Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), desta quarta (5), o deputado federal eleito Sandro Alex (PSD) rebateu as críticas de que tenha entregue o mandato ao aceitar o convite para ser secretário de Estado de Infraestrutura e Logística.
O deputado afirma que, enquanto secretário, colaborou obras em todo o Estado e cumpriu sua obrigação e diz ser uma alegria para ele ver a segunda ponte Brasil-Paraguai pronta. Confrontado com a informação de que é a Itaipu Binacional está executando a obra, responde: “A ponte Brasil-Paraguai está no meu CPF. Ela não seria mais realizada, por conta da PEC do Teto de Gastos, a Itaipu não pode repassar direto ao DNIT e ela não fez com o DNIT porque estava impossibilitada”, explica.
Sandro afirma que, quando se elegeu, foi comunicar ao presidente que estava como secretário e que seu suplente o acompanharia nas votações. “Pedi a ele: ‘não podemos perder a ponte, passe para mim, passe ao DER’. O dinheiro veio na minha conta. São R$ 500 milhões na minha ficha, no meu CPF. Hoje, o responsável por todos os pagamentos da ponte e a assinatura final de fiscalização da ponte foi minha, até o final de abril, quando prestei contas da ponte e não tenho nenhum apontamento. Quando as pessoas falam que a obra é da Itaipu, o dinheiro é da Itaipu e, aliás, que bom que o dinheiro é da Itaipu, porque, além do dinheiro da Itaipu na ponte, consegui mais R$ 1 bilhão e aí realizamos mais a Estrada da Boiadeira, a duplicação do contorno em Cascavel, a ampliação da duplicação até o ShowRural”, alega.
Quanto às obras do acordo de leniência feito entre o governo e as concessionárias de pedágio, Sandro confirma que as obras executadas na região dos Campos Gerais foram definidas por ele. “Na verdade, o valor das obras era maior e eu defendia junto ao Ministério Público que todo dinheiro deveria ser transformado em obras, porque se todo dinheiro fosse transformado em obras, eu teria duplicado a Rodovia do Café toda. Naquele momento, o MPPR entendeu que metade do valor deveria ter, como desconto, na tarifa. Durante alguns meses, ficou como desconto. A Souza Naves, por exemplo, não estaria contemplada. Para incluir a Souza Naves, tive que fazer um aditivo. O único aditivo da Lava-Jato é a Souza Naves, porque nem poderia ter sido incluída e eu incluí no Supremo Tribunal [Federal]. A turma da Lava-Jato teve que votar isso”, comenta.
Em relação às críticas de outros deputados pelo fato de as indicações de Sandro Alex para as obras do acordo de leniência se privilegiarem mais os Campos Gerais que outras regiões, Sandro responde que o fez por justiça. “Chamei comigo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Rodoviária Estadual (PRE) e embasamos [as indicações]. Segundo, o lote da leniência era o lote da nossa região. Nós tínhamos que fazer as obras que estavam no lote, só que a Souza Naves não estava incluída. Incluímos e elas foram entregues. Não foi só crítica: os políticos foram na Justiça para que eu não fizesse a Souza Naves. Tive que ganhar na Justiça Federal, aqui em Ponta Grossa, no TRF4 [Tribunal Regional Federal da 4ª Região] e, depois, em Brasília e garanti as obras da Souza Naves. Tenho orgulho das obras que deixamos como legado no Paraná”, ressalta.
Pedágio
A concessão de pedágios nas rodovias federais situadas no Paraná tinha uma data certa para terminar e não houve um movimento para que um novo edital fosse preparado antes que esse prazo se encerrasse. O ex-secretário de Infraestrutura e Logística argumenta que é um erro atribuir essa responsabilidade ao Estado, tendo em vista que as rodovias pedagiadas são de domínio da União.
“O primeiro erro é que as pessoas imaginam que a decisão é do governador. A decisão é do presidente da República. Aliás, esse vai ser o tema: ele [o pedágio] vai ser decidido pelo Bolsonaro ou pelo Lula. As rodovias pertenciam ao Estado, mas retornaram ao governo federal. O que governador fez foi pontuar aquilo que achava relevante e que não abria mão, para que o governo federal não fizesse seu leilão somente pela sua opinião”, defende.
Segundo Sandro, diferente de São Paulo e de Goiás, o Paraná tem uma “ferida aberta”, com relação ao pedágio, e a população não aceitaria o mesmo modelo proposto nesses dois estados. Ele aponta que o ex-ministro de Infraestrutura do governo Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, pode ser eleito governador de São Paulo e implantou no estado um modelo com outorga, limitação de desconto e outros termos que o Paraná não aceitava. “O estado de São Paulo não discute esse assunto. Esse assunto é discutido no Paraná”, acrescenta.
“A palavra final será do governo federal. As pessoas imaginam que cabe ao DER-PR [Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná]. Não, não é o DER-PR, é o DNIT [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes], é o governo federal que manda. Só que o governador tem força para dizer: ‘eu quero algo justo, transparente, obras e preço justo'”, ressalta.
Sandro afirma que a pandemia impediu que o assunto pudesse ser devidamente discutido com a população, em audiências públicas, antes que o contrato antigo se encerrasse. Se a decisão fosse tomada, a toque de caixa, sem consultar a população, segundo ele, também surgiriam críticas.
“Os contratos foram respeitados. Aliás, se teve um governador, o único, que não utilizou esse assunto em campanha eleitoral nos últimos anos foi o governador Ratinho Junior”, frisa.
Ao responder por que o pedágio no Paraná nunca teve a tarifa baixada, como pediam, principalmente, os caminhoneiros, Sandro afirma que se o governo baixasse a tarifa, estaria concordando com os termos do contrato antigo, porque acabaria prorrogando-o. “Quem prorroga anistia. Se eu anistio, nunca mais o estado pode cobrar, de ninguém absolutamente nada”, avalia.
De acordo com Sandro Alex, o governo federal disse que o novo modelo de pedágio no Paraná não poderia ser estabelecido sem que passasse por todas as etapas de formulação, de consulta e de audiência pública. “Nesse momento, o TCU [Tribunal de Contas da União] analisa. Nós encaminhamos ao TCU uma proposta de transparência. Vai ganhar quem der o menor preço, aquele que der o maior lance de desconto. Quanto pode ser? Não sei, é o mercado que decide. Onde vai ser isso? Na Bolsa de Valores. Quanto vai ficar? Mais barato do que era”, defende.
Caberá ao governo federal decidir, também, o número de praças de pedágio que serão mantidas. Mas ele nega que novas praças serão construídas em rodovias que já eram pedagiadas e reforça que as novas praças estão onde não era cobrado pedágio antes, que não faziam parte do Anel de Integração.
“Na nossa região, por exemplo, a rodovia que vai de Jaguariaíva a Arapoti, de Arapoti a Wenceslau Braz, Wenceslau a Siqueira [Campos], Siqueira a Joaquim Távora, Joaquim Távora a Jacarezinho e Jacarezinho a São Paulo não fazia parte [do Anel de Integração], mas é um corredor que tem mais tráfego que as nossas. Essa rodovia vai ser duplicada e vai ter uma nova praça”, comenta Sandro. O trecho da PR-151 que fazia parte da concessão da CCR Rodonorte ia até Jaguariaíva.
Confira a entrevista de Sandro Alex na íntegra: