Diante da pandemia do novo coronavírus em todo o mundo, cientistas estão em busca de medicamentos que combatam o vírus e também de uma vacina para prevenção. Porém, nos grupos de WhatsApp, notícias são veiculadas sobre medicamentos que contêm hidroxicloroquina e cloroquina para o tratamento da Covid-19.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária emitiu uma nota nesta quinta-feira, 20, esclarecendo que as substâncias, usadas para tratamento de outras doenças, podem ser promissoras, porém ainda não há indicação contra o Covid-19.
Diz a nota:
– esses medicamentos são registrados pela Agência para o tratamento da artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária;
– apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da Covid-19. Portanto, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus; e
– a automedicação pode representar um grave risco à sua saúde.
Confira abaixo a reprodução da nota técnica na íntegra.
No contexto da atual pandemia decorrente do novo Coronavírus, evidências científicas sobre o potencial uso da Cloroquina e da Hidroxicloroquina no tratamento da doença estão sendo geradas e publicadas.
No Brasil, existem tanto medicamentos à base de Cloroquina como de Hidroxicloroquina registrados. As indicações aprovadas para esses medicamentos são:
– afecções reumáticas e dermatológicas (reumatismo e problemas de pele);
– artrite reumatoide (inflamação crônica das articulações);
– artrite reumatoide juvenil (em crianças);
– lúpus eritematoso sistêmico (doença multissistêmica);
– lúpus eritematoso discoide (lúpus eritematodo da pele);
– condições dermatológicas (problemas de pele) provocadas ou agravadas pela luz solar;
– Malária (doença causada por protozoários): tratamento das crises agudas e tratamento supressivo de malária por Plasmodium vivax, P. ovale, P. malariae e cepas (linhagens) sensíveis de P. falciparum (protozoários causadores de malária). Tratamento radical da malária provocada por cepas sensíveis de P. falciparum.
Um estudo in vitro desenvolvido por pesquisadores chineses avaliou o efeito antiviral da hidroxicloroquina contra o SARS-CoV-2 em comparação com a Cloroquina. Os pesquisadores afirmam que a Hidroxicloroquina inibiu efetivamente a etapa de entrada do vírus na célula assim como estágios celulares posteriores relacionados à infecção pelo SARS-CoV-2. Esse efeito também foi observado com a Cloroquina. Os pesquisadores
também observaram que a Cloroquina e a Hidroxicloquina bloqueiam o transporte do SARS-CoV-2 entre organelas das células (endossomos e endolisossomos) o que parece ser a etapa determinante para a liberação do genoma viral nas células no caso do SARS-CoV-2 (1).
da redação (com assessoria)