Domingo, 15 de Dezembro de 2024

Agro&Negócio: Prejuízos com mastite chegam a R$ 6 bilhões na produção leiteira do Brasil, por Ricardo Weg

2023-03-21 às 11:05
Foto: Grupo Kersia

A mastite, inflamação da glândula mamária, é uma das doenças que mais resulta em prejuízo para o criador de gado leiteiro no Brasil e no mundo. De acordo com os últimos levantamentos da Embrapa Gado de Leite, esta enfermidade provoca perdas equivalentes a R$ 6 bilhões por ano.

Atenção antes e após a ordenha trazem benefícios para a saúde dos animais

Como proteger seu gado leiteiro da mastite? A mastite é uma doença multifatorial, ou seja, existem diversas causas para sua incidência, como imunidade baixa, desnutrição, estresse térmico por calor, traumas, ordenhadeira sem revisão periódica, entre outros. Mas, provavelmente, o fator de maior destaque seja o cuidado com os tetos antes e após a ordenha.

Conhecidos como pré e pós-dipping, os manejos de preparo dos tetos do úbere com auxílio de soluções químicas especializadas antes e após a ordenha trazem benefícios para a saúde dos animais e para o bolso do produtor de leite. Promover tetos livres de contaminantes e uma pele sadia impactam diretamente na prevenção de mastite e melhoria dos índices de CCS e CBT (Contagem Bacteriana Total).

A CBT é bem controlada pela limpeza do equipamento. Mas o pré-dipping pode ser um grande aliado na busca por melhor nível desse índice, reduzindo a sujeira presente nos tetos e captadas pelo maquinário de ordenha. Além disso, vacas com mastite também contribuem para o aumento de CBT do leite, afinal, a mastite promove maior CCS e essa alta concentração de células no leite são contabilizadas na CBT. 

Da mesma maneira, a CCS é afetada por tetos mau higienizados antes e após a ordenha, pois novos casos de mastite podem surgir quando esses processos estão deficientes e expõem o canal do teto à patógenos presentes na sujidade e na pele.

A higienização significa limpar e desinfetar os tetos. É na limpeza que a maior parte dos microrganismos é eliminada. Mas a utilização de água para lavar o teto é desaconselhada, principalmente, porque na tentativa de lavar apenas os tetos, várias outras partes do úbere são molhadas também. Essa água não é enxugada e escorre para dentro das teteiras durante a ordenha, carregando muitos microrganismos para o leite e expondo os quartos mamários à novas infecções. O melhor manejo para retirada de sujeira pesada é com toalhas de tecido embebidas de soluções desinfetantes, mas o papel toalha também é uma boa alternativa e a mais comum.

Já a desinfecção visa eliminar ao máximo o número de microrganismos na pele do teto antes da ordenha, principalmente as que ficariam na pele após a limpeza. “São vários princípios ativos com eficácia comprovada, mas lembre-se sempre que o tipo de ativo e sua concentração são apenas dois fatores que conferem a eficiência do produto. A formulação é o que garante o resultado, pois outros elementos da composição podem potencializar ou atrapalhar a ação do princípio ativo, além de que, alguns ativos perdem eficiência quando entram em contato com a matéria orgânica. Por isso, produtos com o mesmo ativo e concentrações similares podem ter desempenhos diferentes. A tecnologia de formulação faz diferença”, ressalta Petterson.

MULTIMÍDIA: Confira aqui o vídeo:

Além de desinfetar é preciso garantir que os produtos e o manejo não agridam a pele dos tetos das vacas. E mais do que isso, promovam benefícios cosméticos com compostos hidratantes, emolientes, suavizantes e curativos (cicatrizantes e esfoliantes). Além de benefícios exclusivos de cada categoria de composto, existem relações de equilíbrio entre agentes hidratantes e emolientes que se não forem respeitadas podem prejudicar ao invés de beneficiar a saúde da pele. De acordo com o gerente, vários estudos já comprovaram uma grande relação entre lesões nos tetos e aumento de CCS e casos de mastite. “Tetos lesionados acumulam mais sujeira e microrganismos nas feridas e rachaduras da pele, se tornando mais difíceis de limpar e desinfetar, mesmo com produtos mais eficientes e tecnológicos”, explica.

Após a ordenha o aspecto de higienização continua sendo muito importante para prevenir a permanência de patógenos na pele, esfíncter e canal do teto, oriundos de contaminação cruzada nas teteiras ou do ambiente. Petterson complementa que “esse é o momento propício para potencializar o combate com auxílio de soluções que não apenas eliminem microrganismos, mas garantam o efeito barreira. Utilizar produtos que se aderem bem ao teto gera economia e eficiência. Quanto mais tempo essa barreira permanecer na superfície do teto, sem escorrer ou pingar, maior o tempo para ação higiênica e também melhor ação dos compostos cosméticos. Por fim, todo esse produto aderido à pele se torna uma barreira física e química de proteção contra contaminantes do ambiente, o que reduz novos casos de mastite que impactarão na CCS e CBT”. Se a barreira deve ser mais espessa ou mais fina, mais úmida ou seca, dependerá do ambiente de permanência dos animais. Por isso, a orientação técnica específica para cada fazenda é importantíssima. Não existe uma receita de bolo”, alerta.

