Quinta-feira, 14 de Novembro de 2024

“PG pode levar mais de dois anos para vacinar 70% da população”, alerta Everson Krum

2021-03-01 às 13:53

Ponta Grossa soma exatas 11 mil doses da vacina aplicadas contra a covid-19, de acordo com dados oficiais da Prefeitura Municipal divulgados nesta segunda-feira (1). Segundo o professor Everson Krum, vice-reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e diretor do HU-UEPG por oito anos, caso se mantenha neste ritmo, a cidade levará 925 dias, ou seja, 30 meses, ou dois anos e seis meses para vacinar 70% dos 355.336 habitantes e alcançar a chamada imunidade de rebanho.

O cálculo de Everson leva em conta o número total de doses aplicadas (ou seja, os pacientes que receberam alguma das doses) e a média diária de vacinação nestes primeiros 41 dias desde que a primeira dose foi aplicada (19 de janeiro) – o cálculo mostra que a cidade vacinou cerca de 268 pacientes por dia.

De lá pra cá, a Prefeitura aplicou 11 mil doses de vacinas – alguns pacientes já receberam duas doses, especialmente os profissionais da linha de frente da saúde, mas a maioria dos vacinados recebeu apenas uma dose. “Esse dado mostra como o caminho que temos que trilhar é longo”, diz Everson. Os estudos mostram que o paciente fica totalmente protegido contra casos mais graves da doença em  cerca de 14 dias após receber a segunda dose da vacina.

O docente lembra que há uma expectativa da chegada de novas doses e que o processo seja agilizado. Mesmo assim, o doutor em Hematologia destaca que é preciso que a população redobre os cuidados de prevenção. “Esse cálculo básico que fiz mostra como não podemos encarar a vacina como um “liberou geral”. Mesmo que haja mais ofertas de doses, vai demorar um tempo razoável até garantirmos uma porcentagem aceitável”, diz.

Everson também calculou o prazo para a cidade vacine toda a população (incluindo até crianças) é bastante elevado, cerca de 44 meses ou seja, quase quatro anos – isso caso o ritmo atual de vacinação seja mantido. “É apenas a vacinação em massa que vai garantir uma nova normalidade, parecida com aquela que estávamos acostumados”, destacou o professor e vice-reitor da UEPG.

Everson salienta que a análise mostra que o cenário é preocupante, reforçando o argumento já apresentado pelo vice-reitor de que a vacina não deve representar a ideia de “liberou geral”. “Com a oferta de vacinas acontecendo num ritmo tão lento como este, precisamos entender que os cuidados de prevenção devem ser redobrados para evitar um caos no sistema de saúde”, conta o professor.

Com a experiência de ter sido o responsável pelo HU-UEPG por quase uma década, Everson lembra ainda que o complexo Plano Nacional de Vacinação, do Ministério da Saúde, é o responsável por destinar as vacinas aos estados, que destinam às regionais e só então aos municípios. “A falta de vacina não é culpa do gestor local, esse gestor local de saúde só está trabalhando com aquilo que lhe é fornecido, em termos de vacina”, afirma.

 

Compra de vacinas por meio das Prefeituras pode ser um caminho

Krum lembra ainda que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), tomada na noite desta terça-feira (23) e que permite que Governos Estaduais e Prefeituras comprem vacinas por conta própria pode ser uma alternativa para ampliar a vacinação. “Em um momento de incerteza política, essa decisão do STF permite que os municípios com maior fôlego econômico imunizem suas populações, mas também deve gerar uma disputa desigual entre as prefeituras”, ressalta Everson.

Da assessoria