Só se consegue inovar quando se tem a coragem para enfrentar o desconhecido. É desta forma que o Expresso Princesa dos Campos, em parceria com a startup Embarca, Marco Polo e a BYD colocam Ponta Grossa em evidência com o primeiro ônibus elétrico intermunicipal do Brasil.
“A Princesa dos Campos foi convidada para ajudar a colocar a ideia do ônibus elétrico intermunicipal em prática. Nós acreditamos que seria possível. Tivemos a coragem de ser a primeira viação de ônibus a investir nesse modelo de negócio e a nos disponibilizarmos a testar. Nosso desafio agora é viabilizar que esses testes possam ser executados com segurança para que o melhor serviço seja ofertado aos nossos passageiros”, comenta o presidente e CEO da Expresso Princesa dos Campos, Gilson Barreto.
O primeiro trajeto com passageiros foi realizado na tarde do dia 24 de agosto e eu tive a oportunidade de representar o Portal D’Ponta News, juntamente com outros colegas dos meios de comunicação e os executivos da EPC, Alexandre Gulin, Vice-Presidente Comercial de Passagens; e Marcelo Sobhie, Diretor de Cargas e Encomendas e Felipe Gulin, CEO da Arca Mobility as a Service também participaram da solenidade de lançamento do projeto e para a estreia do que pode ser visto como um dos passos mais ousados no que tange a mobilidade rodoviária na última década.
À primeira vista, o veículo chama a atenção pela sua plotagem amarela e pelo escrito em letras garrafais “100% elétrico”. Já Ao entrar, tudo parece muito familiar, ainda que a bordo de algo um tanto surreal para a realidade brasileira torne a experiência singular.
Ao iniciar o passeio, as diferenças e algumas semelhanças começam a ser percebidas. De cara, algo óbvio, mas ainda assim muito interessante, é o fato de o motor elétrico não produzir ruído perceptível. A certeza de uma viagem muito mais silenciosa já é garantia de um cochilo melhor para os 44 passageiros. Ponto positivo para o gigante elétrico.
Outra marca característica de veículos elétricos é a dinâmica veicular beneficiada pelo baixo centro de gravidade, ocasionado pela presença do conjunto de baterias na parte inferior da estrutura do veículo. O powertrain é outro show a parte, com 402cv e alto torque disponível desde as mais baixas rotações, torna perceptível mesmo para quem está passeando, que o veículo é bem “esperto”. Mais dois pontos para o amarelinho.
O trajeto executado pelo passeio foi saindo da garagem do Expresso princesa dos Campos, indo até a rodoviária da cidade e retornando até a garagem. A distância foi curta, comparada a uma viagem até a capital, mas foi suficiente para mostrar a que veio. Subidas íngremes, trânsito, paradas em semáforos, tudo correu com a maior tranquilidade e conforto.
Vale ressaltar também, como apontado pelo Head da Marco Zero, braço de investimentos e novos negócios da Marcopolo, Alexandre Cruz, um veículo não performa apenas nas estradas, mas também na garagem e nisso o motor elétrico ganha de lavada dos motores a combustão. São menos de 300 peças em um motor elétrico em comparação com as mais de 3 mil de um motor tradicional. Isso se traduz em menor complexidade, mais facilidade de manutenção, custo e, é claro, o meio ambiente agradece.
O meio ambiente também agradece uma vez que, de acordo com os estudos feitos pela BYD, a introdução do equipamento no setor pode representar até 70% de economia no custo operacional, diminuindo aproximadamente 118,7 toneladas de emissão de dióxido de carbono no meio ambiente por equipamento, equivalente ao plantio de 847 árvores, ou até mesmo a 72 mil quilômetros percorridos por ano pelos ônibus tradicionais. O número também corresponde a uma viagem por dia de Ponta Grossa a Curitiba contando ida e volta.
Porém nem tudo são flores, ainda tem muito chão pela frente e muitos desafios a serem solucionados, como verificar se a autonomia estimada de 250 km é mantida mesmo em um ambiente não controlado, a redução da capacidade de carga nos bagageiros causadas pela instalação das baterias, lidar com a falta de infraestrutura para postos de carregamentos rápidos, algo que o Brasil ainda está muito atrasado quando comparado com outros países.
Para isso, o veículo ficará em teste fazendo a linha Ponta Grossa – Curitiba por 60 dias. Todos os dados dos testes serão transformados em inteligência e insights para que este tipo de transporte se torne viável e num futuro próximo possamos todos andar confortavelmente a bordo destes fantásticos gigantes.