Nesta quinta-feira (15), a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) realizou a formatura extemporânea de julho. A solenidade aconteceu na Sala dos Conselhos do Campus Uvaranas, com transmissão por Google Meet aos formandos, e respeitou os protocolos de biossegurança, como utilização de máscaras, álcool em gel e distanciamento. Na ocasião, formaram-se alunos das modalidades presenciais e do ensino a distância (EaD).
Fora 84 acadêmicos formados, sendo 30 de Medicina; 2 de Administração; 18 de Administração Pública EaD; 1 de Comércio Exterior; 3 de Ciências Contábeis; 1 de Ciências Econômicas; 3 de Licenciatura em Computação; 6 de Licenciatura em Educação Física EaD; 2 de Engenharia de Computação; 2 de Engenharia de Materiais; 1 de Licenciatura em Geografia EaD; 9 de Licenciatura em História EaD; 1 de Licenciatura em Letras Português-Espanhol; 1 de Licenciatura em Matemática EaD; 3 de Pedagogia; 1 de Direito; e 1 de Licenciatura em Música.
Marco Histórico
O dia foi de primeiras vezes para os alunos e para a instituição. A acadêmica de Medicina, Bruna Tainá Po Tanh Paliano, do povo Kaingang da Terra Indígena Xapecó, foi a primeira aluna indígena a se formar em Medicina pela UEPG. O marco histórico é ressaltado pela sua professora Fabiana Postiglioni Mansani, diretora do Setor de Ciências Biológicas e da Saúde (Sebisa). “A formatura da Bruna tem uma importância ímpar na história do curso de Medicina da UEPG. O nosso curso nasceu com o objetivo de atender a comunidade do município e também de todo o entorno da região, para que a gente pudesse formar médicos de excelência e qualidade”, explica.
De acordo com Fabiana, o curso de Medicina é voltado para que os profissionais possam dar uma devolutiva na melhoria da saúde da comunidade. “Dentro deste cenário estão envolvidas também as aldeias indígenas, que precisam ter um médico que vá fazer o atendimento e que faça a relação entre os conhecimentos que são culturais indígenas e o aprendido na formação médica”. A diretora do Sebisa enfatiza o fato é histórico para o curso de Medicina, uma vez que Bruna entrou na Universidade por meio do Vestibular Indígena. “Agora ela sai com toda essa bagagem de formação para ser uma médica dentro da sua comunidade . Isso para nós é uma conquista de relevância e de destaque, não só para o Paraná, mas também a nível nacional”, completa.
O curso de Direito também marca a formação de mais um aluno indígena na Universidade. Willian Maciel colou grau e tornou-se bacharel em Direito. Segundo ele, o sentimento é de gratidão, alívio e alegria. “Gratidão por todos que me ajudaram durante essa caminhada. Alívio por ter conseguido concluir um curso tão prestigiado e respeitado como é o Bacharelado em Direito pela Gloriosa UEPG. E alegria por ter conseguido esse feito”, explica. Para Willian, a atuação do profissional em Direito é de suma importância para a sociedade. “Buscarei contribuir para o desenvolvimento da sociedade e em especial da minha comunidade Kaingang de Mangueirinha, a qual fui representante nesta Universidade. Pretendo auxiliá-los, como jurista, no desenvolvimento e garantia de seus direitos constituídos”.
Para Letícia Fraga, membro da Comissão Universidade para o Índio (Cuia), cabe à instituição atender ao aluno indígena da entrada pelo Vestibular, com o objetivo de mantê-lo como aluno regular. “Especialmente nos últimos anos temos avançado em relação às demandas desses alunos, como transporte, alimentação e monitoria nas disciplinas que eles têm dificuldade”. Segundo a professora, o caminho agora é avançar em demais ações para acolhimento do aluno na Universidade. Na UEPG, cada curso com estudante indígena tem um representante na Cuia, o qual tem papel de fazer a mediação das demandas dos alunos.
Letícia explica que o trabalho da Universidade deverá avançar em projetos políticos dos cursos, como contemplar autores indígenas que discutam o conhecimento tradicional. “Os alunos indígenas que vêm para a instituição têm muito a nos ensinar, são saberes milenares. Em todos os cursos é possível incorporar esses conhecimentos. Nós tivemos alunos indígenas formados em outros cursos e foi muito interessante quando eles colocaram para gente seus saberes”, enfatiza.
Discurso
Ao final da cerimônia, o professor Miguel Sanches Neto, reitor da UEPG, agradeceu a presença dos representantes dos setores de conhecimento, parabenizou os novos profissionais e cumprimentou familiares, professores e amigos. “Quando alguém se forma, formamo-nos todos juntos, sintam-se parte desta formatura”, declarou. O reitor explica que “extemporâneo” significa algo que ocorre fora do tempo. “Esta formatura é uma forma de contribuir para que os novos profissionais possam exercer mais brevemente tudo o que o diploma lhes concede, além de mostrar uma universidade mais atuante aos interesses dos indivíduos”.
A UEPG realizou 60 formaturas extemporâneas no último ano, por conta do período pandêmico. “Adaptamos nosso calendário para acompanhar os calendários de vocês. A conquista de todos vocês é uma conquista muito grande para a UEPG. Cada um traz uma história que faz justiça a nossa existência enquanto universidade pública”, enfatiza o reitor. Para Sanches Neto, a pandemia nos fez viver de maneira extemporânea e transformou o que era problema e um símbolo de vitória. “Nós estamos aqui por vocês, que responderam ativamente ao desafio de concluir o curso no momento de pandemia. Muito obrigado por terem concluído o curso nessas circunstâncias. Viva a universidade pública brasileira!”.
da assessoria