Jesus, o Cristo, é a perfeita unidade do homem-homem e homem-Deus, portanto singular em sua pluralidade.
Ao reportarmos à ciência da Física, conseguiremos ter uma nuance do entendimento do problema da singularidade de Jesus, embora o tema seja complexo. Se não, vejamos: Chamado de “Lei de Coulomb”, resta provado que a atração magnética entre dois campos carregados existe e diz: “A força entre dois corpos será atrativa se os mesmos tiverem cargas opostas!”
A existência de Jesus como homem material, físico, não havia sido discutida com maior abrangência antes dos séculos XIX e XX, haja vista sua compreensão de que se descartaria qualquer pensamento contrário à historicidade da narrativa bíblica. Mas, mesmo com diversas investidas modernas de filósofos e historiadores contra o Jesus histórico, não se obteve sucesso. Jesus, portanto, foi, é, e será real à medida que o conhecimento avança sobre Ele e sobre os que nEle creem.
Destarte, explicar a uniforme presença do homem/Deus no mesmo indivíduo escapa à luz da razão, mas a Teologia contemporânea lança, para além de dogmas, experiências metodológicas e técnicas que avançam na pauta e asseguram ser possível tal fenomenologia na práxis.
Desde os tempos da igreja primitiva, e mais particularmente desde o Concílio de Calcedônia, existe a confissão das duas naturezas de Cristo, a saber, humana e divina. Isso é o que afirma o teólogo reformado Louis Berkhof. Segundo Berkhof, a igreja, por meio do supracitado Concílio, não dirimiu todas as dúvidas sobre a unicidade das duas naturezas de Cristo, mas reconheceu a autoridade das Sagradas Escrituras que afirmam ser esta a verdade sobre a pessoa do Messias.
Neste diapasão, o teólogo Millard J. Erickson afirma: “A transposição do abismo metafísico, moral e espiritual entre Deus e os homens – e, portanto, nossa própria salvação – depende da unidade entre a divindade e a humanidade em Jesus Cristo.
Ortodoxos, os dois teólogos manifestam apreço pela experimentação do fenômeno de Jesus como verdadeiro homem e completo Deus.
George Eldon Ladd, outro eminente teólogo moderno, evidencia que o Reino de Cristo, além de escatológico, é também presencial. A Cristo ele se refere, nas palavras sacras das Escrituras, como (Kyrios) – do grego Senhor. Ladd impulsiona, desta forma, a dualidade de Cristo e sua divindade, afirmada na presença dEle na Terra como homem.
Ademais, quais as manifestações mais evidentes que, atônitos, podemos averiguar sobre Cristo e sua obra na Terra, ao longo dos comumente acordados 33 anos de vida terrena, a que podemos comparar com a teoria da união de opostos, de Coulomb?
Vejamos alguns detalhes: Primeiramente, Cristo jamais se permitiu pegar em armas, mas chamou a si um discípulo do grupo separatista, que pregava o uso da violência e de armas contra o jugo de Roma, a saber, Simão, o zelote. O agora discípulo abandona seus dogmas para aprender a pacificação por meio do Reino do Amor, pregado pelo seu Senhor.
Em segundo lugar, Jesus encaminha um grupo de pessoas sem instrução formal, tais como Pedro e João, homens iletrados, segundo afirma o livro histórico de Atos dos apóstolos, escrito por Lucas, médico, no capítulo 4, versículo 13, e estes se tornam notórios pregadores da Palavra de Deus em meio a pessoas de alta instrução e doutores da lei. Parece ser milagre o fato de que iletrados sejam verborrágicos a ponto de levarem consigo grandes multidões e fazer com que estas aprendam as Escrituras por meio deles.
Em terceiro lugar, Jesus chama a si um publicano, Mateus, a quem os israelitas odiavam, por ser empregado de Roma, um coletor de impostos. Tudo isso ganha especial relevância quando Zaqueu, homem também a serviço de Roma, converte-se a Cristo em uma radical mudança de mente (Metanoia), do grego, que equivale à transformação de pensamento, conduta e vida.
Jesus afirmou sua humanidade ao morrer, mas consolidou sua divindade ao ressuscitar! E para nós, quem é Cristo? Homem-homem, homem-Deus, homem exemplo de vida, singular em sua multifacetada graça.
Fiquemos com as palavras sutis e verdadeiras de Ítalo Calvino, que discorre sobre uma das razões do porquê cremos no que cremos:
“A fé é uma visão das coisas que não se veem!”