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Artigo: 'Homens de todo o mundo, uni-vos!', por Oliveiros Marques

há 13 horas

Oliveiros Marques

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Artigo: 'Homens de todo o mundo, uni-vos!', por Oliveiros Marques

Há momentos na história em que um chamado não pode mais ser adiado. Este é um deles. Os homens do mundo - todos nós - precisamos levantar a cabeça, encher nossos pulmões e reconhecer que chegou a hora de formar um grande movimento planetário contra a violência que atinge as mulheres em todas as suas formas: a psicológica que corrói silenciosamente, o assédio que humilha, a violência sexual que destrói, o feminicídio que interrompe vidas e redesenha famílias em luto permanente.

No Brasil, os números falam alto demais para serem ignorados - e, infelizmente, continuam ecoando em 2025. Depois de registrar 1.463 feminicídios em 2023, o maior número desde que esse tipo de crime passou a ser oficialmente contabilizado, o país iniciou 2025 repetindo a tragédia em escala alarmante. Somente no primeiro semestre deste ano, já são 718 mulheres assassinadas por razões de gênero, o que mantém a média devastadora de uma mulher morta a cada 6 horas simplesmente por ser mulher.

E o cenário da violência não letal tampouco traz alívio. Em 2024, mais de 300 mil mulheres denunciaram agressões físicas e mais de 100 mil relataram violência sexual - números que, segundo os levantamentos mais recentes do Ministério da Justiça e das secretarias estaduais, mantêm trajetória de alta neste início de 2025. De janeiro a julho deste ano foram relatados 34 mil casos de estupro. São notificações que representam rostos, famílias, histórias interrompidas; vidas redesenhadas pela dor.

A mensagem que essas estatísticas carregam é brutal e inequívoca: nós, homens, não estamos fazendo o suficiente para enfrentá-las. E enquanto não encararmos essa realidade com coragem e responsabilidade, os números continuarão crescendo - e com eles a distância entre o país que diz defender suas mulheres e o país que, na prática, continua falhando com elas todos os dias.

Nada - absolutamente nada - justifica a violência de um homem contra uma mulher. Nem ciúme, nem alcoolismo, nem raiva, nem “perda de controle”, nem suposta provocação, nem comportamento, nem roupa, nem qualquer outra racionalização usada para mascarar crimes. Violência não é destino biológico, não é instinto, não é natureza masculina: é escolha. E escolhas podem - e precisam - ser transformadas.

E é impossível ignorar o impacto que certas palavras têm nesse cenário. Quando um homem público, que ocupou a cadeira mais poderosa do país, diz que não estupraria uma deputada porque ela “não merecia”, ele não está apenas ofendendo. Está coisificando mulheres, reforçando séculos de desumanização, naturalizando a ideia de que o corpo feminino existe como objeto da avaliação masculina. Quando diz que ter uma filha mulher foi uma “fraquejada”, também não é uma piada: é a velha lógica de que mulheres valem menos, de que são defeito, acidente, algo inferior.

Declarações assim não apenas ressoam - elas moldam comportamentos. Elas dão permissão simbólica. Elas acendem o fósforo num país que já vive sobre palha seca. E quando a autoridade justifica, relativiza ou ridiculariza a violência, o agressor se sente autorizado, legitimado, encorajado.

Por isso, o nosso movimento precisa ser global, firme e profundamente humano. Não basta não bater. Não basta não assediar. Não basta “ser um homem bom”. Precisamos agir. Conversar com nossos filhos e amigos. Reconhecer nossos erros. Aprender sobre consentimento, respeito, igualdade. Ouvir as mulheres sem defensivas. Intervir quando presenciarmos violência. Apoiar políticas públicas, leis mais eficazes, redes de proteção. E, acima de tudo, deixar claro - sempre - que não compactuamos com nenhum tipo de violência.

O mundo precisa de um novo pacto masculino. Um pacto de coragem. Um pacto que diga, alto e claro: nenhuma mulher sofrerá violência em nosso nome, sob nosso silêncio, sob nossa omissão. Homens do mundo, é hora de estarmos à altura do que as mulheres já fazem há séculos: lutar pela vida.

E desta vez, lutar ao lado delas - não contra elas.

Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político.

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