O leite produzido nos Campos Gerais, especialmente pelas cooperativas que formam a Unium, é destaque nacional em qualidade e tecnologia. Em entrevista ao programa Manhã Total, da Rádio Lagoa Dourada (98.5 FM), nesta terça-feira (24), o vice-presidente da Castrolanda, Armando Carvalho Filho, explicou que 5% de toda a produção das cooperativas se transforma em leite com marca própria, como o Naturalle e Cultura Holandesa. Os outros 95% são destinados à indústria, sendo utilizados para fabricar produtos como leite em pó, queijos, concentrados proteicos e até leite envasado para outras marcas do mercado. O Naturalle, segundo ele, é livre de aditivos e tem validade de 4 meses, diferente de outras marcas que possui até 6 meses.
“O nosso tem menos tempo de validade porque não tem conservante nenhum. Conseguimos isso porque a nossa bacia leiteira é concentrada e conseguimos trazer os leites das propriedades até a indústria muito rápido. Além disso, as nossas propriedades têm níveis de qualidade altíssimos e a contagem bacteriana desse leite é muito baixa. Esse leite é ordenhado com muito cuidado e capricho, com máquina bem regulada, transportado de maneira adequada e industrializado muito rápido”, explica. “Esse leite consegue ir para a caixinha de forma rápida e em um processo livre de aditivo”, destaca.
Outro exemplo de qualidade destacado por Armando é o leite Italac envasado em Ponta Grossa. “A marca Italac paga pelo leite, paga pelo serviço e leva esse leite. É um leite de muita boa qualidade que você vai para o litoral do Paraná e encontra leite envasado em Ponta Grossa, e é leite das cooperativas Unium”, conta.
A planta de Ponta Grossa é uma das três fábricas da Unium, formada pela união das cooperativas Castrolanda, Frísia e Capal (antiga Batavo), todas com origem na imigração holandesa. “O principal negócio de industrialização da intercooperação é o leite,são três plantas produzindo. Uma em Ponta Grossa, uma em Castro e uma em Itapetininga (SP)”. Ele destaca que a Castrolanda lidera a operação láctea, enquanto Frísia e Capal são sócias.
A intercooperação, segundo Armando, vai além do leite e também atua com carnes e trigo. “No segmento trigo a líder é a Cooperativa Frísia, o moinho de trigo fica em Ponta Grossa”. Com o apoio de fornecedores externos e outras cooperativas, a Unium é hoje o terceiro maior captador de leite do Brasil, revela o vice.
A origem desse sucesso vem da própria história de colonização da região. “O fato da imigração holandesa não só em Castro, mas em Carambeí e Arapoti, foi algo muito importante para o desenvolvimento do agronegócio e agropecuária regional”. Para ele, a chegada de holandeses, japoneses e alemães trouxe uma nova cultura produtiva. “Fez com que os que migraram e colonizaram primeiro e que já estavam aqui começassem a copiar um modelo mais intensivo de agropecuária e agricultura”, revela.
Ele também lembrou que em 2026 a Castrolanda completará 75 anos. “Hoje a cooperativa está entre as 11 maiores cooperativas do Paraná. Tem um balanço muito bom, tem uma solidez financeira, como negócio, estrutura e cadeia”. A Castrolanda é uma empresa de quase R$ 6 bilhões por ano, gera cerca de 3 mil empregos e atua em diversos municípios do Paraná, no sul de São Paulo e agora com expansão para o Tocantins.
Armando reforça que o título de capital do leite para Castro é merecido. “Minas Gerais é o maior estado produtor de leite do Brasil. Mas o município produtor de leite é Castro e na sequência Carambeí. São mais de 300 milhões de litros de leite por ano em Castro, e mais de 200 milhões de litros em Carambeí”, conta. Ele destaca ainda que a captação diária gira em torno de 3 milhões de litros. “Esse leite não vai todo para o varejo, 95% dessa produção é de indústria para indústria. É produzido leite em pó, queijo, queijo com a nossa marca ou para outras marcas também. Existe um produto que se chama MPC, que é o concentrado proteico de leite, esse produto só a Castrolanda faz a nível Brasil”, destaca.
O vice-presidente da Castrolanda afirma que a produção leiteira local já está no mesmo nível das principais do mundo. “Os níveis de qualidade da nossa produção são algo que você não consegue mensurar a nível de Brasil”. Segundo ele, em 2010 existia uma grande diferença entre as fazendas brasileiras e as de outros países, mas hoje essa distância praticamente não existe. “Os melhores lugares do mundo em termos de produção de leite, você pode visitar uma propriedade em Castrolanda e Carambeí que é a mesma coisa de fora”, destaca.
Ele cita a presença de ordenha robótica, índices zootécnicos avançados e uma rotina rigorosa como base da excelência. “O leite é todo dia, 365 dias por ano, algo intenso, não tem feriados, a vaca precisa ser alimentada e ordenhada. É preciso criar uma rotina dentro da propriedade”, afirma. Ainda assim, reforça que o trabalho humano é essencial: “Cada robô ordenha 60 vacas, mas é necessário uma pessoa para continuar alimentando e monitorar os animais”, pondera.
O cuidado com os animais também é um pilar da produção. “Nutrição e bem-estar estão totalmente ligados à produtividade. Pro produtor de leite não é uma questão ideológica, é questão financeira. O produtor de leite tem que entender que precisa cuidar bem do animal, conduzir de forma adequada, promover um manejo de baixo estresse e no verão proporcionar ambiência térmica”, cita. Ele explica que vacas da raça holandesa começam a sofrer estresse calórico a partir dos 18 °C. “A gente usa ventilação constante e aspersão com água, isso traz ambiência. Nesse frio a vaca está no céu e não está sofrendo nada”, ou seja, ela destaca que o bem-estar animal de fato reflete no produto final.
Sobre a produção dos animais, ele conta que há vacas que chegam a produzir entre 100 mil e 150 mil litros de leite na vida, mas são exceções. “Rebanhos de alta intensidade, um animal vai durar em torno de quatro partos e vai virar um hambúrguer com os seus 6 ou 7 anos”. Já as bezerras começam a produzir leite com cerca de 24 meses e aí se tornam vacas.
Armando também falou sobre a importância da cooperativa para a economia de Castro. “O maior empregador do município de Castro é a Castrolanda. Hoje quem vê a colônia não vê toda a Castrolanda porque boa parte das nossas plantas não estão na colônia. Estão no parque industrial de Castro, Ponta Grossa, Piraí do Sul, Ventania, nos próprios distritos”. Além disso, a cooperativa possui lojas agropecuárias em Irati e Socavão, e unidades industriais no sul de São Paulo. “Nossa operação é bem distribuída”, finalizou.
Veja a entrevista na íntegra: