Segunda-feira, 26 de Maio de 2025

Opinião: Analistas políticos de PG avaliam o debate entre Lula e Bolsonaro

2022-10-18 às 08:54

O primeiro debate do 2º turno entre os candidatos à presidência do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), foi realizado na noite deste domingo (16) em conjunto pelas TVs Bandeirantes e Cultura, pelo portal UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo. O evento serviu para que ambos apresentassem seus posicionamentos sobre temas de relevância no cenário nacional  e propostas para um eventual governo. O D’Ponta News buscou especialistas para fazer uma análise dos pontos positivos e negativos apresentados pelos concorrentes. Confira abaixo as opiniões de cada um:

Sergio Gadini – professor universitário

O primeiro debate do 2º turno entre candidatos à presidência repete parte dos temas que mais preocupam eleitores, mas deixa a desejar ao não focar em problemas centrais que impactam na vida da maioria da população. Enquanto o candidato situacionista mantém aposta na desinformação (inclusive com o uso de inverdades) e generalidades, tentando justificar problemas não resolvidos na atual gestão, a candidatura da oposição perdeu uma oportunidade de cobrar o desmonte do Sistema Único de Saúde em andamento no País, materializado pelo corte de orçamento para 2023, o congelamento de recursos de universidades públicas e altas taxas de juros que inviabilizam um planejamento de vida aos brasileiros, enquanto poucos banqueiros comemoram lucros recordes às custas da população, que espera vontade política do governo.

Fabio Goiris – cientista político

O debate entre candidatos a Presidente, Lula versus Bolsonaro, pode-se colocar como sendo um empate técnico. Contudo, Lula leva certa vantagem.

No primeiro bloco Lula tocou o tema da pandemia. Bolsonaro teve enormes dificuldades para repelir as acusações. Era um conhecido ponto fraco e sensível do atual presidente. Mais ou menos a mesma coisa aconteceu com o tema Amazônia.

Já no segundo bloco Bolsonaro, chegou mais inteiro e teve um momento alto quando apresentou uma decisão judicial de Alexandre de Moraes contra o PT por fake news. Bem colocado pelo presidente, visto que é o Bolsonaro quem vem utilizando muito mais as fake news do que o próprio PT.

No final, Lula não soube administrar o tempo e deixou 7 minutos para Bolsonaro falar sozinho. Mas, aqui está o problema. Bolsonaro tampouco soube aproveitar a vantagem e elencar os temas mais importantes para o Brasil. Ficou fazendo acusações como a amizade de Lula com Maduro.

É difícil prever a consequência eleitoral que poderá ter este debate. Os palavreados superficiais dos candidatos sobre temas muito complexos sobre economia, saúde, meio ambiente, educação, ciência e segurança pública, talvez sejam insuficientes para mudar a opinião das pessoas. Afinal, já está havendo polarização justamente porque nenhum dos dois lados vai ceder seu voto tão facilmente para o outro lado. Se fosse fácil a mudança de votos, os candidatos da terceira via estariam fazendo parte do debate.

Afonso Verner – professor universitário 

O debate entre os dois candidatos que disputam a presidência reforçou alguns temas caros para cada candidatura, além de um formato que aproximou mais (fisicamente, inclusive) Lula e Bolsonaro. A ideia de gestão própria do tempo na maior parte do debate tornou o formato mais dinâmico, menos engessado. Do ponto de vista da pauta, nada de novo: Lula atacando em temas como a pandemia, Bolsonaro atacando em assuntos como a corrupção. No primeiro deles, Bolsonaro leva desvantagem já foi que foi o gestor durante o pior momento da pandemia. No segundo, Lula também derrapa: os governos petistas foram marcados por casos de corrupção.

Marcio Pauliki – empresário e ex-deputado estadual

No primeiro bloco Lula foi melhor, acabou monopolizando a questão da pandemia e Bolsonaro não mudou de tema. O segundo ficou um empate, mas no terceiro Bolsonaro foi muito melhor quando soube administrar seu tempo, principalmente quando entrou em assuntos muito difíceis para o lado do Lula como a questão de justificar a parte da corrupção e situação com o ministro da economia que hoje é o que está colocando muita dúvida no mercado. Não sabemos o que vai acontecer ano que vem, independente de quem for o ganhador, isso faz com que exista uma incerteza muito grande até em relação a investimentos, todos ficam aguardando. De qualquer forma acredito que Bolsonaro foi melhor justamente por conta de passar a agenda de costumes, econômica e principalmente buscar explicações à corrupção sistêmica que o PT instalou nos 14 anos aqui no país.