Com Décio Lima e João Rodrigues no calcanhar e as eleições se aproximando, o governador Jorginho Melo viu a luz amarela acender nesta semana quando recebeu os últimos levantamentos de redes sociais e pesquisas mostrando o óbvio: uma parcela importante da população catarinense passou a perceber que ele briga muito e trabalha pouco. E que esse comportamento errático começa a prejudicar Santa Catarina.
Para estancar a sangria, os marketeiros milionários sugeriram uma resposta de gênio: o governador gravou e publicou mais um vídeo da série raivosa dizendo que ele não briga, ele apenas cobra as obras do Governo Federal.
Engraçado que, no período em que Jorginho foi Senador e Bolsonaro presidente, faltavam cobranças por parte de um e obras por parte de outro. E ficava por isso mesmo. Jorginho falava fininho. Agora fala grosso. E acha que ninguém vai perceber que está cada vez mais parecido com aquele samba de Bezerra da Silva, “Bicho Feroz”. Com Lula é machão. Com Bolsonaro andava rebolando e até mudava de voz.
Mas jogar pedra no telhado dos outros é sempre uma insensatez quando o seu é de vidro. Por isso, vamos também cobrar o governador de promessas feitas durante a campanha que, no terceiro ano de governo, ainda não foram cumpridas:
Criar a Secretaria Executiva de Políticas para Idosos. Não cumpriu.
Fazer restaurantes populares nos municípios grandes e médios. Não cumpriu.
Disponibilizar gratuitamente todas as vagas das universidades da Acafe. Não cumpriu.
Criação de 21 escolas técnicas (Etecs). Não cumpriu.
Criar delegacias especializadas na proteção à mulher. Não cumpriu.
Zerar a fila das cirurgias eletivas. Não cumpriu.
E pra finalizar, ficam duas perguntas:
1) será que se o governador parasse de reclamar e começasse uma parceria com o Governo Federal muitas dessas promessas não sairiam do papel?
2) caso isso acontecesse, fica claro que o eleitor catarinense seria o maior beneficiado, mas quem seria o maior prejudicado?
Perguntas, apenas perguntas de um eleitor que cobra.
João Barbiero é advogado e comunicador