Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2024

Coluna Bits: ‘Blockchain: conectando gregos e troianos’, por Matheus Schlosser Basso

2022-03-29 às 10:41

Na última coluna falamos um pouco sobre as fintechs e como estas vem mudando a forma que fazemos negócio. Hoje em nossa mini série sobre sobre hot topics introduzimos um dos temas mais quentes da atualidade, a blockchain.

A ideia aqui, não é esmiuçar a fundo a blockchain, mas sim entender o que ela é e como ela pode ser usada para gerar transações mais seguras e transparentes.

A tecnologia

É bem verdade que quando alguma nova tecnologia “explode” em popularidade ela acabe se tornando febre na mídia. É blockchain para lá e pra cá. Falada por muitos, entendida porém por uma minoria. Popular e complexa como é, é trivial que caia no buraco onde toda nova tecnologia cai. O buraco das invenções forjadas por algum tipo de mago.

No entanto, como já dizia a grande filósofa contemporânea Feiticeira “não é magia, é tecnologia”. Vendida como a solução de diversos problemas modernos, de fato ela pode ser. Garantindo a independência e segurança das pessoas, e de quebra ainda dando uma maior autonomia em transações, uma vez que diminui a burocracia envolvida nestas.

O conceito envolvido é muito semelhante ao uso “tradicional” do dinheiro. Exemplo, quando usamos uma nota de 50 reais para comprar algo, é comum que o caixa faça uma verificação utilizando algum método para averiguar a veracidade da cédula usada. O mesmo vale para transações via meios eletrônicos. Logicamente neste caso a verificação é mais complexa, já que não se faz necessária a confirmação da veracidade da cédula, mas sim a existência de saldo, validade da operação, comunicação entre bancos diferentes quando necessário, dentre outras ações necessárias.

Um fato comum que pode ser observado em ambos casos supracitados é a centralização das operações. Na operação usando cédula de papel, por motivos óbvios, apenas o receptor do valor vai fazer a verificação, já nas transações eletrônicas essa centralização se dá ao fato da limitação da tecnologia utilizada. Contudo, como se pode imaginar uma tecnologia centralizada possui suas próprias vulnerabilidades, pois uma vez que o “sistema central” tenha algum problema, todas as operações são comprometidas, e não precisamos nem pensar muito para entender as consequências dos sistemas bancários virem a colapsar.

Para entender como um sistema descentralizado resolveria facilmente as limitações de um sistema centralizado, basta imaginar um sistema com vários módulos paralelos, ao invés de um grande sistema central responsável por validar as operações. Assim, caso um dos módulos tenha alguma falha catastrófica, este pode ser simplesmente desligado da rede de validação, não comprometendo a finalização da operação. De forma simples, isto é a blockchain!

Paradigma centralizado x descentralizado – Fonte: Denish Shah, Emily Shay – Georgia State University

Segurança e modo de operação

A princípio alguém deve pensar: “legal, eu entendo que minha transação vai ser realizada pois a rede trabalha com de forma descentralizada, mas e a segurança??”. Essa é uma dúvida muito mais do que justificável, uma vez que estamos lidando com informações extremamente sensíveis, como dados bancários. O pulo do gato está em uma tecnologia que já é bem batida no comercial de todo banco, a criptografia.

A criptografia é a responsável por “codificar” a informação, de modo a garantir a integridade dos dados, mantendo estes longe de pessoas mal intencionadas. É importante ressaltar que a criptografia usada no sistema da blockchain é complexa o suficiente para que os computadores disponíveis no momento tenham praticamente zero chance de quebrá-la.

Falando em complexidade, a ideia da blockchain, mesmo que baseando-se em um conceito relativamente fácil de entender, se faz valer de alto poder computacional para poder ser executada. Isso ocorre pois para que as operações sejam validadas na rede, os computadores precisam realizar complexos cálculos matemáticos, garantindo assim todos os trunfos já comentados. E é aqui que mora também a maior desvantagem da blockchain, pois uma vez que ela necessita de alto poder computacional para seus complexos cálculos, isto acaba limitando a capacidade de escalar suas operações.

Podemos finalizar esta breve introdução com uma breve reflexão: “A blockchain é apenas uma ferramenta para garantir transações livres e seguras entre as pessoas, e ainda estamos muito longe de chegar no limite das possibilidades com ela. Como usar essa liberdade, sem perder a responsabilidade? ”

Fontes
https://www.ibm.com/topics/what-is-blockchain
https://www.investopedia.com/terms/b/blockchain.asp
https://www.intelipost.com.br/blockchain/
https://blog.mercadobitcoin.com.br/blockchain-o-que-e-como-funciona-e-qual-a-tecnologia-usada