O programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), recebeu nesta quinta (1º) a candidata a deputada estadual pelo Partido Liberal (PL) Simone Sponholz, que tem 49 anos e é nascida em Ponta Grossa, onde cresceu e se formou.
Antes de se formar em Direito pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), onde ingressou em 1991, foi líder de grêmio estudantil e estudou no Colégio Sagrada Família, onde também veio a atuar como professora de ensino fundamental.
Depois de casada, Simone Dias da Silva adotou o sobrenome do marido, Sponholz, e foi viver em outras regiões do Paraná, como o Sudoeste e o Oeste. Em 2020, foi candidata a prefeita do município de Toledo, então pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC). Ferrenha defensora de Bolsonaro, ela explica que sua opção pelo PTC naquela ocasião se deu em função do fato de que o presidente não estava filiado a nenhum partido e PSL e DEM, por exemplo, estavam se arranjando para fazer a fusão.
Professora universitária, com mestrado em Direito, Simone percebeu, a partir de 2014, quando surgiu a discussão em torno do impeachment de Dilma e da Lava Jato, que era necessária se engajar em movimentos de formação de base da direita. Ela considera que a esquerda sempre articulou muito bem a militância e que faltava à direita organizar esse trabalho.
Até a eleição de Bolsonaro, em 2018, atuou nos bastidores, dentro do que ela chama de formação de base, prestando apoio aos candidatos que já se enquadravam nesse cenário de sua defesa de valores. Simone se apresenta como uma candidata a deputada estadual defensora de valores cristãos.
“Minha base de formação sempre foi cristã e eu levei esses valores para minha vida, carrego esses valores para minha vida. Como uma mulher cristã, esses valores vão fazer parte da minha postura enquanto deputada dentro da Assembleia: defesa da vida, defesa da liberdade religiosa, contrariedade ao assassinato de bebês no ventre materno. São posturas que minha formação religiosa me impõe. Nesse sentido, que eu coloco que algumas coisas são inegociáveis”, argumenta.
Por essa linha de raciocínio, ela se apresenta, de fato, como uma candidata bolsonarista, que defende as pautas e os interesses do presidente. Segundo ela, ao assumir de que lado está, ela age diferente do que considera “estelionato eleitoral” – que seria omitir esse apoio a fim de conquistar votos.
A candidata se vangloria de ter o aval do presidente para sua candidatura ao se filiar ao PL. “Fomos a Brasília e conversamos com ele. Digo que tenho a honra de ser a única deputada estadual do PL que teve sua ficha de filiação abonada pelo próprio presidente”, afirma.
Simone defende que Bolsonaro fez um bom governo, dentro das possibilidades que a pandemia permitia e com uma “oposição ferrenha” – ainda que tivesse maioria no Congresso. “Tivemos uma dificuldade muito grande de articulação. Ele não tem uma base ideológica, uma base que realmente abraça as causas que ele defende. Tudo dentro do Congresso precisa ser construído e essa construção precisa ser muito bem feita”, acrescenta.
De acordo com ela, a insistência em falar mais do Bolsonaro que de si vem do fato de achar mais fácil se apresentar apoiada em alguém com quem caminha junto, que tem as mesmas posturas, defende os mesmos valores e já é conhecido da população.
Plataforma de campanha
Simone acredita que um deputado estadual precisa ter uma “postura de clínica geral”, isto é, não pode trabalhar de forma segmentada, em defesa desta ou daquela pasta, ou deste ou daquele município. “Já está provado, na política, que esse trabalho por nicho, por bandeira, não funciona. Porque as demandas que são levadas para a discussão dentro da Assembleia são das mais variadas”, sustenta.
A candidata defende que sua legislatura como deputada estadual será pautada, primeiramente, na virtude e no resgate de valores que ela considera fundamentais. “Nossa caminhada sempre foi no sentido de criar condições para que a sociedade se alicerçasse, cada vez melhor, rumo à busca de um estado, de um país, que estivesse pautado nos valores do cidadão. Os valores que descobrimos serem inerentes à população, principalmente, após 2018, são os valores da defesa da vida – o cidadão brasileiro, majoritariamente, é contrário ao aborto; os valores de defesa da liberdade, inclusive, de expressão”, pondera.
Educação e Saúde no Paraná
Na avaliação da candidata, o ensino fundamental II e o ensino médio, que são de competência do governo estadual, têm melhorado consideravelmente. Ela pontua que houve programas de intercâmbio oferecidos para esses estudantes, coisa que, até então, não era possível ou acessível a alunos da rede estadual.
Simone opina que deve ser dedicada uma atenção especial, nos próximos quatro anos, para uma reestruturação das universidades estaduais. Ela acredita que a oferta de vagas no ensino superior precisa atender aos anseios da população, porque em muito cursos em funcionamento essas vagas sobram. “Se temos cursos funcionando e esses cursos não são atraentes à população e temos áreas onde existe uma necessidade maior de oferta de vagas, há necessidade de se fazer, de maneira criteriosa, uma análise disso tudo e estabelecer um novo norte, um novo rumo”, analisa.
Na visão da candidata, saúde e educação, em todos os municípios, são as áreas que mais demandam recursos, mas que a dificuldade de captação e arrecadação de recursos e a questão do limite prudencial (teto de gastos com funcionalismo público, segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal) interferem na oferta desses serviços. “Os investimentos que são essenciais para o funcionamento das prefeituras são caros. No município de Toledo, por exemplo, os CMEIs não funcionam em período integral, porque o município não tem como custear oito horas de CMEI para todas as crianças do município”, cita.
Pedágio
A candidata reafirma que suas prioridades são a saúde, a educação e a segurança pública. A infraestrutura de transportes – e aí se insere o pedágio – deve ser entregue à iniciativa privada, sob a ótica de Simone. “Meu entendimento, enquanto candidata a deputada estadual, é de que o estado não consegue, de certa maneira, recurso, estrutura financeira, suporte financeiro para atuar em todas as áreas. Então, ele precisa focar em algumas”, diz.
Sobre o pedágio, ela avalia que cumpre à Assembleia Legislativa o papel de fiscalizar os contratos e analisar, ponderadamente, cada projeto. Quanto ao projeto atual, que propõe o aumento de praças de pedágio e vem sendo contestado pelo próprio TCE-PR, o entendimento da candidata é de que, “diante daquilo que vier para ser analisado, não fazemos o que queremos, mas o que precisa ser feito”.
Ela afirma que, se não concordar com a proposta de Ratinho Júnior para o pedágio, antes de votar contra, vai procurá-lo para que ele explique. “Preciso ser convencida de que aquele projeto é o melhor para o bem comum. Minha missão como deputada estadual é lutar pelo bem comum. Se ele não me convencer, eu vou tentar convencer o governador. É nossa função dentro da Assembleia, não somos inimigos. O objetivo do parlamento é que cada um leve seu argumento a fim de que possamos construir a melhor solução e que essa solução seja dialogada”, diz.
Confira a entrevista com a candidata na íntegra: