Sábado, 14 de Dezembro de 2024

Estudantes da UEPG cobram expulsão de alunos acusados de troca de mensagens racistas, homofóbicas e de apologia ao nazismo

2022-09-22 às 09:34

Estudantes da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) usaram as redes sociais, ao longo de toda a quarta-feira (21), para cobrar da instituição um posicionamento oficial acerca dos alunos que foram acusados de trocar mensagens de cunho racista, homofóbico e de apologia ao nazismo em um grupo de WhatsApp. Eles esperam que os investigados sejam expulsos da universidade.

Alunos de vários cursos já se mobilizam pedindo a expulsão dos envolvidos na denúncia de racismo. Eles estão organizando a “Batucada Antinazista e Antirracista: Expulsão Já”, no Restaurante Universitário (RU) do Campus Uvaranas, na sexta (23), às 11h, e no Campus Central, na segunda (26), às 17h.

De acordo com o portal Plural, vários estudantes mencionaram um caso similar ocorrido na Bahia para cobrar da universidade a expulsão dos alunos envolvidos na troca de mensagens. O episódio ocorrido em uma instituição de Feira de Santana também veio à tona nesta semana. Um pró-reitor do Centro Universitário Nobre (Unifan) informou, em vídeo divulgado nas redes sociais, a expulsão de uma aluna, que estava prestes a se formar em Direito, que publicou mensagens racistas no Twitter. O Conselho da instituição decidiu expulsar a aluna. A expulsão foi comunicada pelo pró-reitor diante de centenas de alunos, que o aplaudiram.

Os tuítes da estudante baiana atribuíam a Lula a criação do FIES – que, na verdade, foi criado na gestão FHC – e dizia odiá-lo porque deu acesso “a um monte de desgraça na minha faculdade”. Outra usuária comenta “KKKKKKKKKK um monte ** *****” e a aluna responde “pobre ou preto?”.

Os alunos da UEPG decidiram aproveitar a repercussão do caso na Bahia para cobrar satisfações da reitoria da universidade quanto ao caso denunciado de racismo, nazismo e homofobia em mensagens trocadas num grupo de WhatsApp de alunos do curso de Agronomia. O conteúdo ofensivo foi manifestado, em grande parte, em forma de stickers (ou figurinhas) e prints foram encaminhados, como denúncia, primeiramente, à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE). O Ministério Público do Paraná (MPPR) também investiga o caso.

Ainda segundo o Plural, uma dessas figurinhas apresenta o texto “Opa Opa Preto aqui não”, sobre uma imagem que representa membros da Ku Klux Klan, organização autoproclamada supremacista, de extrema-direita, fundada nos Estados Unidos. Um aluno responde com “KKK”, que é a sigla da organização, porém, acabou popularizada na internet brasileira como expressão de risada. Também foi postada uma foto em que uma criança negra corre de um homem branco armado, entre outros stickers com o mesmo teor.

Entenda o caso

Uma denúncia anônima, em 22 de agosto, fez chegar ao conhecimento da Ouvidoria da UEPG, a troca de mensagens de cunho racista, nazista e homofóbico, através de prints extraídos de um grupo de WhatsApp de alunos do curso de Agronomia. A denúncia foi também encaminhada ao Ministério Público do Paraná (MPPR), que investiga a situação sob sigilo.

Os prints mostram que as mensagens foram trocadas no grupo “Calourada agronomia”, referente a uma turma específica, mas o ano está borrado. Quase não há diálogos nos prints denunciados e toda manifestação preconceituosa é expressa na forma de figurinhas de conotação racista.

A investigação apura mensagens trocadas em um mesmo dia, entre as 20h48 e 21h01, entre cerca de 10 alunos. As imagens mostram símbolos como a suástica, fotos de membros da KKK sobrepostos a textos que expressam ódio contra os negros e outras figurinhas que revelam que gays não eram bem-vindos no grupo.

Você pode conferir os prints aqui.

Expulsão

A reportagem do D’Ponta News procurou a Universidade Estadual de Ponta Grossa, através de sua assessoria de comunicação, para saber que medidas a instituição pretende tomar contra os alunos envolvidos na denúncia e se já tem um parecer a respeito do caso.

Até o fechamento desta reportagem, a instituição não respondeu.

Ao Plural, a UEPG afirmou que deve impor “as medidas cabíveis” aos autores quando estiver concluído o processo administrativo interno e que, “atua no combate a toda e qualquer manifestação de racismo”, por meio da Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade (DAAD-PRAE), “a primeira do tipo numa universidade estadual”.

 

Com informações do portal Plural