há 11 horas
Análise por Amanda Martins

Rafael Guanaes não apenas classificou o Mirassol para a fase de grupos da Copa Libertadores, ele também assinou um dos capítulos mais marcantes de superação silenciosa do futebol brasileiro recente. A vitória por 2 a 0 sobre o Vasco, nesta terça-feira (2), sacramentou uma campanha histórica: 66 pontos, quarta posição assegurada e melhor de tudo, o clube estreou pela primeira vez na história na Série A. Para muitos treinadores, isso já seria suficiente para coroar uma temporada. Para Guanaes, tem um sabor ainda mais profundo.
Afinal, meses atrás, ele deixava Ponta Grossa sob desconfiança e críticas. Depois de conduzir o Operário-PR de volta à Série B, reorganizar um clube rebaixado, participar de campanhas consistentes no Estadual e manter o time competitivo no Brasileiro, ainda assim Guanaes foi descartado por parte da torcida. E descartado é a palavra exata: muito do barulho que pressionou sua saída ignorou o que, hoje, parece óbvio, o Operário tinha, à época, um dos melhores trabalhos de sua era recente.
É justamente aí que entra o peso simbólico do que acontece agora em Mirassol. O treinador que alguns torcedores do Fantasma tratavam como “insuficiente” está prestes a disputar a Libertadores com um clube que, até outro dia, lutava para se estabilizar na elite do futebol paulista. E não é por acaso: Guanaes impôs organização, intensidade e coerência, algo que, no futebol brasileiro, vale ouro. O resultado está em campo, 18 vitórias, um desempenho seguro, um time que não deve nada aos gigantes da Série A.
O contraste é inevitável. Enquanto o Mirassol se coloca entre os melhores do país, o Operário ainda tenta reencontrar uma rota de estabilidade, mostrando que projetos não se sustentam apenas com paixão nas arquibancadas, mas com paciência e método. A saída de Guanaes, vista por muitos como “natural”, hoje soa como equívoco de cálculo, daqueles que só o tempo escancara.
No domingo (7), quando o Mirassol enfrentar o Flamengo podendo até terminar em terceiro lugar, Rafael Guanaes já terá confirmado algo mais importante do que uma posição na tabela: confirmou a si mesmo, ao mercado e aos críticos que sua carreira é feita de consistência, não de acaso. E que, às vezes, o melhor contraponto ao barulho das arquibancadas é um futebol bem jogado, mesmo que por um clube que, até ontem, poucos levavam a sério.