há 7 horas
Publicado por Amanda Martins

A guerra contra o streaming pirata ganhou um novo capítulo neste fim de semana. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mais de 30 plataformas ilegais foram derrubadas no sábado (1º) após uma operação conjunta de autoridades argentinas.
Entre os serviços afetados está o My Family Cinema, um dos aplicativos piratas mais populares entre os brasileiros, conhecido por oferecer filmes e séries de forma irregular com catálogo semelhante ao da Netflix, além de planos de assinatura acessíveis em TVs, celulares e TV Box.
A decisão judicial partiu da Justiça da Argentina, onde os servidores das plataformas estavam hospedados, e impactou diretamente consumidores brasileiros, já que o conteúdo era transmitido a partir do país vizinho. A ação é resultado de uma investigação internacional com participação da Alianza Contra la Piratería Audiovisual (ALIANZA).
Reclamações após a queda do serviço
Com o bloqueio do My Family Cinema, usuários que pagavam pelo serviço relataram problemas e insatisfação. Além do site estar fora do ar, os aplicativos também deixaram de funcionar. No portal Reclame Aqui, o serviço pirata aparece com reputação “não recomendada” e soma 190 reclamações não respondidas.
Entre as queixas, assinantes relataram que o serviço foi interrompido sem aviso prévio, mesmo após renovações recentes de planos. Alguns usuários mencionaram que o aplicativo chegou a mudar de nome, passando a se chamar Eppi TV e Yoon Cinema, antes de também ser derrubado.
Apesar das reclamações, não há expectativa de reembolso para os consumidores, já que plataformas piratas não possuem representação legal no país. Especialistas alertam que, nesses casos, não há amparo pelo Código de Defesa do Consumidor, o que torna praticamente impossível recuperar valores pagos.
Alerta da Anatel sobre riscos digitais
Nos últimos meses, a Anatel vem reforçando o combate ao consumo de conteúdo ilegal e alertando sobre os riscos de segurança. O órgão destaca que aplicativos e dispositivos não homologados podem expor dados pessoais, permitindo roubo de senhas, fraudes financeiras e ataques cibernéticos.
Segundo a agência, o uso de TV Boxes piratas tem se mostrado especialmente perigoso. Investigações revelaram que muitos desses aparelhos possuem malwares pré-instalados, como o Bad Box 2.0, capaz de coletar informações sigilosas e participar de ataques cibernéticos. Em julho de 2025, o Brasil chegou a 1,5 milhão de dispositivos infectados, segundo dados oficiais.
Além de representar riscos aos usuários, esses equipamentos também geram tráfego suspeito mesmo em modo de espera, o que pode ser usado em golpes e acessos indevidos a sistemas bancários e públicos.
Iniciativas contra pirataria e TV Box
O bloqueio das plataformas ocorre em meio a uma série de ações da Anatel para reduzir a pirataria audiovisual no país. Em setembro de 2024, a agência lançou o Hackathon TV Box, concurso que premiou desenvolvedores com até R$ 7 mil por soluções capazes de detectar e bloquear dispositivos irregulares.
A iniciativa, realizada em parceria com a Comunidade Hackathon Brasil, busca proteger consumidores e redes de telecomunicações ao incentivar inovações tecnológicas no combate à pirataria.
Essas medidas fazem parte de uma estratégia mais ampla, que inclui educação do consumidor, cooperação internacional e bloqueio técnico de serviços ilegais. A Anatel pretende reduzir o alcance do mercado paralelo de streaming e fortalecer o ecossistema legal de entretenimento digital no Brasil.
Com informações do G1