O portal D’Ponta News trouxe com exclusividade na última segunda-feira (11) os dados do transporte coletivo em Ponta Grossa. Os números do mês de Abril foram os piores da história, por conta da pandemia do novo coronavírus. Em abril, o número de passageiros caiu aproximadamente 60% em relação a fevereiro, desestabilizando o serviço no município. A Viação Campos Gerais (VCG) afirma que “o risco de um colapso no sistema é iminente”.
De acordo com os dados da Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes (AMTT), os ônibus da VCG transportaram, de Janeiro a Abril deste ano, 6.592.608 passageiros, dentre eles pagantes em dinheiro, vale-transporte, meia passagem e isentos de pagamento. Fevereiro registrou o maior índice do ano até o momento, contabilizando 2.096.303 passageiros. Em abril, com o comércio completamente fechado, 856.368 pessoas passaram pelo transporte coletivo. O pior número da história de Ponta Grossa.
O baixo movimento é decorrente da crise causada pela Covid-19. “Este é o pior número de toda história e isso leva a um colapso jamais visto no transporte coletivo da cidade”, afirma a empresa. “Vale ressaltar que deste número total, mais de 135 mil passageiros são isentos, ou seja, não pagam passagem. Outros 408 são estudantes e pagam 50% do valor. Este é um agravante nesta crise histórica”, finaliza.
Recentemente, o ministro da Economia, Paulo Guedes falou sobre a situação dos transportes coletivos no Brasil e afirmou que o transporte coletivo não pode parar e que na destinação da verba federal, os estados e municípios devem considerar o financiamento da atividade.
O D’Ponta News entrevistou, com exclusividade, o diretor de relações institucionais da Viação Campos Gerais, Rodrigo Venske, que comentou sobre o colapso que o sistema deve enfrentar. Leia a entrevista.
1- É público que o mês de Abril fechou com o pior número da história do transporte coletivo. Qual a situação hoje do transporte em Ponta Grossa?
Resposta: Vivemos um cenário extremante complicado. Com uma operação de 67% da frota e transportando cerca de 40% dos passageiros, é impossível fechar a conta. Hoje, o sistema é custeado em 100% pelos passageiros que pagam passagem. Sem nenhuma fonte adicional, a VCG tem enfrentado dificuldades para manter a operação do sistema.
2- Existe a possibilidade de um colapso no sistema?
Resposta: Sim, este é um fato e não é exclusivo de Ponta Grossa. Outras cidades do estado já amargam os problemas e reflexos da Covid-19, inclusive com ações na Justiça solicitando ao poder concedente a subvenção e a manutenção dos serviços, haja visto tratar-se de um direito das pessoas, previsto na constituição.
3- Os números continuam baixos, mesmo com o retorno gradual do comércio?
Resposta: Houve um pequeno acréscimo no número, muito aquém da realidade e insuficiente para o equilíbrio. Análises já apontam o fato do transporte coletivo não ser mais o mesmo, ainda que com o fim da pandemia e volta à “normalidade”. As pessoas acabam achando outras formas de trabalho, como o home office, o que deixa o transporte coletivo desnecessário ao trabalhador, já que ele pode produzir (em muitos casos) sem sair de casa.
4- Quanto tempo a empresa consegue se manter com estes números baixos?
Resposta: É difícil estabelecermos uma data porque o horizonte muda a cada dia. Mas ressaltamos às dificuldades principalmente porque além do baixo número de passageiros transportados, há ainda uma queda abrupta no número de créditos vendidos às empresas.
5- Qual a saída para evitar o colapso?
Resposta: Sem a subvenção/custeio do poder público não há saída para a operação nos parâmetros que está.
6- Existe a possibilidade de parar o transporte em PG?
Resposta: Logicamente que esta é a última das opções, algo que a VCG não quer e trabalha para que não aconteça. Porém, o serviço precisa continuar (justamente por ser um direito do cidadão e uma obrigação do estado) e sem uma ação efetiva do poder público, não vemos saída.
Vale destacar que desde que a situação vem se tornando alarmante, a VCG tem demostrado toda sua preocupação e acenado ao município os problemas, todas elas sem resposta
As mesmas perguntas foram feitas à Prefeitura de Ponta Grossa, que respondeu via assessoria de imprensa. Leia a entrevista.
1- É público que o mês de Abril fechou com o pior número da história do transporte coletivo. Qual a situação hoje do transporte em Ponta Grossa?
Resposta Prefeitura de PG: O sistema de transporte coletivo segue operando com frota reduzida e incluindo, sempre que necessário, carros extra para suprir demandas pontuais durante o dia.
2- Existe a possibilidade de um colapso no sistema?
Resposta Prefeitura de PG: A Prefeitura trabalha monitorando constantemente o sistema de transporte e procurando minimizar os riscos e os impactos decorrentes da pandemia do Coronavírus.
3- Os números continuam baixos, mesmo com o retorno gradual do comércio?
Resposta Prefeitura de PG: Segundo a AMTT, do dia 30/04 a 08/05 houve um aumento de aproximadamente quase 6% no número de passageiros. Atualmente, o número médio de passageiros diários é de aproximadamente 45 mil, o que condiz à cerca de 40% do volume verificado no mesmo período de 2019.
4- Quanto tempo a empresa consegue se manter com estes números baixos?
Resposta Prefeitura de PG: Sobre essa questão, cabe à empresa se manifestar.
5- Qual a saída para evitar o colapso?
Resposta Prefeitura de PG: A Prefeitura de Ponta Grossa já tem tomado medidas como a adequação da oferta de veículos à demanda de passageiros e consequente redução de frota. Além disso, conforme seja contido o avanço do Coronavírus, e com a retomada gradual da atividades normais, o sistema deve retomar o equilíbrio.
6- Existe a possibilidade de parar o transporte em PG?
Resposta Prefeitura de PG: A Prefeitura trabalha monitorando constantemente o sistema de transporte e procurando minimizar os riscos e os impactos decorrentes da pandemia do coronavírus.
Da Redação | Foto: Arquivo D’Ponta News
Veja mais sobre o assunto: