há uma hora
Amanda Martins

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), confirmou nesta segunda-feira (24), ao Metrópoles, que rompeu politicamente com o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (PT-RJ). A relação entre ambos vinha se deteriorando nos últimos meses e atingiu seu ponto mais crítico durante a tramitação do Projeto de Lei Antifacção.
Segundo informações do portal Metrópoles, a crise se intensificou após Motta escolher o deputado Guilherme Derrite (PL-SP) como relator do texto, decisão que desagradou o Palácio do Planalto. O projeto é de autoria do Executivo, e a indicação de Derrite, parlamentar da oposição, foi vista como um gesto de afastamento do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Lindbergh Farias tornou públicas suas críticas ao presidente da Câmara. Em entrevistas, classificou a escolha de Derrite como um erro grave: “Ele conseguiu fazer uma lambança em um tema muito importante […] primeiro pela escolha do relator, porque é um projeto de autoria do Executivo, a gente não estava exigindo um relator do PT; tinha que ser alguém neutro, que tivesse um diálogo”, afirmou o petista.
O ambiente já estava sensível desde que Lula, em evento recente e na presença de Motta no palco, declarou que o Congresso vive um momento de “baixo nível como nunca teve antes”. A fala, segundo aliados, também teria provocado irritação no presidente da Câmara.
Um interlocutor de Motta afirmou que o rompimento é definitivo: “Não tem coisas vindas dele, o presidente não acolhe”, disse, indicando que não há mais espaço para negociação com Lindbergh.
A tensão entre o governo e o Legislativo não se restringe à Câmara. No Senado, o clima também é de insatisfação. A escolha do advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) contrariou o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), que defendia a indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), seu aliado político.
Em sinal de resposta ao governo, Alcolumbre anunciou que colocará em pauta um projeto que contraria interesses do Planalto, referente à regulamentação da aposentadoria especial dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às endemias.
A sequência de atritos revela um momento de desgaste crescente entre o Executivo e o Legislativo, com reflexos diretos na condução de pautas consideradas estratégicas para o governo federal.