Quando perguntado sobre o que faria se tivesse um filho gay, ele respondeu sem hesitar: “Isso nem passa pela minha cabeça porque tiveram uma boa educação, eu fui um pai presente, então não corro esse risco.” Apesar de ser possível que não reflita a realidade – seja sobre ser um pai presente, seja sobre por não ter um filho gay –, essa afirmação revela muito sobre o que ele pensa sobre orientação sexual. Quando o assunto é a Parada do Orgulho LGBTQIA+, ele é ainda mais direto: “Não iria porque não participo de promover maus costumes… e a família tem que ser preservada a qualquer custo.” Sim, a qualquer custo.
Se você é lésbica, gay ou de outra orientação, ou se é pai, mãe, avô, avó ou amigo de alguém da comunidade LGBTQIA+, cuidado. Eles querem acabar com aqueles por quem você tem carinho. E quando afirmam que a família deve ser preservada a qualquer custo, isso inclui, infelizmente, a ideia de destruir outros seres humanos. Afinal, para eles, os fins justificam os meios.
Porém, como covardes que são, não pressionarão o gatilho, lançarão a lâmina da faca, ou descerão o taco de beisebol. A estratégia é outra: instigam o ódio em terceiros, transformando-os em ferramentas de violência da canalha.
Declarações em entrevistas, discursos nas tribunas legislativas, ações administrativas e projetos de lei são os meios que utilizam para perpetuar a homofobia e alimentar o fogo da intolerância. É um discurso que ecoa o nazismo, que perseguiu e assassinou homossexuais, e o fascismo de Mussolini, que exilou pessoas LGBTQIA+ em ilhas no Mar Adriático.
Exemplo disso são os recentes projetos apresentados por um vereador em São Paulo. Ele quer: a) impedir que pessoas trans participem de competições esportivas em categorias que correspondem à sua identidade de gênero; b) proibir hospitais e clínicas de realizarem tratamentos hormonais ou cirurgias de redesignação sexual em menores de 18 anos; e c) proibir que pessoas trans usem banheiros de acordo com sua identidade de gênero em escolas, espaços públicos, comerciais e no trabalho.
Esses projetos, do ponto de vista legal, são inconstitucionais e fora da competência de uma câmara municipal. São, portanto, natimortos. Mas o objetivo não é aprová-los – é alimentar o ódio e criar bandeiras de campanha para quem os apresenta. É claro que o extremista em questão será candidato a deputado federal em 2026.
Diante desse cenário, é urgente mobilizar a comunidade LGBTQIA+ e seus aliados. Precisamos de ações articuladas nas ruas e nas redes, com enfrentamento no campo das ideias. Não basta reagir aos ataques; é necessário pautar o debate sobre homoafetividade de forma contundente, positiva e organizada.
Porque, não se enganem: o objetivo deles é o extermínio. Seja físico, seja pela invisibilização social. Colocar essa gente da extrema-direita muito claramente no campo daqueles que “odeiam de morte” os homossexuais.
Oliveiros Marques é sociólogo, publicitário e comunicador político