há um dia
Análise feita por Amanda Martins

A vitória do Operário-PR sobre a Ferroviária, por 2 a 1, neste domingo (23), foi mais do que uma simples virada na última rodada da Série B: foi uma demonstração clara de que, mesmo sem objetivos na tabela, há times que respeitam o campeonato, e outros que sucumbem à própria incapacidade.
O time de Ponta Grossa entrou em campo com elenco misto, parte dos jogadores de férias antecipadas e absolutamente nenhum objetivo a perseguir. Ainda assim, mostrou aplicação, competitividade e, principalmente, compromisso com o torcedor que lotou o Germano Krüger. A postura do Operário evidenciou algo raro no futebol brasileiro: profissionalismo, mesmo quando o jogo parece valer pouco.
O contraste com a Ferroviária foi gritante. Nem o desespero pela permanência na Série B fez o time de Araraquara demonstrar controle emocional ou capacidade de sustentação. O gol marcado por Netinho aos oito minutos, após uma falha de marcação do Operário, mascarou por pouco tempo a fragilidade de uma equipe que dependia de terceiros e, pior ainda, de si mesma. Quando o Operário decidiu jogar, a Ferroviária desmoronou.
Mesmo com ritmo alternado, o Fantasma controlou o segundo tempo. Dudu Mosconi mudou a dinâmica ofensiva, e Léo Gaúcho fez o que atacantes fazem nos momentos decisivos: apareceu. Primeiro, empatando com oportunismo. Depois, com personalidade ao colocar a bola debaixo do braço e converter o pênalti aos 48 minutos, decretando a virada e, de quebra, o rebaixamento do adversário.
Para o Operário, a vitória tem sabor de afirmação. Não mudou sua posição, o time terminou em 14º, com 48 pontos, mas reforça que o clube precisa pensar mais alto. A performance dos titulares e reservas ao longo da temporada mostrou que falta profundidade, mas não falta competitividade. O Fantasma foi mais organizado que muitos adversários em posição semelhante e poderia ter brigado mais acima se tivesse mantido regularidade em jogos-chave.
A virada sobre a Ferroviária serve também como alerta interno: o Operário tem potencial e, quando joga com intensidade, entrega desempenho superior ao de vários clubes da parte intermediária da tabela. Falta ambição? Falta elenco? Falta planejamento para 2026? Todas as respostas importam, e a vitória deste domingo ajuda a expor o caminho para essas reflexões.
Já para a Ferroviária, a queda não surpreende. O time não conseguiu demonstrar força nem mesmo quando o adversário jogava sem pressão e com formação alternativa. Um rebaixamento nunca se resume a uma partida, mas poucas vezes ficou tão claro quem queria mais o jogo, mesmo quando o Operário, em tese, não queria nada com a tabela.
No fim, o Fantasma fez jus ao seu nome: apareceu quando menos se esperava e levou consigo as últimas esperanças da Ferroviária.