O Conselho Deliberativo do Paraná Clube aprovou por unanimidade, na noite desta segunda-feira (20), a proposta da NextPlay Capital Ltda para a compra da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). A decisão marca um novo capítulo na tentativa de recuperação financeira e esportiva do Tricolor.

Segundo informações do portal RIC, o clube informou em nota que a NextPlay foi a única empresa a cumprir todas as exigências do edital publicado no início de outubro. Não houve concorrência nem novas propostas apresentadas durante a reunião do Conselho.

O valor total do negócio é de R$ 212,08 milhões, divididos em quatro etapas: pagamento das dívidas, compra definitiva da Vila Capanema, reforma da Vila Olímpica do Boqueirão e orçamento anual do futebol.

No futebol, o orçamento inicial será de R$ 100 milhões, distribuídos ao longo de dez anos, cerca de R$ 10 milhões por temporada. No entanto, os valores podem variar conforme a participação do clube em diferentes divisões do Campeonato Brasileiro.

Caso o time retorne à Série D, o gasto anual seria de aproximadamente R$ 21,9 milhões; na Série C, R$ 28 milhões; e na Série B, R$ 48,6 milhões, podendo chegar a R$ 85 milhões em uma eventual disputa de Série A, algo projetado, na melhor das hipóteses, apenas para 2031.

Dívidas e plano de recuperação

Dos R$ 212 milhões previstos, R$ 42,08 milhões serão destinados ao pagamento das dívidas extraconcursais, ou seja, aquelas com credores como Receita Federal e Banco Central do Brasil.

A dívida total do Paraná Clube é estimada em R$ 132 milhões, sendo pouco mais da metade referente a credores concursais, ex-funcionários, jogadores e fornecedores com valores a receber de antes do processo de recuperação judicial.

Para quitar esses débitos, o clube planeja vender a sede da Avenida Kennedy. Internamente, a negociação já tem o aval do Conselho, mas ainda depende da prefeitura de Curitiba, que considera o imóvel uma doação pública e exige que o terreno mantenha finalidade esportiva e de lazer.

O grande impasse é financeiro: o débito pendente com os credores chega a R$ 88 milhões, o mesmo valor pelo qual o clube avalia a sede da Kennedy. No entanto, o leiloeiro oficial estima o terreno em cerca de R$ 68 milhões, o que pode gerar um déficit no pagamento total das dívidas.

Mudanças no plano e nova votação

Com a aprovação da SAF, o Paraná Clube terá outro dia decisivo nesta sexta-feira (24), quando será realizada uma Assembleia Geral de Credores. O objetivo é alterar os termos de pagamento das dívidas concursais, ou seja, aquelas com créditos anteriores à recuperação judicial.

A proposta prevê que, além dos valores obtidos com uma possível venda da sede da Kennedy, haja também responsabilidade solidária entre o clube e o investidor da SAF no cumprimento das obrigações.

Inicialmente, o acordo determinava que a SAF arcaria apenas com os R$ 42,08 milhões referentes aos débitos extraconcursais, enquanto os demais credores seriam pagos somente após a venda da sede social, ainda indefinida entre uma transação direta ou via leilão.

A expectativa é de que, com a entrada da NextPlay e o novo modelo de gestão, o Paraná Clube consiga reestruturar suas finanças e retomar o protagonismo esportivo, iniciando um novo ciclo na história do Tricolor.