Um fator determinante para a manutenção da saúde do ser humano é a qualidade da alimentação, que fornece os nutrientes para o organismo. Mas além da composição, outro ponto que é cada vez mais discutido por quem se preocupa em ter uma vida saudável, é a origem do alimento, já que os produtos usados no processo de cultivo também podem interferir na saúde.
A nutricionista Larissa Trentini explica que a estrutura dos alimentos é a mesma, independente do cultivo. “Não existe diferenças nutricionais entre produto orgânico e um não orgânico. Até porque o agrotóxico não atinge uma matriz nutricional, então ele não modifica a estrutura do alimento”, conta Trentini. A nutricionista destaca, porém, que é importante prestar atenção em outros detalhes, para além da ingestão de nutrientes. “Pode-se pensar, erroneamente, que não existam vantagens para se consumir o produto orgânico, mas daí nós batemos com alguns dados que infelizmente não são tão legais”, comenta Trentini.
Saúde
Segundo a nutricionista, especialista em Vigilância Sanitária, Nutrição Clínica Integrativa e Materno Infantil, existem muitos estudos em diferentes países que relacionam o consumo contínuo de alimentos submetidos a quantidades indiscriminadas de agrotóxicos a problemas de saúde. Há, por exemplo, estudos que já correlacionaram o consumo de alimentos com agrotóxicos a problemas intestinais, infertilidade, déficit de atenção, entre outros.
“Claro, ainda são estudos, mas a gente consegue perceber que o uso indiscriminado de agrotóxicos está impactando de uma maneira geral na saúde da população. Hoje consegue-se encontrar agrotóxicos até no alimento mais perfeito, que é o leite materno. Amostras de leite materno já se encontram contaminadas por esses agrotóxicos. Então isso nos sugere que o organismo não consegue sintetizar e excretar esse agrotóxicos, que acabam ficando acumulados ao longo de uma vida, o que pode estar causando diversos males”, comenta Larissa.
A nutricionista lembra ainda que o Brasil é o campeão no uso de agrotóxico em todo o planeta Terra, além de ser líder em variedade de agrotóxicos e pesticidas. Situação que coloca em risco a saúde humana e também do meio ambiente, já que as produções em monocultura exploram o mesmo nutriente da terra repetidamente, empobrecendo o solo. Diferentemente, na produção orgânica há rotatividade de plantas, respeitando o tempo de cada safra ao longo do ano, sem ‘forçar’ nenhuma cultura.
Proximidade
E apesar de alimentos orgânicos não serem tão acessíveis em muitas regiões do país, quem mora nos Campos Gerais encontra o alimento com mais facilidade. “Nós de Ponta Grossa somos favorecidos por termos tantos produtores orgânicos próximos, se você vai pra uma capital a diferença é muito maior do que a que temos aqui”, salienta a nutricionista.
Bruno Bauer é um desses produtores locais, responsável, juntamente com a irmã Elisa, pela Chácara Maria Emília, localizada em Ponta Grossa, mas que atende clientes em outras cidades do Paraná. Bruno conta que, normalmente, o público que procura pelos orgânicos é bem informado e preocupado. “Muitos clientes já estão antenados no benefício dos orgânicos para nosso corpo, ou melhor, o malefício do convencional para nosso corpo. Muitos produtos aplicados no cultivo convencional contêm metais pesados que nosso organismo não processa. Aí comendo todo dia um pouquinho, que teoricamente não faz mal, vai dar o problema depois de 10, 15 anos”, comenta
Na propriedade da família Bauer todos trabalham ‘junto com a natureza’. “No cultivo usamos somente adubos orgânicos como esterco de frango e gado. Composto de cogumelos, cinzas e rochas moídas, além dos produtos biológicos usados para atacar as pragas e doenças”, detalha o agricultor.
Além da diferença no cultivo, os alimentos orgânicos são certificados por auditoria por uma empresa credenciada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Os produtos orgânicos podem ser rastreados desde a origem até o consumidor final. Quem compra orgânico pode saber do processo todo com o código de rastreio, qual adubo foi usado , onde foi produzido, quando foi plantado, colhido e processado, se for o caso. E como,geralmente, é produzido por pequenos agricultores, a logística é rápida. Direto do produtor para o destino final, chegando um produto mais fresco”, explica Bauer