Sexta-feira, 19 de Abril de 2024

Campanhas políticas pela internet aquecem mercado de audiovisual

2020-08-05 às 11:43

Com as campanhas políticas cada vez mais voltadas para as redes sociais, o mercado de audiovisual começa a aquecer. A afirmação é do músico e compositor Bortolo Dell Anhol Jr, mais conhecido pelo apelido de Boró, sócio-proprietário da produtora All Songs. Com 30 anos de experiência no mercado de audiovisual, Boró foi o responsável pela produção de mais de 400 jingles, entre campanhas políticas, produtos e serviços.

“Antigamente, o candidato trabalhava muito em função do tempo de tv para saber o tamanho da campanha que ele iria fazer. Hoje, é o candidato quem define o tempo que ele quer fazer na internet e nas redes sociais. O candidato que quiser mostra a sua cara vai ter que mostrar mais material”, comenta Boró. Ele acrescenta que a possibilidade de fazer mais tempo de campanha usando diversos meios de comunicação, demanda mais investimentos em músicas, vídeos e outros materiais. 

O músico acredita que as redes sociais mudaram as formas de fazer campanha política e exige que os candidatos se adaptem a essa nova realidade. “Não dá para você pensar uma campanha da forma antiga, você tem de usar as técnicas da internet. É impossível o candidato pensar na música isolada, ou vai ter a imagem dele falando ou uma animação gráfica. É tudo amarradinho”, diz.

Para Boró, o trabalho do publicitário vai ser mais necessário do que sempre foi para encontrar as melhores formas de mostrar o candidato e as propostas. “O eleitor tem menos paciência e está cada vez mais exigente. Você tem que ganhar a atenção das pessoas pelo humor, pela qualidade do marketing, pela sacada bem-feita”, exemplifica.

O que faz um bom jingle? 

“A principal característica de um bom jingle é ter um bom candidato”, enfatiza Boró. Ele acredita a campanha apenas mostra o que o candidato é. “A propaganda boa só espelha um produto bom. A campanha tem que ter uma boa proposta e, principalmente, o candidato tem que saber o que ele vai expor para o público”, frisa.

Criação não é um trabalho rápido 

De acordo com o músico, um jingle de 30 segundos demora cerca de cinco horas para ficar pronto. “Evidentemente, quanto mais horas de edição, mais instrumentos, mais vozes, mais elementos e mais mixagem, vai ficar melhor o material. É lógico que o valor vai modificando conforme a quantidade de horas”, explica.  

A polêmica das paródias

Além refrãos marcantes e que parecem grudar na cabeça, os jingles também costumam utilizar paródias e músicas já conhecidas do público ganham uma nova letra para apresentar as propostas do candidato. “Eu sou totalmente contra as paródias. Para início de conversa, você está usando algo que já tem dono e usufruindo do trabalho de outra pessoa. É maldade você usar a música de alguém sem pagar os direitos devidos. Eu acho desleal”, afirma Boró. Ele incentiva os candidatos a investirem em materiais inéditos como forma de diferenciar as suas campanhas.

Imagens: Reprodução/Facebook