Terça-feira, 24 de Dezembro de 2024

Coluna Draft: ‘Palavras também têm sexo’, por Edgar Talevi

2024-04-09 às 10:20

‘Palavras também têm sexo’

Você teria coragem de pedir ‘quinhentas’ gramas de alcatra no mercado? Se sim, sua ousadia não encontra guarida nas normas gramaticais vigentes. A explicação é simples: ‘peso’ é palavra masculina, qual seja: “quinhentos gramas de alcatra; seiscentos gramas de presunto.”

Outras formas também assumem o masculino, a saber: “um grama de ouro; o quilograma; o centigrama; o miligrama.”

No entanto, quando se tratar de ‘relva’, o adequado é usar a palavra no feminino: “a grama está alta.”

Há uma série de palavras na Língua Portuguesa que suscitam dúvidas quanto ao gênero, mas algumas são iminentemente mais comuns. Vejamos dois casos especiais: “agravante e atenuante.”

Raramente se encontram esses termos na forma correta, o feminino. Mas nunca hesite em escrever: ‘no processo, havia várias agravantes e só uma atenuante.’

Segundo o jornalista Eduardo Martins, é possível seguir uma regra prática: a letra inicial do vocábulo define o artigo que se deve usar: Assim: ‘a a-gravante, a a-tenuante.’

Destarte, quando as palavras se referem a uma situação de pessoa específica, devem concordar com o sexo dela. É o caso de ‘personagem’. Ex. “o personagem Romeu e a personagem Julieta.”

Também é importante fugir de alguns equívocos muito habituais e acertar no uso de palavras extremamente comuns no dia a dia: “a alface; a cal; a omoplata; a hélice; a ferrugem; a fuligem; a apendicite; a cedilha; a comichão; a entorse.”

Outras palavras comuns despertam dúvidas também, como é o caso de Champanhe e Guaraná. Ambos são masculinos, portanto ‘o champanhe e o guaraná.’

São muitas dúvidas encontradas no uso habitual de nosso idioma, mas sempre há tempo para acertar na fala e na escrita, tornando a comunicação cada vez mais eficaz.

Encerramos nossa crônica desta terça-feira com os versos de Karin Raphaella Silveira:

Na sofreguidão de escrever…
Tropecei no português…
Ó que dor profunda…
Tropiquei num verbo do futuro
E engoli um artigo sem querer (…)

Coluna Draft

por Edgar Talevi

Edgar Talevi de Oliveira é licenciado em Letras pela UEPG. Pós-graduado em Linguística, Neuropedagogia e Educação Especial. Bacharel e Mestre em Teologia. Atualmente Professor do Quadro Próprio do Magistério da Rede Pública do Paraná, na disciplina de Língua Portuguesa. Começou carreira como docente em Produção de texto e Gramática, em 2005, em diversos cursos pré-vestibulares da região, bem como possui experiência em docência no Ensino Superior em instituições privadas de Ensino de Ponta Grossa. É revisor de textos e autor do livro “Domine a Língua – o novo acordo ortográfico de um jeito simples”, em parceria com o professor Pablo Alex Laroca Gomes. Também autor do livro "Sintaxe à Vontade: crônicas sobre a Língua Portuguesa". Membro da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes. Ao longo de sua carreira no magistério, coordenou inúmeros projetos pedagógicos, tais como Júri Simulado, Semana Literária dentre outros. Como articulista, teve seus textos publicados em jornais impressos e eletrônicos, sempre com posicionamentos relevantes e de caráter democrático, prezando pela ética, pluralidade de ideias e valores republicanos.