há 8 horas
Amanda Martins

A Assembleia Geral de credores do Paraná Clube, realizada na última sexta-feira (24), que tinha como pauta as alterações no plano de recuperação judicial e a possível venda da SAF (Sociedade Anônima do Futebol), foi marcada por um episódio de tensão. O advogado Henrique Caron, que representa parte dos credores, denunciou ter sido ameaçado por integrantes da torcida organizada Fúria Independente antes do encontro.
Segundo informações do portal Ric, o relato de Caron, três torcedores do Paraná Clube foram até o seu escritório para intimidá-lo e pressioná-lo a acelerar o processo de venda da SAF. “Três integrantes da torcida organizada vieram me intimidar no meu escritório na hora do almoço. Enviei os vídeos para o doutor Maurício (Obladen, administrador judicial) solicitando a suspensão da assembleia. Até que ponto nós, credores, temos segurança de nosso direito de fala, escolha e voto? As providências criminais já estão sendo tomadas”, declarou o advogado durante a reunião.
O episódio foi filmado e encaminhado à Justiça. A assembleia, que já havia sido agendada de forma on-line por motivos de segurança, ocorreu normalmente, mas o caso gerou grande repercussão entre os participantes.
O administrador judicial da recuperação, Maurício Obladen, afirmou que entrou em contato com João Quitéria, ex-presidente da Fúria e ex-funcionário do clube, e com Carlos Werner, proprietário do terreno do CT Ninho da Gralha, para tratar do caso. “Repudiamos qualquer ataque ao advogado no exercício da advocacia. Os vídeos foram encaminhados para a magistrada que preside a recuperação judicial, e a orientação foi de dialogar com representantes da torcida. Ambos se comprometeram em cessar qualquer tipo de ameaça ou constrangimento”, declarou Obladen.
Histórico de ameaças
Esta não é a primeira vez que ameaças envolvendo a torcida organizada são relatadas no contexto da recuperação judicial do Paraná Clube. Em abril deste ano, um grupo de credores e advogados já havia denunciado agressões físicas e verbais atribuídas a membros da Fúria Independente.
Na ocasião, a torcida havia publicado uma nota nas redes sociais responsabilizando os credores pelo futuro do clube. A postagem afirmava que “o futuro do Paraná Clube está nas mãos dos credores” e convocava a “nação paranista” a pressionar por uma resposta positiva às negociações.
A publicação foi interpretada como intimidação e levou o comitê jurídico do processo a pedir à Justiça a remoção do post em até 24 horas, sob pena de multa diária de R$ 10 milhões. Atualmente, a postagem não está mais disponível no perfil da organizada.
Com o novo episódio, o clima de instabilidade segue marcando o processo de reestruturação do Paraná Clube, que tenta equilibrar o avanço da SAF com a segurança e o respeito aos envolvidos na recuperação judicial.