Para Petterson Sima, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Kersia, estas perdas acontecem devido à redução da produção de leite, custos elevados com tratamentos e descartes prematuros de vacas com mastite crônica. “E as propriedades mais afetadas são as de baixa e média tecnologias, principalmente, por não disporem de conhecimento das ferramentas, recursos e/ou mão de obra capacitada para analisar a saúde de cada animal. São estes fatores que levam os criadores a terem mais prejuízos. Sabemos que é uma doença traiçoeira, principalmente, por se manter oculta por semanas, até meses”, ressalta.  

Como identificar mastite clínica? É mais fácil de ser percebida, pois o leite apresenta grumos visíveis com o auxílio do teste da caneca telada (ou caneca do fundo preto). Em casos mais graves, pode haver pus ou sangue no leite, além do úbere apresentar inflamação, intensificando o prejuízo e em alguns casos pode causar a inutilização do quarto mamário. “É muito importante que, antes de cada ordenha e em cada vaca, seja realizado o teste da caneca. Lembrando sempre que devem ser retirados três jatos de leite, o que garante um diagnóstico efetivo e a exclusão do leite residual contaminado”, ressalta Sima. 

Difícil diagnóstico da mastite subclínica – Este tipo de mastite possui caráter silencioso, dificultando a detecção a olho nu.  De acordo com a Embrapa, a estimativa de queda de produção de leite nesse estágio está entre 25% e 42%. “Estudos científicos, com análises individuais de leite em fazendas de Minas Gerais, por exemplo, já detectaram perdas acima de 900kg de leite para vacas primíparas e 1.100kg para vacas multíparas com mastite subclínica durante uma lactação, ou seja, uma média acima de 3kg por dia em perdas de produtividade durante o ciclo produtivo.

 “Por atingir maior número de animais e ser de difícil diagnóstico, fatalmente, resulta em gastos ainda maiores que os casos clínicos, podendo representar 2/3 de todo prejuízo da doença”, alerta Petterson. Devido à falta de sinais evidentes da enfermidade, são necessários testes auxiliares para o diagnóstico da Contagem de Células Somáticas no leite (CCS), através de testes clínicos na própria fazenda, com ferramentas de contagem eletrônica ou reagentes químicos para estimativas ou análises laboratoriais de alta precisão das amostras de leite. 

Dados de mercado – Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de leite, conforme o MAPA – com mais de 34 bilhões de litros de leite por ano, com produção em 98% dos municípios brasileiros. As pequenas e médias propriedades são as maiores responsáveis pela produção do país, empregando em torno de 4 milhões de pessoas. Atualmente, o Brasil conta com mais de 1 milhão de propriedades produtoras de leite e as projeções do agronegócio da Secretaria de Política Agrícola, estimam que, para 2030, irão permanecer os produtores mais eficientes, que se adaptarem à nova realidade de adoção de tecnologia, melhorias na gestão e maior eficiência técnica e econômica.  

Sobre a Kersia –  Com mais de 60 anos de história, é líder global em biossegurança e segurança alimentar, soluções com valor agregado para a prevenção de doenças e contaminações tanto em animais quanto em seres humanos em todos os estágios da cadeia de fornecimento alimentar. Está presente em mais de 120 países e no Brasil conta com uma fábrica no Rio Grande do Sul e atuação comercial em Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Rio Grande do Norte, Sergipe, Alagoas e Pernambuco. www.grupokersia.com.br 

  • Agradeço pelo texto enviado pela competente assessoria LN Comunicação  

 

Agro&Negócio

por Ricardo Weg

Formado em comunicação-social, letras e MBA em Marketing Digital (Fundação Getulio Vargas), Ricardo Wegrzynovski é multimídia (internet, TV e rádio). Empolgado com a vida, trabalha com marketing e tecnologia. Escreve também para o gigante The Rio Times. É assessor de comunicação em política. Nesse setor trabalhou com a equipe do ex-presidente dos EUA, Barack Obama. Em Brasília, onde morou por 13 anos, trabalhou na Câmara dos Deputados, Ipea, Ministério da Agricultura, e Presidência da República. No exterior trabalhou em Londres e Portugal. Paranaense gente boa, manezinho adotado pela ilha, mora em Floripa quando pode. No mais é “nômade digital”.