Sábado, 14 de Dezembro de 2024

“Quem vem primeiro, o ovo ou a galinha, ou melhor, o candidato ou o cidadão? – Parte II”, por Lúcio Olivo Rosas

2023-12-07 às 16:16

Você conseguiu ler a matéria anterior? Chegou a uma conclusão??

Para melhorar esse entendimento, vamos relembrar algumas afirmações do texto anterior:

1 – OVO VEIO PRIMEIRO

Segundo os historiadores, os répteis depositam ovos e as aves que descendem deles também depositam ovos, já que possuem essa característica. Portanto, é possível afirmar que o ovo surgiu antes da galinha.

2 – CIDADÃO VEM PRIMEIRO

O voto, como forma de expressão democrática num regime republicano, é o instrumento mais valioso para a representação popular. Sendo assim, como ele é proferido pelo cidadão, este deve estar à frente das preocupações de todos os agentes políticos para a autenticidade do sistema representativo e para a defesa dos direitos humanos fundamentais.

HERMENÊUTICA

Para compreendermos as duas citações e, assim, chegarmos a uma conclusão sobre a analogia aplicada no texto da matéria anterior, podemos encontrar na Hermenêutica uma fonte de inspiração, uma vez que ela é um instrumento de análise (RICOEUR, 1989) eficaz na construção imaginária e simbólica para compreender obras teóricas ou poéticas.

Dessa forma, a simbologia desejada é compreendida quando aproximamos os dois recursos textuais.

Se o ovo surgiu antes da galinha e o cidadão é mais importante do que um candidato, então o ovo é para o cidadão assim como a galinha para os candidatos, certo?

Mas calma, essa afirmação não é pejorativa, mas sim iluminadora. Se compreendidas conforme os princípios democráticos, podemos estabelecer uma relação de valor entre os agentes políticos que garantam a evolução e uma qualidade de vida efetiva para todos os cidadãos de uma comunidade.

MARKETING PARA BOAS RELAÇÕES

Se aplicarmos alguns princípios de marketing, como a troca e o valor, provocados por uma organização ou empresa, representada pelos partidos, que lançam seus produtos (no caso os candidatos) para serem comprados (a relação é com o voto) pelos consumidores (representados pelo eleitor/cidadão), com o objetivo de atender às suas expectativas, pode-se estabelecer uma relação de valor, que é, de fato, o que garante a longevidade do produto no mercado.

Vocês conseguiram compreender essa analogia entre mercado e eleição?

Portanto, é necessário elaborar táticas para consolidar tudo isso, bem como analisar o mercado (opinião dos indivíduos) para criar um produto (candidato) que satisfaça as expectativas dessas pessoas. Essas são as condições cruciais para iniciar uma construção de valor, correto?

Muitas vezes acontece o contrário, as empresas definem um produto (candidato), gastam com comunicação para ser aceito (ter o voto) e nem sempre dão o resultado esperado (ganham a eleição). Culpa de quem, da empresa, do produto ou do mercado?

A relação de consumo é muito parecida com a das eleições, por isso o marketing político tem sido uma ótima opção para que todas essas decisões estejam em sintonia, pelo menos que garanta a maioria da aprovação das pessoas.

Para ter a aprovação do consumidor (cidadão) e realizar uma compra (ganhar a eleição), deve entregar excelência no consumo (período do mandato), caso contrário, o consumidor (cidadão) vai procurar uma nova opção de produto (candidato). Parece simples, mas na verdade é. Basta ouvir o mercado e oferecer um produto que ele queira!

Lúcio Olivo Rosas

Então, por que os produtos, em alguns momentos, são adquiridos pelos consumidores e, depois, deixam de ser os preferidos, perdendo espaço para um concorrente?

A resposta também é bastante clara: o produto que não cumpre o que promete, causa frustração no consumidor, o que nem a comunicação pode resolver. Ao contrário, toda vez que o produto for anunciado, aumentará a desconfiança, uma vez que o mercado ainda não estabeleceu uma relação de valor com o produto.

Sendo os partidos as indústrias onde os produtos serão fabricados, a escolha do perfil do candidato é crucial, pois este deve atender aos anseios do mercado, e não empurrar um produto, pois isso vai dar errado. Além disso, não adianta colocar a culpa no profissional de marketing e de comunicação, pois o erro será da direção da organização.

Mas, para ter êxito, o caminho é longo e árduo, pois esse processo de criação de produto terá que passar por algumas etapas, que nem sempre estão nas expectativas da organização.

Se considerarmos as eleições como um cenário de trocas, ouvir as pessoas antes é a síntese da relação de confiança que será expressa através do voto. A capacidade de compreender o que as pessoas desejam é a chave fundamental para o êxito em uma eleição. Aqueles que cumprem essa tarefa com excelência, com certeza alcançarão êxito.

Assim sendo, manter o foco no mercado e maximizar a satisfação das pessoas ainda são as táticas mais eficazes de Marketing.

Coluna Connecting

por Lucio Olivo Rosas

Lucio Olivo Rosas é mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), especialista em Direito dos Empreendimentos Econômicos, pela UNIPAR/PR (Universidade Paranaense), graduado em Direito pela UEM (Universidade Estadual de Maringá) e Administração pela UNICESUMAR/PR (Centro Universitário de Maringá). Com vasta experiência profissional na área do Marketing e Comunicação, sendo professor universitário por mais de 20 anos, foi Coordenador de Mídias Institucionais e Marketing Estratégico na Unipar e, recentemente, exerceu a função de Secretário de Comunicação do Município de Maringá, além de consultor empresarial e conferencista nas áreas de Marketing Digital, Legislação do Consumidor, Comunicação e Negócios.