Por Camila Souza
A partir desta semana, pacientes de Ponta Grossa e região não precisam mais se deslocar até Curitiba para realizar tratamentos com oxigenação hiperbárica. O Centro Hospitalar São Camilo é pioneiro nos Campos Gerais ao adquirir e colocar em funcionamento a primeira Câmara Hiperbárica da região. O novo equipamento representa um avanço importante no atendimento de diversas condições clínicas e já está em funcionamento no hospital.
O médico radiologista do Centro Hospitalar São Camilo, Raphael Sanfelice (CRM 35819), participou do programa Manhã Total da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM) nesta quinta-feira (26) e explicou os benefícios da nova tecnologia. Ele destaca que a câmara é especialmente útil no tratamento de feridas complexas, comuns em pacientes diabéticos, por exemplo. “O sangue no diabético não chega de forma adequada na extremidade da ferida e não cicatriza. Com a câmara, a oxigenação no tecido melhora muito, cerca de até 20% a mais”, explica.
A câmara hiperbárica é um equipamento fechado, geralmente cilíndrico, que pode ser pressurizado com oxigênio puro. Durante o tratamento, o paciente permanece dentro do equipamento respirando oxigênio em uma pressão maior que a atmosférica. Isso permite que uma quantidade superior de oxigênio seja dissolvida no sangue, promovendo benefícios terapêuticos para diferentes condições médicas.
Entre as indicações estão feridas que não cicatrizam, queimaduras, infecções causadas por bactérias anaeróbicas, intoxicações por monóxido de carbono e cianeto, doenças descompressivas, além de lesões por trauma como queimaduras e esmagamentos. “O tratamento de feridas complexas é a indicação padrão. Além disso, as queimaduras, uma vez que o tecido está com falta de sangue e oxigênio e precisa de uma nova formação, a câmara ajuda muito”, afirma Sanfelice.
O médico ressalta ainda o alívio que a aquisição representa para os moradores da região. Antes, os pacientes precisavam percorrer cerca de 100 km até a capital. “São 90 minutos dentro da câmara, imagina o desconforto em ter que se deslocar para Curitiba. Se a pessoa faz 10 sessões, fica uma hora e meia e volta para casa e assim vai indo várias vezes”, relata.
O médico também observa benefícios do uso da câmara em outras áreas da saúde, principalmente voltadas a atletas de alto rendimento. “Depois de treinos excessivos e aquela lesão muscular leve, o tratamento com a câmara ajuda bastante na recuperação”, exemplifica o médico, citando estudos sobre a eficácia do tratamento também no campo esportivo.
Durante as sessões, que duram cerca de 90 minutos, o paciente permanece em um ambiente controlado e confortável. No entanto, alguns cuidados são fundamentais devido à concentração de oxigênio. “Como estamos em um local com 100% de oxigênio, é um ambiente que pega fogo muito fácil”, alerta Sanfelice. Por isso, os pacientes precisam seguir um protocolo rigoroso: usam roupas fornecidas pelo hospital, feitas 100% de algodão. Também é colocada uma pulseira para dissipar energia estática e prevenir qualquer risco de faísca.
O processo de pressurização leva cerca de 18 minutos, o mesmo tempo necessário para a despressurização. “Não podemos pressurizar de uma vez, o paciente não aguenta, além de ter o risco de ocasionar barotrauma, que é o trauma por pressão. Isso causa, por exemplo, perfuração da membrana timpânica”, explica o especialista.
Apesar da estrutura segura, pacientes com claustrofobia precisam de atenção especial. “Se o paciente está com uma pressão plena, recomendamos que ele tenha calma e contamos que a pressão vai ser reduzida para que ele saia rapidinho”, orienta Sanfelice. Essa recomendação é passada antes mesmo do início do tratamento.
Os resultados aparecem rapidamente. “Pacientes que têm feridas muito extensas a gente realiza 10 sessões e avaliamos se ainda necessita continuar com o tratamento ou não. Mas com cinco sessões já há uma melhora”, relata o médico.
A terapia hiperbárica, no entanto, ainda não é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “O tratamento não é oferecido pelo SUS, mas em algumas situações, como os grandes queimados, existe um caminho de liberação para tentar de outras maneiras”, explica.
Entre as contraindicações estão pacientes grávidas e crianças menores de dois anos. “Não é porque vai fazer mal, mas não há estudos que comprovam a segurança”, comenta Sanfelice. Ele reforça que a avaliação médica é fundamental para a indicação do tratamento. “Pode marcar consulta que a gente avalia”, conclui.
Com o novo equipamento, o Centro Hospitalar São Camilo reforça sua posição como referência em inovação e cuidado humanizado na região dos Campos Gerais, ampliando o acesso a terapias avançadas que antes só estavam disponíveis em outras localidades.
Com duas unidades em Ponta Grossa, o Centro Hospitalar São Camilo atende todos os planos de saúde. A Unidade Centro está localizada na Rua Senador Pinheiro Machado, nº 563, enquanto a Unidade Uvaranas fica na Rua Siqueira Campos, nº 800.
A missão da instituição é promover saúde com qualidade, responsabilidade e inovação, mantendo os princípios do fundador São Camilo de Lellis. Entre os pilares do hospital estão o compromisso com o bem-estar, atendimento humanizado e ético, além da dedicação ao cuidado integral com compaixão e excelência.