Segunda-feira, 18 de Novembro de 2024

“Buscamos uma mentalidade de inovação”, diz novo diretor-presidente da Castrolanda, em entrevista exclusiva

2020-04-02 às 10:13

Com 68 anos de história, mais de 1.100 cooperados e faturamento anual de cerca de R$ 3,5 bilhões, a Castrolanda é uma das 17 maiores cooperativas agro do Brasil, segundo lista divulgada pela revista Forbes ano passado. Atualmente, a cooperativa trabalha com diversos segmentos, como o agrícola, o de carne, de leite, de batata, de feijão e até de cerveja. Contando com cerca de 3.500 colaboradores, a Castrolanda obteve, em 2019, um LAJIDA (Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) de R$ 161 milhões, distribuindo aos cooperados R$ 39,6 milhões em sobras. Depois de 24 anos sob o comando de Frans Borg, a cooperativa elegeu este ano um novo Diretor-Presidente, Willem Bouwman, que chamou para si o desafio de construir uma Castrolanda inclusiva, integrada e cada vez mais inovadora. Confira a seguir uma entrevista exclusiva com Bouwman.

Como o senhor encara o desafio de estar à frente da Castrolanda?

A responsabilidade é gigante, de fato, mas os desafios, assim como as dificuldades, me motivam. Encaro essa missão com muita seriedade e alegria. Agora, como Diretor-Presidente, o objetivo é levar a cooperativa adiante, sempre prezando pelo diálogo e seguindo os nossos princípios e valores.

O que deve mudar na sua gestão?

Participo ativamente dos conselhos da cooperativa há 12 anos, ou seja, tenho uma bagagem de como as atividades funcionam. Dessa forma, busco dar sequência e construir, junto com os Conselhos de Administração e Fiscal, e em consonância com os nossos cooperados, uma Castrolanda inclusiva, integrada e cada vez mais inovadora. Guiados pelo nosso planejamento estratégico, ‘Horizonte (2019-2024)’, queremos garantir resultados efetivos e diretrizes que permitam consolidar a nossa atuação e colaborar com o avanço de toda a cadeia.

“Busco dar sequência e construir uma Castrolanda inclusiva, integrada e cada vez mais inovadora”

Em entrevistas, o senhor afirmou que pretende trazer mais tecnologia para os cooperados. Quais seriam?

O agronegócio passa por profundas transformações e impactos da tecnologia. E a Castrolanda tem as suas cadeias produtivas organizadas em todos os seus aspectos, desde a produção primária, nas propriedades dos nossos cooperados, até a industrialização e o acesso ao mercado. Criamos uma área voltada ao mapeamento e impacto das tecnologias e da inovação nos diferentes negócios em que atuamos. Internamente, também buscamos a mudança de mentalidade dos nossos gestores, colaboradores e cooperados para uma cultura de inovação.

E como essa mudança de mentalidade está sendo colocada em prática?

Inúmeras ações estão em curso na Castrolanda, como, por exemplo, toda a rastreabilidade da cadeia de produção suína em blockchain, que vai levar informações sobre o nosso processo produtivo para os consumidores no mercado brasileiro e global. Outro projeto em curso trata da transformação digital em todos os setores, com ênfase na agilidade e na modernização das relações entre cooperados, clientes e a nossa cooperativa. Queremos que os nossos produtos e serviços sejam acessados em tempo real pelos cooperados diretamente de suas propriedades, com conectividade compatível para a realização de negócios, coleta e geração de informações das fazendas. Tudo pronto para uma tomada de decisão baseada em dados.

Como fica a relação da Castrolanda com a Unium (holding que engloba as cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal)?

Podemos dizer que a intercooperação é a evolução do cooperativismo. Junto das cooperativas Frísia e Capal, queremos contribuir para a sociedade e crescer lado a lado com os nossos cooperados. Para competirmos em um mercado global, com gigantes e marcas consolidadas no mercado, a intercooperação surge como uma ferramenta inteligente para competirmos em pé de igualdade. É por meio dela que nós buscamos sinergia nos empreendimentos industriais. Além disso, compartilhamos boas práticas de gestão e de redução de custos, integrando os nossos cooperados num modelo verticalizado de negócios. Isso tudo com uma eficiente gestão da cadeia produtiva.

“Queremos garantir resultados efetivos e diretrizes que permitam consolidar a nossa atuação e colaborar com o avanço de toda a cadeia”

A que o senhor atribui a força e o crescimento da Castrolanda?

A nossa cooperativa é muito sólida. Na Castrolanda nós acreditamos no poder da união e temos a certeza de que juntos sempre conseguimos ir mais longe. Sem dúvida que o trabalho do senhor Frans Borg, que esteve nos últimos 24 anos à frente da presidência, conseguiu nos deixar em uma situação muito favorável, na qual somos referência a níveis estadual e nacional.

Quais são os objetivos e projeções da Castrolanda para este ano?

Em 2020 pretendemos fortalecer ainda mais os nossos negócios, e garantir a inovação e o desenvolvimento sustentável. Em um mercado cada vez mais dinâmico, precisamos estar à frente e fazer a diferença. Apesar de grandes os desafios, acreditamos no nosso potencial e capacidade em ir além.

Por Camila Delgado | Foto: Divulgação