O candidato a deputado estadual Leandro Chrestani, do Solidariedade, explanou sua plataforma de campanha e comentou suas propostas em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta terça (20).
Sargento da reserva da Polícia Militar, o ponta-grossense de 44 anos, desincompatibilizado do cargo, exerce atualmente o mandato de vereador na Câmara Municipal de Campo Largo (PR). Leandro conta que atuou como PM por 20 anos no município de Campo Largo, onde, nos últimos três anos de atividade, comandou um Destacamento, no Distrito de Ferraria, também em Campo Largo.
Esse Destacamento abrange uma população de 35 mil pessoas, distribuídas em 23 bairros e quatro colônias. “Era um distrito extremamente violento. Quando assumi o comando do Destacamento, fiz um trabalho social e uma polícia de aproximação. Não me preocupava com 5% da população que já era marginalizada e conseguia manter 95% das pessoas que não eram marginalizadas”, comenta. Nesse período, o sargento desenvolveu um trabalho social, em festas beneficentes que reuniam cerca de 450 crianças e adolescentes.
“Quando surgiram as composições partidárias, em 2020, todos os candidatos a prefeito vieram me convidar, porque meu nome estava em alta na região. Fiz uma pesquisa dentro da comunidade e todos falaram que eu deveria, realmente, assumir a função como vereador, para dar continuidade ao projeto de políticas públicas e sociais”, relata.
O sargento afirma que, dentro da PM, sua ação era limitada aos projetos que podia desenvolver em datas específicas: Natal, Ano Novo e Dia das Crianças. “Precisava que o projeto fosse continuado para o ano todo, para que as crianças tivessem esse amparo o ano todo. Não só eles, mas os adolescentes e os idosos. E isso me levou a uma candidatura”, complementa.
Leandro salienta que não pensava em política, até então, e que abdicou da carreira na PM, em que poderia, ainda, obter mais duas ascensões. “Saí candidato sem estrutura, sem um grupo, sem condições. Inclusive, falavam para mim, durante a campanha, que eu não iria ser eleito em Campo Largo, porque lá nunca teve um policial militar eleito. Tive essa honra de representar a população e sou o primeiro policial militar eleito na história do município, em 152 anos de emancipação política”, diz.
O candidato destaca que toda a sua família, tanto os pais, quanto os irmãos e os tios, mora em Ponta Grossa, onde ele nasceu. A esposa mora em Ponta Grossa, com os filhos, onde ela mantém um comércio e Leandro desenvolve sua atividade legislativa e profissional em Campo Largo. “Quando surgiram as composições partidárias, agora, para candidato a deputado estadual, fiz a mesma coisa: levei até a comunidade e a própria população falou: ‘precisamos de um representante da região dos Campos Gerais, Balsa Nova, Campo Largo, Campo Magro, que não temos representante’.”, relata.
Hoje na reserva remunerada, Leandro conta que não chegou a atuar como PM em Ponta Grossa. Na época em que ainda morava por aqui, ele trabalhou na Batavo, quando ocorria a transição entre a Batavo e a Parmalat (Batávia S/A). Foi aluno do Colégio Regente Feijó e, posteriormente, se formou técnico em Alimentos, no antigo Cefet (hoje UTFPR), em 1998 e, logo em seguida, passou a trabalhar no laboratório central da empresa de laticínios em Carambeí, no setor de controle de qualidade de embalagens e laticínios.
Depois, serviu por três anos na Força Aérea Brasileira e ingressou na Polícia Militar em 2001. Também se gradou em Direito, na antiga faculdade União, e fez especialização em Segurança Pública. “Toda minha base estrutural e familiar está em Ponta Grossa. Conheço também os problemas da região de Ponta Grossa, assim como conheço os de Campo Largo”, diz.
