Sábado, 14 de Dezembro de 2024

“Não sou só renovação; sou a revolução que a política precisa”, dispara Amanda Costa, candidata a deputada estadual

2022-09-12 às 11:39

Iniciante na política, a candidata a deputada estadual Amanda Costa (PSD), natural de Palmeira, ficou conhecida em Ponta Grossa pelo seu trabalho na Secretaria Municipal de Assistência Social. Em entrevista ao programa Manhã Total, apresentado por João Barbiero, na Rádio Lagoa Dourada FM (105,9 para Ponta Grossa e região e 90,9 para Telêmaco Borba), nesta segunda (12), a candidata falou sobre sua decisão em disputar uma vaga na Assembleia Legislativa e comentou alguns aspectos de sua campanha.

“Não sou só renovação; sou a revolução que a política precisa”, dispara a candidata. Ela acrescenta que mais do que uma nova postulante, mas alguém que se posiciona, que tem propósito e que acredita na força do povo, mas que não vai oferecer combustível e churrasco para garantir votos. “A população reclama que a política está um caos, mas a política é um reflexo da população. Simples”, pondera.

A campanha de Amanda adota uma simbologia, que ela pretende lançar como estampa de camiseta, de um cardume de peixes pequenos formando um peixe grande, que são capazes de comer um tubarão. “Essa imagem reflete o poder do povo”, explica. Na visão dela, se o eleitor decidir não votar mais em candidato que se apoia no Fundo Partidário, no futuro, não haverá mais candidato que use esse recurso.

Amanda enfatiza que é uma “candidata para enfrentar uma eleição e não para cumprimento de cota”. Ela afirma considerar injusto ter que existir uma cota para assegurar espaço para as mulheres nas candidaturas a cargos políticos. “Estou enfrentando uma eleição ciente de todos os percalços que temos no meio do caminho, ainda mais se lançando direto como candidata a deputada”, complementa.

A estreante diz que nunca tinha pensado, antes, em concorrer a cargo político, nem mesmo a vereadora, apesar de ter recebido convites. “As pessoas que me conhecem há mais tempo, conheciam meu trabalho, sempre falavam que eu tinha que sair [candidata], que eu tinha jeito. Mas eu nunca me interessei, confesso, porque, para mim, sempre interessava o trabalho”, admite. Para Amanda, a política é “um lugar de transformar, de fato, realidades”.

Projetos

A candidata planeja levar à Assembleia Legislativa a proposição de mais política públicas voltadas à segurança da mulher. “Sei que um deputado não tem poder de criar política pública, mas com a articulação e representatividade ao lado do governo do Estado, conseguimos. Há muitas leis midiáticas, que só colocam um papel debaixo do braço das mulheres e elas continuam morrendo, porque não têm casa, não têm capacitação profissional, porque não têm acolhimento digno, não têm como dar estrutura para dependentes, não têm, sequer, um acompanhamento psicológico”, denuncia.

Amanda defende que não é uma luta apenas para defender mulheres, mas para defender vidas. “Desde a criação do feminicídio, o número de mortes esfrega na nossa cara que não existem políticas públicas que salvem vidas de mulheres e temos um problema real, que é a violência doméstica e a violência intrafamiliar, que é uma das minhas maiores lutas”, destaca.

Na área de inclusão social, Amanda pretende criar mecanismos que ajudem a reduzir a burocracia para a concessão de benefícios já assegurados por lei. “Pessoas com deficiência precisam, praticamente, levar um médico especialista para conseguir um benefício de transporte ou de acesso a qualquer prioridade em filas”, exemplifica.

Ela também acredita que se deve incentivar o empreendedorismo e dar maior liberdade para as pessoas criarem seus negócios.

Trabalho no setor público

Amanda iniciou sua carreira junto ao setor público quando entrou para trabalhar na área jurídica da TV Educativa e, dois meses depois, já estava na reportagem. Depois, migrou para a Secretaria de Assistência Social, onde permaneceu desde 2016, na coordenação do programa Selo Social, que ela reformulou em 2019. “Hoje, graças às reformulações que apresentei, é o maior programa de reconhecimento social por parte das empresas do Paraná”, aponta.

Neste ano, pediu a exoneração do cargo de diretora de programas e projetos, onde desenvolvia trabalhos de políticas públicas de assistência social e políticas públicas sociais. Segundo a postulante, a candidatura tem o propósito de dar continuidade ao trabalho que ela desenvolvia na área social. “Chegou um momento na gestão municipal que eu não tive mais abertura para continuar fazendo meu trabalho, já não tinha mais para onde crescer e eu não nasci para ficar acomodada no mesmo lugar”, justifica.

Antes da campanha eleitoral, sua última experiência foi como assessora parlamentar na Assembleia Legislativa, onde se aproximou da atuação dos deputados. Ela estava lotada no gabinete do deputado guarapuavano Rodrigo Estacho, que agora concorre a federal, também pelo PSD.

