Sábado, 28 de Dezembro de 2024

Coluna Draft: ‘Qual a origem do seu sobrenome Parte II’, por Edgar Talevi

2024-11-27 às 09:29

O Brasil é uma fonte inesgotável de riqueza étnica. Isso é motivo de orgulho! Buscar nossas origens, através do estudo de nossa ascendência, pode nos revelar a ligação que temos com a cultura e contexto de vida que carregamos e deixaremos como legado para as próximas gerações. Então, nada mais importante que conhecer um pouco mais sobre nossa gênese familiar.

Os sobrenomes revelam parte de nosso passado familiar e herança que recebemos. Daí um bom motivo para navegarmos pela história das alcunhas mais famosas no Brasil. Vamos a elas:

Santana: com influência religiosa, Santana deriva de Santa Ana, uma referência à avó de Jesus Cristo. O sobrenome foi trazido ao Brasil por uma família espanhola, em 1882, a bordo do vapor África, vindo das ilhas Canárias. Hoje ocupa a 37ª posição entre os sobrenomes mais comuns no país.

Santos: 2º sobrenome mais comum no Brasil e em Portugal, também possui origem religiosa. Deriva da palavra latina “sanctus”, que significa “consagrado”. A origem mais provável de “Santos” é da “Sierra de los Santos”, no Sul da Espanha. Esse era o sobrenome dado às pessoas que nasciam no dia 1º de novembro, no dia de Todos os Santos.

Silva: é o sobrenome mais comum no Brasil e Portugal. A origem deste sobrenome é geográfica, derivando do termo latino “silva”, que significa “selva” ou “floresta”. Com a presença de Romanos na Península Ibérica, alguns lusitanos aderiram ao sobrenome Silva, ampliando seu uso.

Simões: este sobrenome faz referência aos filhos de um patriarca de nome Simão. A origem, no entanto, é bíblica, vinda do hebraico, e significa “aquele que ouve”, “ouvinte”.

Soares: O “es” no final deste sobrenome indica que se trata de “filho de “, portanto um sufixo patronímico. Provavelmente venha do nome próprio “Soeiro”. Há quem considere uma relação com o nome “Soariu”, de origem incerta. No Brasil, é o 17º mais frequente em uso.

Sousa/Souza: Escrito com “s” ou “z”. A versão Souza, com “z”, é a mais comum no Brasil, sendo o 4º sobrenome mais frequente no país. Por sua vez, Sousa, com “s”, é o 29º mais comum. A origem de ambos é igual, vinda do latim “saxa”, que significa algo como “seixo” ou “rocha”. A palavra sofreu alteração no português arcaico, tornando-se em “sausa”, evoluindo para “Sousa”. Mais tarde, passou também a ser registrada com “z”.

Teixeira: a inspiração deste sobrenome é no teixo, árvore da família das taxáceas. Essa árvore tem folhas e sementes venenosas, mas é cultivada como planta ornamental, sendo usada, de igual modo, como cerca viva. O registro mais antigo de que se tem notícia é de origem portuguesa, no século XII. Trata-se do 39º sobrenome mais frequente no Brasil.

Vieira: tem sua origem no latim “veneria”, significando um molusco de carne branca com duas conchas em forma de leque. Hoje, Vieira é o 20º sobrenome mais frequente no Brasil.

Muitas são as histórias de nossos sobrenomes e suas origens. Certamente não faltam lendas e mitos que nos levam a aventuras pelo mundo de nossos antepassados. Carregamos um pouco de nossa herança cultural cada vez que assinamos nossos nomes em um papel.

Faço valer o célebre pensamento do poeta brasileiro, Hideraldo Montenegro:

“Cuidado: você pode se tornar vítima de sua herança cultural”.

Coluna Draft

por Edgar Talevi

Edgar Talevi de Oliveira é licenciado em Letras pela UEPG. Pós-graduado em Linguística, Neuropedagogia e Educação Especial. Bacharel e Mestre em Teologia. Atualmente Professor do Quadro Próprio do Magistério da Rede Pública do Paraná, na disciplina de Língua Portuguesa. Começou carreira como docente em Produção de texto e Gramática, em 2005, em diversos cursos pré-vestibulares da região, bem como possui experiência em docência no Ensino Superior em instituições privadas de Ensino de Ponta Grossa. É revisor de textos e autor do livro “Domine a Língua – o novo acordo ortográfico de um jeito simples”, em parceria com o professor Pablo Alex Laroca Gomes. Também autor do livro "Sintaxe à Vontade: crônicas sobre a Língua Portuguesa". Membro da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes. Ao longo de sua carreira no magistério, coordenou inúmeros projetos pedagógicos, tais como Júri Simulado, Semana Literária dentre outros. Como articulista, teve seus textos publicados em jornais impressos e eletrônicos, sempre com posicionamentos relevantes e de caráter democrático, prezando pela ética, pluralidade de ideias e valores republicanos.