A pandemia da Covid-19 vem causando um profundo impacto nas estatísticas vitais da população de Ponta Grossa. Além das mais de 33 mil vítimas fatais atingidas pela doença no Paraná, o novo coronavírus vem alterando a demografia de uma forma nunca vista desde o início da série histórica dos dados estatísticos dos Cartórios de Registro Civil em Ponta Grossa, em 2003: nunca se morreu tanto e se nasceu tão pouco em um primeiro semestre como neste ano de 2021, resultando na menor diferença já vista entre nascimentos e óbitos nos primeiros seis meses do ano.
Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil, base de dados abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do País, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), cruzados com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base nos dados dos próprios cartórios brasileiros.
Em números absolutos, os Cartórios de Ponta Grossa registraram 2.284 óbitos até o final do mês de junho. O número, que já é o maior da história em um primeiro semestre, é 96,5% maior que a média histórica de óbitos no município, e 111% maior que os ocorridos no ano passado, com a pandemia já instalada há quatro meses no município. Já com relação a 2019, ano anterior à chegada da pandemia, o aumento no número de mortes foi de 90%.
Com relação aos nascimentos, Ponta Grossa registrou o menor número de nascidos vivos em um primeiro semestre desde o início da série histórica em 2003. Até o final do mês de junho foram registrados 2.592 nascimentos, número 8,1% menor que a média de nascidos no município desde 2003, e 3,9% menor que no ano passado. Com relação à 2019, ano anterior à chegada da pandemia, o número de nascimentos caiu 12,2% em Ponta Grossa.
O resultado da equação entre o maior número de óbitos da série histórica em um primeiro semestre versus o menor número de nascimentos da série no mesmo período é o menor crescimento vegetativo da população em um semestre no município, aproximando-se, como nunca antes, o número de nascimentos do número de óbitos. A diferença entre nascimentos e óbitos que sempre esteve na média de 1.659 nascimentos a mais, caiu para apenas 308, uma redução de 81,4% na variação em relação à média histórica. Em relação a 2020, a queda foi de 80,9%, e em relação a 2019 foi de 82,4%.
“O Portal da Transparência do Registro Civil possibilita que toda a sociedade se dê conta da dimensão dos fatos ocorridos durante o passar dos anos, ainda mais nesta situação peculiar da pandemia. É de extrema importância para que medidas sejam tomadas pelo Poder Público diante da nova realidade populacional para os próximos anos “, comenta a presidente do Instituto do Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Paraná (Irpen/PR), Elizabete Regina Vedovatto.
Natalidade e Casamentos
Por mais que não seja a regra, a série histórica do Registro Civil demonstra que o aumento no número de casamentos está diretamente ligado ao aumento da taxa de natalidade em Ponta Grossa, o que deve fazer com que os nascimentos ainda demorem um pouco a serem retomados, já que no primeiro semestre de 2021 o município registrou o segundo menor número de casamentos desde o início da série histórica.
Embora 17,6% menor que a média histórica de casamentos no primeiro semestre em Ponta Grossa, o número de matrimônios em 2021 mostra uma pequena recuperação em relação às celebrações do ano passado, fortemente impactadas pela chegada da pandemia que adiou cerimônias civis em virtude dos protocolos de higiene necessários à contenção da doença. Até junho deste ano os Cartórios celebraram 112 casamentos civis, número 14,1% maior que os 85 matrimônios realizados no ano passado, mas ainda 14,9% menor que os 130 casamentos celebrados em 2019.
da assessoria