A candidata a deputada estadual Faynara Merege (PSD) falou sobre sua campanha para a Assembleia Legislativa durante o programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero e Jonathan Jaworski, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), desta sexta (16). Faynara propõe desburocratizar o Estado, porque há, segundo ela, um excesso de leis que “atrapalham” o cidadão, especialmente o empreendedor.
A engenheira e fiscal de obras ponta-grossense, de 28 anos, concorreu para vereadora pelo PSDB em 2020 e ficou como suplente da sigla na Câmara de Vereadores de Ponta Grossa. Faynara de formou no curso “Jornada para Jovens Prefeitos”, pela Communitas, em parceria com a Universidade Columbia (de Nova Iorque).
“Sou a única ponta-grossense, a única dos Campos Gerais a receber o selo de renovação política ofertado pela Escola Renova BR, a primeira escola de políticos do Brasil e eu passei por um processo seletivo com mais de 32 mil candidatos, por todo o país. Foram 150 alunos selecionados para essa turma, exclusivamente, sendo que daqui do Paraná foram somente seis”, enaltece.
Apesar de não ter sido eleita em 2020, Faynara considera que sua campanha ganhou muita visibilidade, apesar dos poucos recursos. “Na verdade, eu criei meu próprio Fundo Eleitoral vendendo doces e salgados e essas doações privadas vieram através de pessoas que estavam no projeto e arrecadamos, em média, R$ 2 mil para fazer a campanha”, conta.
Para a atual candidatura, no entanto, Faynara obteve R$ 95.557,00, oriundos da Direção Estadual do PSD, conforme declarado ao portal de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais. Desse recurso, conforme a prestação parcial de contas, ela utilizou apenas R$ 12.719,74.
Faynara avalia que condição que a tornou candidata a deputada estadual é o preparo. “Não é de hoje que venho me preparando e me especializando, realmente, para atuar dentro da política”, afirma. No final do ano passado, Faynara foi até o Uruguai palestrar sobre a política brasileira, a convite da Fundação Konrad-Adenauer-Stiftung (KAS).
O interesse pela política surgiu quando Faynara passou a estagiar na Prefeitura Municipal de Ponta Grossa. “Lá, pude começar a desenvolver alguns projetos e ideias, só que as coisas não eram implementadas porque faltava boa-vontade política. Tive também oportunidade de atuar na Secretaria de Infraestutura e Logística do Estado (SEIL) e era a mesma coisa. O político, o vereador, o deputado chegavam e [diziam] ‘não vamos mandar emenda para aquela região, porque lá não fiz voto ou porque lá é o reduto do meu inimigo. Não vamos levar os projetos, não vamos levar o desenvolvimento’. Isso foi me despertando a vontade de fazer a diferença”, afirma.
Faynara considera que tem a seu favor a vontade política e o currículo técnico, mas que depende da aprovação popular para colocar em prática suas ideias.
As propostas da candidata se dividem em cinco eixos principais: liberdade e inovação para o empreendedor; infraestrutura; mais educação e saúde; trabalhar com um Estado mais barato e mais eficiente e, por último, jovens líderes para o futuro.
Para a melhoria das áreas de educação e saúde, a candidata a deputada estadual acredita que se pode avançar nas parcerias público-privadas (PPPs), ao incentivar o grande empresariado a fazer doações, com benefícios fiscais e terceirizar o atendimento. “Se o Estado não dá conta, podemos dar ao setor privado, que ele vai dar melhores serviços”, opina.
Faynara avalia que, para trabalhar em prol do ponta-grossense, hoje, a prioridade seria articular, junto ao governo do Estado, a volta do atendimento no Hospital Municipal. “O principal eixo seria trabalhar, junto ao governo do Estado, para reativarmos o nosso Hospital Municipal, que é competência do Estado, para vermos, de fato, o que está faltando no Hospital Municipal, para ele voltar a funcionar e para agilizar as obras. Quem sabe, abri-lo mantendo a obra e o funcionamento”, diz.