Na visão de Leandro, o político precisa, mais do que ser da região onde capta votos, estar na região e compreender as necessidades daquele lugar. “Às vezes, o candidato até é da região, mas sabe que não consegue fazer um trabalho pela região. Só preciso dessa oportunidade para mostrar que realmente podemos fazer a diferença”, ressalta.
O Solidariedade, partido ao qual Leandro é filiado, é relativamente recente. Foi criado há oito anos e tinha como presidente, na ocasião, o ex-deputado Márcio Pauliki. “Hoje, a composição é feita pelo Luizão Goulart, que foi prefeito de Pinhais e hoje é deputado federal e concorre à reeleição. Quando foi prefeito de Pinhais, foi considerado o melhor prefeito do Brasil e reeleito com 94% dos votos”, destaca.
O candidato hoje preside o Solidariedade em Campo Largo, enquanto Goulart é presidente do Diretório Estadual. A sigla trabalha para ampliar sua base eleitoral e tem a perspectiva de eleger dois deputados estaduais, ou até três, na “sobra das cadeiras”. Hoje, não há nenhum deputado do partido na ALEP.
“Quem está na ponta do Solidariedade hoje é a Marli Paulino, prefeita de Pinhais, sucessora de Luizão. Ela também é candidata a deputada estadual e carro-chefe do partido”, diz. Eleita duas vezes consecutivas para o Executivo, a projeção é a de que Marli obtenha uma boa votação em Pinhais. “Teoricamente, ela leva a legenda e nós estamos logo abaixo, na paridade de disputa com a segunda e terceira cadeiras”, complementa.
O candidato diz que gosta de fazer política, não politicagem e que, entre as coisas que mais ouve nas ruas, durante a campanha, são os eleitores perguntando se ele tem chances de ganhar, antes mesmo de parar para ouvir seus projetos e bandeiras. “Digo, com todas as letras, que sim. O que me empolgou na campanha foi que, hoje, meu partido tem condições de eleger e minha votação não precisa ser muito grande. Preciso de todos os votos possíveis, mas sei onde minhas pernas conseguem alcançar”, emenda.
Leandro recebeu R$ 86.042,08 de Fundo Eleitoral, do Diretório Estadual do Solidariedade. O montante compõe 100% de suas receitas de campanha declaradas junto ao Divulgacand. O candidato acredita que o Fundo Eleitoral deveria ser distribuído em cotas igualitárias entre os partidos. “Numa guerra, você coloca todos os soldados com as mesmas armas e as mesmas munições. Vai conseguir chegar ao front, lá no final, quem tem o melhor desempenho. Se o Fundo Partidário fosse distribuído em cotas iguais para todos os candidatos, independente se ele tem viabilidade numa eleição ou não, acredito que a eleição seria muito diferente”, avalia.
O postulante à ALEP reconhece que a diferença de sua candidatura em relação aos “grandes caciques” é ainda ter uma estrutura partidária pequena. O Solidariedade, no entanto, passou na chamada “cláusula de barreira” e tem 20 parlamentares no Congresso Nacional e, por enquanto, nenhum deputado estadual no Paraná.
“Não precisa ter milhões de reais para ganhar uma eleição. Hoje, precisa de trabalho e externar esse trabalho”, analisa.
A proposta do Solidariedade é compor uma “nova política, sem os vícios da velha política e fazer uma composição de um grupo novo, com pessoas novas”.
Segurança Pública
Com 20 anos de atuação na Polícia Militar, Leandro traz a segurança pública como mote principal de sua campanha eleitoral. “Meu primeiro projeto de lei aprovado em Campo Largo foi a Patrulha Maria da Penha. Vim visitar o município de Ponta Grossa e levei os mesmos moldes para Campo Largo. Aqui em Ponta Grossa, trabalham de forma brilhante”, pontua.
Nascido e criado em Ponta Grossa, Leandro afirma ter vários amigos que, hoje, atuam junto à Guarda Municipal e na Prefeitura, que contribuíram para que ele levantasse informações sobre a atuação da Patrulha Maria da Penha, a fim de estender o projeto a Campo Largo e a outras regiões.
