Sábado, 21 de Setembro de 2024

Encerrar quarentena pode ser pior para a economia, diz advogado tributarista ponta-grossense

2020-03-28 às 15:37

A economia não deve quebrar por causa da quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus. Na verdade, é o contrário: se a quarentena for encerrada, aí é que a economia pode ser prejudicada. Essa é a tese do advogado tributarista ponta-grossense Pedro Manoel Pereira da Silva. “Se o número de infectados for muito grande, levaremos mais tempo para repor a força de trabalho, porque uma parte das pessoas vai morrer e a outra parte vai sofrer com as consequências mais duras de um segundo baque, pois estará sem capacidade de recuperação”, defende.

Ele menciona que “todos os economistas sérios do país são a favor da quarentena”. “O motivo é este: quanto antes se fizer a quarentena, mais rápido será achatada a curva de infectados. Desse modo, será possível tratar as pessoas com mais disponibilidade de equipamentos e de pessoal”, aponta. O advogado acrescenta que o Sistema Único de Saúde (SUS) pode entrar em colapso, caso o confinamento seja interrompido. “Se o SUS entrar em colapso, doenças que deveriam ser tratadas não terão espaço, porque alargamos a curva de prevenção do vírus”, explica.

Recessão

Entrar em uma recessão econômica, segundo Pereira da Silva, é inevitável, pois dois dos principais parceiros econômicos do Brasil – Estados Unidos e China – também vão entrar. “Não há como fugir disso. Temos apenas que minimizar os impactos. Mas, para isso, precisamos de uma população saudável mais rápido. Boa parte das pessoas ficará doente, sim, mas em um espaço de tempo maior e com recuperação mais rápida, se cumprirmos a quarentena de forma adequada”, argumenta.

Ele observa ainda que as empresas devem passar dificuldades em um primeiro momento, mas que vão receber contrapartida do governo. A população mais pobre também deve contar com medidas de apoio, como a renda mínima. “A renda mínima será aprovada pelo Senado na próxima segunda-feira [30]. Todos os senadores informaram que vão aprovar de maneira maciça. A forma como a renda mínima será distribuída ainda tem que ser informada pelo Governo Federal, mas, ao que tudo indica, será realizada nos moldes do programa Bolsa Família”, conclui.

Por Rafael Guedes / Foto: Arquivo pessoal