O perfil ‘Contra Golpe Brasil’, que conta com mais um milhão de seguidores no Instagram e foi criado com o objetivo de identificar pessoas que participaram da invasão e destruição dos prédios dos Três Poderes em Brasília no dia 08 de janeiro, publicou nesta quinta-feira, 03, um vídeo e uma foto de uma pessoa residente em Ponta Grossa que teria participado da ação.
Segundo o perfil, trata-se de Ednilson Pontes. No vídeo, o homem aparece em Brasília, utilizando óculos de proteção, gritando palavras de ordem. “O povo unido jamais será vencido”, diz. “Brasília é nossa”, brada em outro trecho. (confira a publicação completa no final do texto).
Em seu perfil no Instagram, Ednilson afirma ser ‘Apenas um brasileiro que sonha com um país melhor’. Nas postagens, aparece em fotos com personalidades políticas, como a ex-candidata a deputada federal Keyla Ávila, e o ex-candidato ao Senado pelo Paraná, apoiado por Bolsonaro, Paulo Martins, entre outros.
Em uma das postagens, Ednilson afirma fazer parte da equipe de campanha de Keyla.
Segundo o portal DivulgaCand, do TSE, que torna público os gastos de campanha dos candidatos, em 2022 Ednilson recebeu R$ 24 mil reais para trabalhar na coordenação geral externa e de rua para a candidata Keyla Ávila.
O DivulgaCand também aponta Ednilson como doador da campanha de Keyla.
Imagens enviadas através do WhatsApp mostram que, até poucos dias nas redes sociais, Ednilson se identificava como Agente Penitenciário na Secretaria de Segurança Pública do Estado do Paraná.
O D’Ponta News solicitou à Secretaria de Segurança Pública do Paraná informações sobre a posição ocupada no Governo do Estado por Ednilson, tempo de prestação de serviço, forma da contratação, remuneração pública, local de lotação, bem como as funções desenvolvidas e se já esteve envolvido em alguma ocorrência interna ou medida disciplinar de relevância. Em resposta, o órgão afirmou que “As informações solicitadas estão publicadas no portal da Transparência do Governo do Estado.”
De acordo com o Portal da Transparência do Paraná, Ednilson era profissional de nível médio, temporário, com início das funções em 10/12/2021 e término do contrato em 20/07/2022, estando lotado no Departamento Penitenciário – Depen, e remuneração bruta variando entre R$3,3 mil e R$5,6 mil. (clique aqui e acesse o relatório gerado pelo Portal da Transparência)
Em uma publicação nas redes sociais, Ednilson confirma ter participado dos atos em Brasília, compartilhando vídeos do dia 08 de janeiro.
No Facebook, Ednilson aparece em uma foto no Centro de Ponta Grossa, durante, o que parece ser, o período eleitoral de 2022, com adesivo do ex-presidente Jair Bolsonaro ao fundo.
Em 2018, Ednilson foi cabo eleitoral da deputada federal Aline Sleutjes (PROS-PR). De acordo com o portal DivulgaCand, Ednilson recebeu R$1.250,00 para atuar na campanha.
Após a eleição de Sleutjes, Ednilson atuou em cargo comissionado no gabinete da deputada na Câmara Federal. Atuava como Secretário Parlamentar nível 08 entre 18/03/2019 a 04/08/2019, e nível 09 entre 05/08/2019 e 12/05/2020, com remuneração média de R$ 2.238,29 neste nível, de acordo com o Portal da Transparência da Câmara Federal. (clique aqui para acessar os dados disponíveis)
Confira a publicação do Contra Golpe Brasil.
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Na publicação, o perfil ‘Contra Golpe Brasil‘ pede que os internautas que tiverem informações sobre Ednilson enviem a denúncia através do e-mail [email protected].
O vídeo completo, ao qual a reportagem D’Ponta News teve acesso, mostra Ednilson durante a invasão do Congresso Nacional.
Assista.
A reportagem do D’Ponta News entrou em contato com Ednilson, com a ex-deputada federal Aline Sleutjes e com a ex-candidata a deputada federal Keyla Ávila.
Keyla afirmou que Ednilson trabalhou em sua campanha, como a de outros candidatos e, acima de tudo, é um grande amigo. Keyla afirma que, apesar de estar em Brasília no dia 08 de Janeiro, não participou e não concorda com os atos de vandalismo. “Suas lutas, assim como as nossas foram pacíficas e ordeiras. Além do mais é muito leviano acusações deste tipo de redes sociais visto que quem acusa deve provar. Neste caso em especial provar que ele fez parte dos atos de vandalismo.”
A ex-deputada Aline Sleutjes afirmou que não irá se pronunciar sobre a situação. “Obviamente que não, foi demitido a anos. Sem vínculo algum.”
Até o fechamento desta reportagem, Ednilson não havia se manifestado. Caso haja posicionamento, a reportagem será atualizada.
