Na entrevista coletiva no Palácio do Planalto, representantes do Ministério da Saúde anunciaram que serão habilitados leitos de suporte ventilatório pulmonar. Estas estruturas têm caráter intermediário e o objetivo é oferecer uma ajuda na ventilação para pacientes que não estão em estado grave e não precisam ser direcionados para unidades de terapiaiIntensiva (UTI).
Estes leitos serão autorizados em caráter “excepcional”, durante 30 dias, podendo ser prorrogável pelo mesmo período. O repasse será feito “fundo a fundo” (do Executivo para os fundos de saúde de estados). O secretário executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, defendeu que essa alternativa terá uma implantação mais facilitada.
“Esta habilitação será a custo bem menor porque não são profissionais tão capacitados e estrutura tão complexa. A ideia é que possamos oferecer uma resposta dentro de uma gradação da gravidade do paciente. Ele pode estar no leito clínico, na enfermaria de cuidados intermediários. E vai prosseguindo caso o seu caso se agrave para a ventilação invasiva ou até UTI”, declarou.
A assessora da Coordenação Geral de Atenção Hospitalar e Domiciliar, Mariana Borges, esclareceu que “esses leitos não vêm para substituir os cuidados de terapia intensiva. Pelo contrário, eles vão estabilizar o paciente que acaba de chegar já apresentando sinais de insuficiência respiratória para dar um suporte ventilatório precoce até que se consiga o leito de UTI. Eles vêm de uma maneira complementar e não substitutiva. É uma oferta a mais, além dos leitos de UTI habilitados”.
Perguntado por jornalistas sobre quais outros países estariam adotando este modelo de leito intermediário, o secretário de Atenção Especializada em Saúde, Luiz Otávio Duarte, afirmou que a proposta deve ser considerada pela qualidade da equipe. “Não dependo de país ou pesquisa lá fora, não estamos inventando, tudo isso tem alicerce técnico que temos hoje um capital intelectual que faz sim a projeção”, afirmou.
O governo brasileiro anunciou a ampliação da indicação dos medicamentos a base de cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento de covid-19 em pacientes com sintomas leves. O protocolo do Ministério da Saúde será atualizado para incluir a prescrição a crianças e gestantes. O uso das medicações está condicionado à avaliação médica, com realização de exames. A prescrição fica a critério do médico, e é necessária a vontade declarada do paciente. No caso de pacientes pediátricos ou incapacitados, é necessário o termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelos pais ou responsáveis legais.
“A orientação para uso precoce se justifica porque compõem grupo de risco e as modificações colocam ela com maior potencial de desenvolvimento de doença grave”, justificou a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, Mayra Ribeiro.
Perguntada sobre a decisão dos Estados Unidos de revogar a permissão de emergência para o tratamento com a cloroquina e a hidroxicloroquina, por meio do seu órgão regulador de medicamentos (FDA, na sigla em inglês), Mayra Ribeiro respondeu que a medida foi baseada em estudos com problemas metodológicos e reafirmou a defesa do Ministério sobre a aplicação desses medicamentos para casos mais leves da covid-19.
“Seguimos tranquilos, serenos, seguros quanto à nossa orientação. A do FDA tratava de pacientes mais graves. Os estudos utilizados pelo FDA não servem para o Brasil”. Questionada sobre as evidências utilizadas para a política sobre o polêmico medicamento, a secretária afirmou que “estudos com qualidade metodológica, com evidência científica levam tempo” e que “para enfrentamento de pandemia não podemos perder tempo enquanto aguardamos resultados de estudos”.
De acordo com o levantamento do Ministério da Saúde, o Brasil acumula 888.271 casos confirmados de covid-19 e 43.959 mortes foram registradas. Os casos recuperados somam 412.252.
Imagens: AEN/informações: Agência Brasil