Comissão de Desburocratização
No que diz respeito à liberdade e inovação para o empreendedor, Faynara acredita que “o Estado deve ser tirado do cangote” para a economia avançar. Segundo ela, a Lei de Liberdade Econômica, que estabelece garantias de livre mercado e dispõe sobre a atuação do Estado como agente normativo e regulador, a fim de reduzir a burocracia nas atividades econômicas, deve ser trazida para o âmbito dos municípios e nos Estados. “Pretendo abrir, dentro da Assembleia, a Comissão de Desburocratização, porque existe um monte de leis inúteis na Assembleia, que estão atrapalhando a vida desse cidadão. Olhar, de fato, quais são as leis que estão atrapalhando”, diz.
A candidata também aponta para a Lei Complementar 182/2021, o marco legal das startups e do empreendedorismo inovador. “São as chamadas empresas de inovação, muitas vezes, lideradas por jovens”, completa.
“Há uma pesquisa que diz que 70% das pessoas gostaria de ter seu próprio negócio. Vimos isso durante a pandemia, em que as pessoas perderam o emprego e tiveram que se virar, só que elas não têm liberdade. Falo isso com propriedade, porque quando meu pai vendia salgado no Calçadão, não existia ali uma liberação por conta da Prefeitura e, muitas vezes, ele e outros vereadores foram enxotados de lá por não ter essa liberdade”, comenta. À época, a solução foi os vendedores ambulantes se articularem e buscarem a Prefeitura para formalizar a situação e eles passaram a vender os salgados em carrinhos fornecidos e com a logomarca do município.
‘Fazer mais com menos’
“Hoje, um deputado ganha verba para apartamento, carro oficial e as verbas de gabinete. Só de verba de gabinete, esse valor chega a R$ 150 mil, fora os cargos. Você não precisa de 20 assessores para desenvolver um trabalho. Você precisa ter pessoas técnicas, qualificadas para trabalhar”, afirma. Faynara estabelece como prioridade a realização de um processo seletivo para a contratação de equipe, para não haver distribuição de cargos e apadrinhamento político.
A candidata alega que também pretende abrir mão de verba de apartamento, afinal, “Ponta Grossa é ao lado de Curitiba, não preciso morar lá, consigo ir diariamente” e abrir mão de carro com motorista, que costuma ser oferecido aos parlamentares.
Cultura e educação
Na área da cultura, ela também propõe o incremento de PPPs, com a oferta de incentivos fiscais a empresários que doem parte de seus impostos à iniciativas culturais que sejam direcionados à juventude, em projetos de música e dança, por exemplo. Faynara afirma, ainda, estar aberta a sugestões do setor cultural.
Faynara reconhece uma melhoria no ensino da rede municipal. Porém, o ensino fundamental II e o ensino médio e técnico, que são atribuições do Estado, precisam de melhorias. “No começo do ano, tive a oportunidade de participar de uma reunião com mães de um colégio estadual e elas estavam justamente solicitando maior amplitude do ensino técnico aqui na região. O ensino técnico precisa ser priorizado. Em países desenvolvidos, o número de alunos que recebem ensino técnico chega a uma média de 50% a 70%. No Brasil, somente 9% dos alunos recebem ensino técnico”, pontua.
“Priorizamos muito a universidade pública e eu respeito, com certeza, porque eu mesma vim de universidade pública. Mas precisamos falar do primeiro emprego para esse jovem, para que ele saia qualificado do ensino médio. Não somente como técnico, mas com a educação. Hoje, um adolescente que sai do ensino privado chega muito melhor preparado na universidade e o jovem do ensino médio [público] não chega com esse preparo. Para ele, a universidade fica muito mais difícil”, compara.
‘Independente’
Apesar de ser do mesmo partido da prefeita Elizabeth Schmidt e do governador Ratinho Júnior, Faynara defende que sua candidatura é “independente, sem apoios”.
Segurança Pública
Faynara afirma que teve oportunidade de entrevistar o delegado de Polícia Civil de Guaratuba, em seu canal no YouTube, e conversar sobre os problemas de segurança pública. “Um deles é que o modelo de segurança no Brasil e nos estados não é pensado realmente para nossos problemas e foi muito inspirado em outros países. Isso é um erro, porque precisamos ver nossa realidade e quais são os nosso problemas, de fato, e trabalhar para solucioná-los”, acrescenta.
Um desses problemas, na visão da candidata, é a falta de valorização do policial militar, que está na ponta do atendimento ao cidadão, prestando a segurança pública, além de investir em infraestrutura para a ação policial.
Confira a entrevista de Faynara Merege na íntegra: