O ISAC – Instituto Saúde e Cidadania, gestor da UPA Santa Paula, emitiu uma nota oficial nesta terça (15) sobre as críticas e a falta de condições estruturais, reveladas pelo corpo clínico da Unidade em uma carta aberta publicada nesta segunda-feira, 11.
A carta escrita pelo Corpo Clínico da UPA Santa Paula passou a circular nas redes sociais onde os profissionais de saúde relatam dificuldades no atendimento a pacientes por falta de estrutura. A carta não leva assinatura de nenhum profissional ou responsável, porém fontes consultadas pelo D’Ponta News, que preferiram manter o anonimato, afirmam que o documento é real e foi enviado para o Ministério Público, além do Conselho Regional de Medicina e também para a Prefeitura de Ponta Grossa.
Conforme é detalhado na carta, a UPA Santa Paula tem funcionado como UTI, apesar de não ter condições. “Pacientes graves que demandam cuidados intensivos e que, idealmente, seriam transferidos em pouco tempo para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), permanecem durante dias em nossa unidade devido a falta de leitos. Em razão desta demanda, a UPA tem funcionado como UTI, apesar de não ser dotada dos equipamentos necessários para prestar o devido atendimento, como gasômetro, hemodiálise, tomografia, médicos especialistas e rotineiro, por exemplo.”
Outro ponto da carta seriam os problemas na rede de oxigênio da Unidade. “A UPA conta apenas com um compressor odontológico para manter a vida dos pacientes intubados e chega a atender simultaneamente até doze pacientes em ventilação mecânica cujas vidas dependem de um aparelho inadequado para este fim.”
Segundo o documento, constata-se o ‘completo colapso’ do sistema de saúde de Ponta Grossa e que a Fundação Municipal de Saúde não estaria garantindo condições mínimas de atendimento. “Nós, como médicos da única Unidade de Pronto Atendimento com portas abertas para o atendimento de queixas respiratórias na cidade de Ponta Grossa, consideramos que a Secretaria Municipal de Saúde não está garantindo as condições mínimas necessárias para o atendimento da população, além de parecer omissa às diversas notificações realizadas pelo corpo clínico ao longo dos últimos meses, não apresentando soluções eficazes para a problemática exposta.”
Em nota o Instituto garante que já está conversando com os profissionais sobre as questões levantadas. A nota ainda aponta que o ISAC tem recebido apoio da Fundação Municipal de Saúde para melhorar as questões apontadas e “que a exemplo dos demais estabelecimentos de saúde no país, está sendo impactada pelo efeito da pandemia”.
Leia a nota na íntegra.
O ISAC – Instituto Saúde e Cidadania, gestor da UPA Santa Paula, informa que já está tratando com o corpo clínico da unidade e com a Fundação Municipal de Saúde sobre as demandas apontadas pelos profissionais em carta.
O Instituto reconhece os esforços da Fundação Municipal de Saúde em oferecer um serviço de qualidade para a população. Tendo, inclusive, ido além da sua responsabilidade na rede de saúde ao manter pacientes por dias sob os seus cuidados, quando a UPA deveria, conforme seu perfil, manter o paciente, no máximo, 24 horas.
Desde que assumiu a gestão, em 30 de maio, o ISAC tem recebido todo apoio da Fundação para melhorar as condições e assim, organizar a estrutura conforme o novo perfil, que hoje é de referência à covid-19.
Ontem, 14 de junho, a Fundação já instalou a Usina de Oxigênio, que será essencial para a prestação do serviço. Por isso, já estamos dialogando com o corpo clínico que atua na unidade para que os profissionais possam unir forças em prol do bem-estar da população e, juntos, vencermos a guerra contra a covid-19.
Ressaltamos, ainda, que o Instituto respeita o posicionamento do corpo clínico e está trabalhando ao lado da Fundação Municipal de Saúde para melhorar a estruturação da unidade, que a exemplo dos demais estabelecimentos de saúde no país, está sendo impactada pelo efeito da pandemia.
Sabemos que esta pandemia impactou diretamente na UPA Santa Paula. E com uma luta tão longa, todos estamos cansados. Mas a hora é de seguir unidos e acreditando em uma saúde de qualidade. E hoje, em Ponta Grossa, há o apoio da gestão municipal.
No início da noite de ontem, 14, a Fundação Municipal de Saúde também emitiu uma nota sobre a carta divulgada.
Leia na íntegra.
No mês de março, quando Ponta Grossa chegou ao maior pico da doença, a FMS ampliou o número de cilindros para fornecer oxigênio, substituiu as válvulas da central de oxigênio para aumentar a oferta aos pacientes, e neste mesmo período iniciou um processo de dispensa de licitação para locação da Usina Elétrica de Oxigênio, a qual está sendo instalada a partir de hoje (14) na UPA Santa Paula.
Além disso, a FMS aumentou o contrato de fornecimento de cilindro de oxigênio, disponibilizou novos respiradores, que foram doados pela Casa da Indústria, forneceu alimentação enteral para pacientes intubados, através do Hospital Municipal Amadeu Puppi, até que a empresa gestora da UPA Santa Paula conseguisse um contrato para fornecimento do mesmo. Ainda, a FMS disponibilizou um nutricionista e dois fisioterapeutas do quadro próprio para acompanhamento dos pacientes internados, além de um profissional pneumologista para orientação da equipe quanto ao acompanhamento de pacientes intubados em estado grave.
A FMS lembra que este serviço não se trata de um Hospital ou UTI, e entende que os pacientes deveriam ficar menos tempo na estrutura, mas, infelizmente, em um momento de pandemia, em que os leitos hospitalares estão indisponíveis pelo Estado, o município ofereceu o que era possível sem medir esforços. É nítido e notório a insatisfação, o cansaço físico da equipe, bem como a alteração do escopo e fluxo de atendimento da UPA, porém essa é a única porta disponível no município e que segue atendendo a população com sintomas respiratórios.
ENTENDA O CASO
Carta de médicos da UPA Santa Paula detalha colapso no sistema de saúde de Ponta Grossa; leia na íntegra
