Quarta-feira, 16 de Outubro de 2024

Ponto de Vista: Carlos Fávaro comenta objeção do Agro ao Governo Lula

2024-01-27 às 13:35
Foto: Carlos Silva/ Mapa

Direto de Brasília, em bate-papo exclusivo ao Ponto de Vista, programa apresentado por João Barbiero na Rede T de rádios do Paraná, na manhã deste sábado (27), o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro comentou a objeção e resistência que o setor agropecuário demonstra em relação ao governo Lula.

Fávaro aponta que, em conversas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o chefe do Executivo se questiona o que teria feito de mal ao setor agrícola para ser tão rejeitado e rechaçado por uma ala mais radical do agronegócio. O ministro pontua que, de 2003 a 2010, durante os dois primeiros mandatos de Lula, o agronegócio teve avanços a partir da adoção de novas políticas que até mesmo iam contra algumas linhas ideológicas defendidas pelo PT, a exemplo do cultivo de transgênicos.

Em 2003, o atual ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, exercia mandato de deputado federal e foi relator da Medida Provisória dos Transgênicos, que resultou na Nova Lei de Biossegurança. “Até então, os produtores brasileiros contrabandeavam soja transgênica da Argentina para poder plantar no Brasil, um risco, inclusive, para a relação comercial mundial, porque, se pega um navio com bandeira brasileira levando soja transgênica, que ainda não era permitida no Brasil, ocorreria um embargo econômico gigante”, observa.

“O presidente Lula regulamentou pela ciência. A ciência disse como poderia usar o transgênico de forma segura no Brasil. Regulamentou e está aí o salto de produtividade. Foi no primeiro ano de governo”, destaca. Durante o governo Lula, a regulamentação da Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005) cria o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), órgão superior ao já existente CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança), criada 10 anos antes, na gestão FHC.

Fávaro destaca que foi também durante a primeira gestão de Lula que foi implantado no Brasil o programa do carro flex, permitindo ao motorista optar pelo abastecimento com gasolina ou álcool, de acordo com o que fosse economicamente mais conveniente a ele. Até então, só havia veículos com motores a álcool ou a gasolina.

“Isso potencializou a produção de etanol no Brasil. Mais adiante, em 2006, fez o Programa Nacional do Biodiesel, o que mudou o patamar da formação de preço da soja, porque você usa óleo de soja para fazer combustível verde, renovável e o farelo para a produção de carne e frango. Sem falar na revolução que aconteceu no Paraná, com a integração de carnes, frango, suíno, peixes e bovinos. O Paraná é um exemplo disso, da melhoria da formação do preço, porque deu destino para o óleo, fazendo biodiesel, além do combustível muito mais ecológico”, aponta.

Segundo o ministro, foi também sob a gestão Lula que se resolveu a dívida que se arrastava desde o governo Collor (1989-1992) e perpassou o governo FHC (1995-2003), com uma medida provisória de R$ 87 bilhões, que alongou a dívida dos produtores rurais por 20 anos e concedeu crédito, com juros, em alguns momentos, de 2,5% a 3% ao ano.

Fávaro também mencionou programas do BNDES, como o Moderfrota ( Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras) e o Moderinfra (Programa de Incentivo à Irrigação e à Produção em Ambiente Protegido); o Programa de Construção de Armazéns (PCA).

“O salto que a agricultura deu, um boom gigantesco de 2003 a 2020, ocorreu graças a essas medidas tomadas lá no [primeiro] governo do presidente Lula. Respondendo a você, o que [o agro] tem contra [Lula], acho que aí tem um ponto único da competência do ex-presidente Bolsonaro: ele conseguiu apagar da memória dos produtores tudo o que o Lula fez de bom pelos produtores, que não conseguem mais reconhecer. Nosso papel, então, é resgatar isso, mostrar tudo o que já foi feito e, se não quiserem compreender, fazer de novo. E estamos fazendo: maior Plano Safra da história, abertura de mercados, estamos atentos a endividamento, num ano difícil, de seca no Centro-Oeste, o que já aconteceu no ano passado no Rio Grande do Sul, com a seca”, afirma.

Confira a entrevista na íntegra:

Ponto de Vista

Apresentado por João Barbiero, o programa Ponto de Vista vai ao ar semanalmente, aos sábados, das 7h às 8h, pela Rede T de Rádios do Paraná.

A Rádio T pode ser ouvida em todo o território nacional através do site ou nas regiões abaixo através das respectivas frequências FM: T Curitiba 104,9MHz;  T Maringá 93,9MHz; T Ponta Grossa  99,9MHz; T Cascavel 93,1MHz; T Foz do Iguaçu 88,1MHz; T Guarapuava 100,9MHz; T Campo Mourão 98,5MHz; T Paranavaí 99,1MHz; T Telêmaco Borba 104,7MHz; T Irati 107,9MHz; T Jacarezinho 96,5MHz; T Imbituva 95,3MHz; T Ubiratã 88,9MHz; T Andirá 97,5MHz; T Santo Antônio do Sudoeste 91.5MHz; T Wenceslau Braz 95,7MHz; T Capanema 90,1MHz; T Faxinal 107,7MHz; T Cantagalo 88,9MHz; T Mamborê 107,5MHz; T Paranacity 88,3MHz; T Brasilândia do Sul 105,3MHz; T Ibaiti 91,1MHz; T Palotina 97,7MHz; T Dois Vizinhos 89,3MHz e também na T Londrina 97,7MHz.