Caminhão parado não ganha frete, já diz o ditado. E nesse combo de incertezas que pairam sobre as hostes do campo da direita em relação às eleições do ano que vem, o Progressistas e o União Brasil colocam suas rodas para girar.

O presidente nacional do PP, por exemplo, convocou deputados, senadores e presidentes dos diretórios estaduais do partido para uma reunião em que será discutida uma “possível federação com o União Brasil”, como diz o convite enviado por WhatsApp.

A possível federação entre esses dois partidos do Centrão poderia criar uma bancada com mais de 100 deputados federais e, apesar da não homogeneidade entre as posições de seus membros, representaria certamente uma mudança na correlação de forças dentro da Câmara dos Deputados e no debate sobre a composição das chapas para 2026.

Contudo, obstáculos enormes precisam ser superados para que o resultado esperado por seus idealizadores seja alcançado. Por exemplo, Ronaldo Caiado, governador de Goiás, é candidatíssimo a presidente. Ciro Nogueira, fiel escudeiro de Bolsonaro. Para a matemática fechar, ou Ciro trai Bolsonaro, ou Caiado não mantém a candidatura. Porque não há a menor chance de o clã apoiar algum candidato que não seja da família ou muito próximo — o que não é o caso do governador goiano.

Mas há outros nós regionais a serem desatados. Um colega da área de comunicação política lembrou, em um grupo de zap, do caso da Paraíba, onde ambos os partidos teriam pré-candidaturas ao governo já postas e em campos opostos. Realidade que deve se repetir em outros estados.

Contudo, penso que uma federação PP+UB possa se tornar uma janela de oportunidades para parte dos parlamentares desses partidos, que não se deve desconsiderar, pois podem se utilizar da sua criação como argumento para dar justa causa a um pedido de mudança de partido. Sabemos que a federação por si só não os dá a justa causa, como já manifestado pelo TSE. Mas sabemos também como as coisas funcionam. Cada caso é um caso, cada cenário é um cenário, cada realidade tem lá suas objetividades e subjetividades.

Quem sabe, com essa federação, partidos aliados do governo não ganhem novas adesões e fortaleçam suas bancadas.

Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político