Sexta-feira, 15 de Novembro de 2024

Exclusivo: Mãe entra na Justiça para conseguir direito de acompanhar a filha durante internamento no Hospital Municipal em PG

2021-04-02 às 15:16
Hospital Municipal Amadeu Puppi (Foto: Arquivo/Assessoria PMPG)

Uma mãe de Ponta Grossa, K.A.P., entrou com uma ação na Justiça para conseguir o direito de acompanhar a filha, K.A.G. de 22 anos, durante internamento no Hospital Municipal Amadeu Puppi (Pronto Socorro). A filha está internada há 13 dias tratando de uma bactéria e uma inflamação no intestino (colite), quando começou a desenvolver crises de Síndrome do Pânico.

Segundo a mãe, K.A.G precisou ser internada após passar mal por conta de antibióticos que estava fazendo uso. Os medicamentos haviam sido receitados devido a um procedimento cirúrgico para drenar um cisto, realizado no início do mês de março.

Após alguns dias de internamento, a jovem de 22 anos já estava bastante debilitada e desenvolveu crises da Síndrome do Pânico, segundo a mãe. E, desde então, o Hospital estaria administrando medicamentos ‘tarja preta’ para K.A.G. A mãe relata que a filha nunca teve histórico de crises, depressão ou ansiedade.

Como a filha estava bastante fragilizada, a mãe perguntou ao Hospital se poderia acompanhá-la durante o internamento, ajudando a dar banho e fazendo companhia. Porém, segundo ela, o Hospital não está autorizando a entrada de acompanhantes nos quartos, por conta do risco de contágio pela COVID-19. “Ela estava bem debilitada e eu pedi para a enfermagem: ‘eu posso ficar com ela? Eu vou mais ajudar do que incomodar’. Mas me responderam que eu não podia por conta do coronavírus”, conta a mãe.

Neste período em que a jovem está internada, a mãe mantém contato via celular e só conseguiu visitá-la em algumas ocasiões.  Foi então que K.A.P. entrou com a ação para poder estar junto da filha. “Eu sei que ela está sendo tratada, mas eu não quero nada além de acompanhar ela. Porque não tenho acesso ao médico, nem informações sobre ela. A portaria simplesmente fala: ‘ela está bem'”, conta.

O juiz solicitou o prontuário médico da jovem para verificar a urgência do caso, mas o Hospital se recusou a disponibilizar para a família, segundo a mãe. A justificativa da instituição foi de que somente a própria paciente poderia realizar este pedido, porém K.A.G. encontrava-se debilitada e sem condições de fazê-lo.

No início da tarde desta quinta-feira (1º) o Hospital entrou em contato com a família da paciente informando que K.A.G. seria transferida para um leito de isolamento, por conta da bactéria no intestino. “Eles já deveriam ter feito isso desde o primeiro dia, e hoje eles colocaram ela em isolamento com alegação da bactéria, sendo que já o 12º dia de internamento”, afirma a mãe da jovem.

Segundo o advogado que representa mãe e filha, Henrique Orane, a grande dificuldade deste processo se dá pela recusa do Hospital em fornecer o prontuário médico da paciente. “Esse é o grande problema desse processo, que poderia ser resolvido de forma mais rápida, se os documentos tivessem sido entregues. A mãe tem, sim, o poder de requerer esse documento em nome da filha, tendo em vista que ela não tinha capacidade laborativa para tal requerimento”, explica o advogado.

Orane explica sobre a sequência do pedido judicial. “O próximo passo é justamente a juntada desse prontuário que teve que ser requisitado à Prefeitura já que não foi liberado pelo Hospital de forma administrativa”, conta.

A reportagem do D’Ponta News entrou em contato com a Prefeitura de Ponta Grossa, responsável pelo Hospital Amadeu Puppi. Confira a nota oficial divulgada pela Fundação Municipal de Saúde e direção do Hospital Municipal nesta segunda-feira (5):

“A proibição é em decorrência do decreto municipal diante dos riscos da pandemia. 
A paciente não se enquadra nos grupos que permitem acompanhante, menores e idosos,  neste caso não se autoriza o acompanhamento, a família foi orientada sobre isso. Quem repassa as informações para a paciente e familiares é a equipe de serviço social e, em casos que o paciente está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) o médico entra em contato com a família.”
Foto: Reprodução