Saúde
Em sua atuação como vereador, teve oportunidade de levantar informações sobre a UPA de Campo Largo para o Ministério Público, porque o equipamento de saúde tinha denúncias de irregularidades e várias reclamações. Uma delas era a respeito de uma criança que aguardava há sete horas por atendimento e não tinha passado sequer pela triagem, sem acesso a banheiro, água e comida nesse intervalo.
“Fui até a direção da UPA, conversamos, levei a informação para o Conselho Tutelar e até o Ministério Público. No dia seguinte, já tinha pediatra e fila prioritária para criança e idoso que, no dia que eu fui, não tinha. Fizemos a indicação das fitas, segundo as normas de Manchester, mas não podia usá-las por serem patenteadas, então usamos os graus de risco. Foi implantado o grau de risco na UPA em Campo Largo, o que facilitou bastante a fila de espera”, diz.
Entre janeiro e fevereiro deste ano, a média de espera por atendimento na UPA de Campo Largo era de seis horas, podendo chegar a 10 horas. A adoção do novo sistema agilizou o atendimento, de forma mais dinâmica. “A prioridade da saúde é algo que levo muito em consideração. Como vereador de um município de médio porte, na época da pandemia, levei R$ 400 mil para o município, pois precisávamos manter a Saúde. Nossa ideia é fazer a reestruturação das UPA, porque sabemos que dependem de verba estadual. Não só em Campo Largo, mas em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, onde pudermos estruturar uma UPA, certamente faremos”, indica.
Ainda nessa área, o candidato afirma ter conhecimento da situação crítica enfrentada pelo SAS (Serviço de Assistência à Saúde, para servidores do Estado do Paraná). “É um serviço que deixa muito a desejar e não dá o atendimento necessário aos funcionários públicos do Estado. Essa vai ser também uma das minhas bandeiras: a reestruturação do SAS, para que ele dê um serviço de qualidade. Tenho a certeza de que precisa melhorar muito. Hoje, o SAS está com uma defasagem muito grande de profissionais e de estrutura. É um serviço que foi lançado de forma que não atendeu às expectativas do funcionalismo público”, avalia Leandro, que considera que reestruturar o SAS contribuir para desafogar o SUS.
Educação e emprego
Como ex-aluno de um curso técnico, no antigo Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), o candidato defende o apoio e estímulo ao ensino técnico. “Ontem, estava ouvindo que Campo Largo estava com 400 vagas de emprego abertas e às vezes não se consegue fechar essas vagas por falta de qualificação”, aponta.
Leandro acha que é necessário desburocratizar as Agências do Trabalhador, “para que não exija a qualificação, mas a vontade de trabalhar. As pessoas chegam com vontade de trabalhar, mas não preenche aqueles quesitos necessários que a empresa exige. Tem gente que não se qualifica por vários motivos: às vezes, por falta de conhecimento, mas às vezes por falta de oportunidade”, salienta.
Indeferido com recurso
O candidato teve seu registro indeferido, por decisão do desembargador Fernando Wolff Bodziak, porque não apresentou certidão do 2º Ofício Distribuidor da Justiça Militar, limitando-se a esclarecer que se encontra desincompatibilizado da Polícia Militar, exercendo exclusivamente a função de vereador na Câmara Municipal de Campo Largo (PR), tendo passado à inatividade militar com o ato de sua diplomação para o cargo ao qual fora eleito. Sargento Leandro recorreu da decisão e encaminhou o documento solicitado na última quinta-feira (16).
Por enquanto, aguarda resposta do TRE-PR. O desembargador abriu vista à Procuradoria Regional Eleitoral, na segunda (19), pelo prazo de três dias, para apresentação de contrarrazões, “considerando que eventual acolhimento dos embargos, poderá implicar efeitos infringentes”.
Confira a entrevista de Sargento Leandro na íntegra: