‘Dois mil e vinte e dois’ se apresenta repleto de incertezas, promessas e esperança. Para descobrir o que se pode esperar para esse próximo período, a revista D’Ponta entrevistou especialistas, intelectuais e doutores em nove áreas do conhecimento e publicará os conteúdos ao longo dos próximos dias.
O impacto das eleições para presidente, governadores, deputados e senadores será um definidor importante em quase todas as esferas. De igual modo, é imperativo saber quais serão as medidas para conter a Covid-19, assim como as consequências para a saúde mental que a pandemia vai nos deixar.
A perspectiva sobre o cenário econômico requer também um olhar mais aprofundado sobre agricultura, tecnologia, educação e meio ambiente. Além disso, fomos em busca de informações para traçar o futuro do Operário Ferroviário Esporte Clube. Não se trata de um exercício de vidência ou adivinhação, mas apenas perspectivas e projeções a partir de visões baseadas em fatos e na ciência.
MEIO AMBIENTE
“Difícil antecipar projeções para 2022 no tema meio ambiente. Seria adivinhar a resposta de uma equação com muitas variáveis, que vão desde eleições até respostas da natureza aos impactos da ação humana. Mais viável tentar apontar quais deveriam ser as prioridades, no intuito de evitar sombrias projeções, já feitas há anos.
A COP26 fracassou em firmar compromissos com relação à emissão dos gases estufa. Analistas mais sinceros declaram: o problema não são os gases estufa e o clima, o problema é o capitalismo predatório. A solução seria migrar para outro sistema econômico, em que a cupidez do ser humano não fosse estimulada, mas aplacada. A ambição e a cegueira moral e ecológica dariam lugar à solidariedade.
Temendo a crise hídrica, aprenderíamos a proteger as unidades de conservação, os mananciais superficiais e subterrâneos, reconheceríamos o quanto a Amazônia é crucial, como fonte dos “rios voadores”, para a água do restante do Brasil. Ignorar isso é sabotar o país. E temendo o vírus final, aquele contra o qual não haveria vacina, promoveríamos a inclusão social, resgatando os famintos de sua malsã condição. Não fazê-lo seria colocar toda humanidade em risco. As pandemias são o desenlace da desfaçatez social e ambiental somadas.”
Mário Sérgio de Melo, geólogo, professor aposentado do Departamento de Geociências da UEPG
Mário Sérgio de Melo, geólogo, professor aposentado do Departamento de Geociências da UEPG