Neoliberalismo na Educação Brasileira
O neoliberalismo, modelo capitalista que fecundou a partir das décadas de 80 e 90, alterou o cenário político e social dos países em desenvolvimento. No Brasil, o consenso de Washington pôs em xeque a prática pedagógica e concentrou sob o capitalismo e a iniciativa privada as tão importantes políticas de valorização/desvalorização dos profissionais da educação.
Sob esta ótica, a educação brasileira sofreu seu flagelo de descentralização do público mediante concessões à iniciativa privada, bem como perdeu o poderio central nas discussões de vanguarda de construção de conhecimentos para as especulações do mercado e seus investidores.
Deste modo, evidencia-se, na política educacional brasileira, um cenário de privatização do saber, à medida que o mercado extrai das escolas sua mão de obra barata e consegue alcançar o controle das ações políticas de Estado no que respeita à educação. Para Saviani (1991), é fato que a política pública educacional brasileira, a partir da década de 90, rendeu-se à iniciativa privada, focando a descentralização do pedagógico teórico e metodológico das mãos do poder público e passou a ser dirigido pelas especulações advindas do terceiro setor.
Para Galvão (1997) o neoliberalismo na educação brasileira se tornou realidade na década de 90 e trouxe consigo a premissa do desmonte do que é público, a saber, a carreira dos profissionais do magistério na educação básica pública brasileira e a condução do currículo escolar a uma condição de subserviência ao setor privado.
Batista (1995) ressalta que a visão neoliberal na educação brasileira alcançou notoriedade com as políticas de construção de currículo adaptado aos desejos do mercado, projetando, de igual modo, a educação a um patamar de qualificação de mão de obra mera e simplesmente. Isso posto, percebe-se que a construção de conhecimento perdeu espaço vital no desenvolvimento dos pilares do sistema educacional e a noção de cidadania foi ultrapassada pela desvalorização das escolas como promotoras de inclusão social.
Para Favoreto (2008), a luta de classes nunca foi tão necessária para a carreira docente e a construção de um novo patamar educacional no Brasil. A consciência cidadão, para a autora, deverá suprir a lacuna do reformismo neoliberal para que haja maior determinação na aplicação dos conceitos de formação de sujeitos livres através da educação, ´por meio das escolas públicas.
A este respeito, Trópia (2006) enfatiza que as classes trabalhadoras em educação precisam estar atentas aos achaques do sistema político opressor neoliberal para que possa ressignificar o processo educativo dentro do ponto de vista da construção de conhecimentos, não apenas da transmissão de dados e aferição de índices.
Neste ínterim, no que respeita aos índices da educação, percebe-se que o IDEB – Índice de desenvolvimento da educação básica – caminha lado a lado com o sistema neoliberal, haja vista sua metodologia de avanço mediante números e não percepção do processo evolutivo educativo contínuo como um todo. Isso é fruto de um sistema de especulação mercadológico que extrai da educação o que necessita para sua sobrevivência e reitera a mecanização e o tecnicismo da educação.
Entender o sistema educacional e as implicações neoliberais que vigoram neste é imprescindível para a projeção de uma sociedade mais politizada, inclusiva e voltada aos valores humanos.