, Cleverton. A afinidade entre os três foi imediata. “O stand-up foi, com certeza, uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida. As pessoas que me conhecem desde criança não se surpreendem quando descobrem o que eu faço hoje. Ou elas mentem quando dizem ‘eu sabia que ia dar nisso’”, revela, aos risos.

“A piada sempre tem um alvo ou alguém que vai se sentir ofendido. Se você deu risada de uma, perde toda a razão ao criticar outra” (Diego Sauka)

Estilo
Cada integrante do Comédia de Ponta tem um estilo diferente de fazer comédia, que se complementa com os demais no palco. Cleverton, por exemplo, é adepto de um humor mais pesado, que pode até assustar quem assiste ao comediante pela primeira vez. “Quando eu tinha nove anos, meu pai sofreu um acidente de trabalho e morreu queimado. Eu sempre tive muita dificuldade de falar sobre o assunto, mas no Dia dos Pais de 2019 fiz um show só sobre isso, e foi libertador”, conta.

Para Guilherme, existe uma linha que os comediantes não devem ultrapassar. “Eu, por exemplo, detesto piadas envolvendo Deus ou figuras santas. Na minha opinião, com coisas sagradas não se deve brincar”, afirma. Diego alerta que é preciso tomar cuidado com a hipocrisia. “A piada sempre tem um alvo ou alguém que vai se sentir ofendido. Se você deu risada de uma, perde toda a razão ao criticar outra”, provoca.

“Eu detesto piadas envolvendo Deus ou figuras santas. Na minha opinião, com coisas sagradas não se deve brincar” (Guilherme Augusto)

La Casa de Comédia
Um dos maiores sucessos do grupo foi a minissérie La Casa de Comédia, lançada em novembro de 2019. A ideia surgiu quando os comediantes gravaram uma paródia em homenagem ao aniversário de Ponta Grossa. A música escolhida foi “Bella Ciao”, tema da aclamada série La Casa de Papel. O programa dos ponta-grossenses conta a história de três humoristas que decidem invadir a Lojas MM e sequestrar a Xicória, mascote da rede, para pedir um resgate em dinheiro e fazer um show de stand-up.

Durante as filmagens, eles passaram por vários sufocos – e por pouco não foram presos. O susto aconteceu enquanto gravavam a cena do assalto ao caminhão da Lojas MM, em uma rua tranquila atrás do depósito da rede no bairro da Ronda. Todas as pistolas e armamentos utilizados pelo grupo tinham a ponta vermelha para identificar que não são armas reais, mas isso não foi o suficiente para evitar confusão. “Os carros e as pessoas que entravam na rua imediatamente viravam e iam embora com medo”, comenta Guilherme.

Até mesmo policiais militares ficaram em dúvida se aquilo era um assalto real ou apenas uma gravação. “Quando estávamos finalizando a cena, um carro foi se aproximando bem devagar e, quando parou atrás de mim, percebi que era um policial militar à paisana. Ele contou que não sabia se dava voz de prisão ou se já descia atirando”, recorda.

Hoje o La Casa de Comédia acumula mais de 60 mil visualizações no Facebook. “Eu não esperava que a minissérie tomasse a proporção que tomou, mas eu sabia que seria algo grande”, confidencia Cleverton. Ele acredita que o sucesso se deve ao fato de as pessoas se identificarem com elementos relacionados à cidade. “Ouvir uma piada em um filme qualquer pode até fazer rir, mas escutar um ‘pare, tongo véio’ não tem preço”, diverte-se.

“Este ano a gente quer ir mais longe e deixar o trabalho [La Casa de Comédia] mais profissional” (Cleverton Pereira)

Nova temporada
Sem revelar maiores detalhes, Guilherme adianta que já começou a surgir o desejo de fazer uma nova temporada da minissérie em 2020. “Este ano a gente quer ir mais longe e deixar o trabalho mais profissional”, revela. A agenda de shows já está aberta, inclusive para apresentações em outros municípios dos Campos Gerais. O trio também se prepara para o terceiro ano do projeto ‘Convite à Comédia’, com shows gratuitos no Cine-Teatro Ópera.