Ela atuou na Secretaria Municipal de Assistência Social nos dois mandatos do ex-prefeito Marcelo Rangel, subordinada à ex-secretária Simone Kaminski de Oliveira. “Saí da Assistência Social, pedi minha exoneração porque sabia que ela ia sair também. Para mim, o trabalho sempre foi compromisso com ela. A partir do momento que ela saiu, concluí que não tinha mais espaço para mim”, comenta. A partir daí, resolveu “cortar o cordão umbilical e caminhar pelas próprias pernas”.

Desde então, se dedicou a seu trabalho voluntário em ações de representatividade da mulher. Amanda possui duas graduações: é professora e especialista em direito penal. Na especialização, estudou o tipo penal feminicídio e, por isso, foi sempre muito cobrada de buscar, na política, essa representatividade. “Quando o Rodrigo [Estacho] saiu para federal, eu falei: quem vai ficar no teu lugar, se tem tanto projeto? Como vamos fazer?”, conta. Foi aí que surgiu o convite e o estímulo para que ela concorresse ao pleito.

“Fiz a faculdade para trabalhar na área de segurança pública, mas me apaixonei pela área social, por servir ao público, principalmente a esses que são mais vulneráveis. Desde então, dedico meu tempo e meu esforço, estudos e tudo o que sou para essa transformação”, diz.

Nesse período na Secretaria de Assistência Social, Amanda alega ter desenvolvido 260 projetos. Um deles era o “PG sem fome”, que atendeu a famílias em situação de vulnerabilidade alimentar durante a pandemia. “Arrecadamos 187 toneladas de alimento na pandemia, através de empresas, sem nenhuma utilização de recurso público. Tenho um Instagram que movimenta bastante, então acabava trocando a doação por divulgação dessa área social de empresas. Conseguimos abrir contato com Ambev e supermercados de grandes redes, como Tozetto, Muffato e Condor”, conta.

O programa atendeu a famílias de profissionais autônomos que acabaram sem serviço durante o lockdown, como os que operam o transporte particular ou quem presta serviços no ramo do entretenimento noturno. “A verba para cesta básica é um benefício eventual, não podemos entregar uma cesta para uma pessoa que, por exemplo, faz o transporte escolar, que tem uma renda. Não poderíamos utilizar essa verba pública, mas precisávamos de um jeito para ter esse alimento, foi quando decidimos trabalhar com as empresas e arrecadamos 187 toneladas. Ponta Grossa ultrapassou Curitiba e, durante a pandemia, foi a cidade que mais arrecadou alimentos, graças ao nosso trabalho”, pontua.

Um dos motivos que a levou a se candidatar foi concluir que falta sensibilidade na política. “Nunca quis ser candidata, porque conhecemos só o lado ruim, dos ataques, de quem quer usar o poder para si e esquece de servir aos outros. Pessoas que ‘vendem a mãe’, se for preciso, para estar lá dentro e esse nunca foi um jogo que eu quis jogar”, afirma.

Ela admite que fez campanha e pediu votos para o atual governo municipal, uma vez que ela fazia parte da administração, mas opina que nem todo governo consegue ser 100%. Ela reafirma que pediu sua exoneração “por estar em desacordo com algumas questões” e que se dispôs a se candidatar justamente para reverter os problemas da cidade, como no setor da Saúde, que tem sido alvo de muitas críticas.

“Temos apenas uma representante mulher na Assembleia, que felizmente ou infelizmente é de oposição, não tem diálogo. Político não é pago para ficar reclamando, mas para fiscalizar e solucionar”, lamenta. Amanda afirma ter a impressão de que, para a oposição, quanto pior for a situação do governo, melhor. “Mas quem sofre são as pessoas. Oposição é mais do que gritar”, emenda.

Menos privilégios

Amanda critica deputados que se vangloriam da pauta de “menos privilégios”, por abrirem mão de benefícios que vão além de seus subsídios, como auxílios para transporte e moradia. “Vejo candidatos ganhando palco com o discurso de ‘menos privilégios’. Isso já deveria ser inerente da conduta. Por exemplo, o médico não tem um protocolo de profissão? Tem que ter uma postura. O político tem que saber que não está lá para ganhar dinheiro ou para ter despesa paga com dinheiro público. Quando conheci o Rodrigo Estacho, vi ele devolver R$ 1 milhão de verba parlamentar e ele é o único que nunca faltou a uma sessão plenária”, frisa.

Ela reconhece que está ao lado de “peixes grandes”. “Nunca quis entrar [na política], por saber que não era fácil e hoje estou, pelo Paraná, no maior partido, com os mais votados e os mais ricos. Logo, de primeira, numa candidatura para deputada estadual, tenho que me apresentar e mostrar tudo que já fiz”, diz. Amanda ressalta que o site montado para a campanha ajuda a evidenciar todo esse trabalho anterior para a parte da população que ainda não a conhece.

A candidata defende ter um aliado na campanha que nenhum outro tem: Deus. “Tenho muita fé, ele conhece meu coração e sabe meu propósito. Nessa eleição, estou experimentando a verdadeira liberdade, de realmente entregar e confiar em Deus. É a única arma que eu tenho, senão eu desistiria”, argumenta.

Confira na íntegra a entrevista de Amanda Costa: